“Nossa Senhora estando presente entre os Apóstolos, após a Ascensão de seu Divino Filho, é impossível que estes não A tenham consultado acerca de seus trabalhos, seus ensinamentos e escritos. Antes, é de se supor que a Ela frequentemente recorressem.
“Essas relações de Maria com a pregação da Igreja nascente são expressas em bonitos termos por um piedoso autor: Nossa Senhora foi o oráculo vivo que São Pedro consultou nas suas principais dificuldades; a estrela que São Paulo não cessou de olhar para se dirigir em suas numerosas e perigosas navegações».
“Nada, portanto, se fez senão de acordo com o conselho e a orientação da Santíssima Virgem. Assim se nos depara um lindo quadro: a Igreja nos seus albores, com todos aqueles lances maravilhosos de sua incipiente História, e toda ela inspirada e dirigida por Nossa Senhora.
“Verdade é que a São Pedro, como Papa, cabia o poder sobre toda a Igreja. Contudo, é também verdade que o Príncipe dos Apóstolos estava completamente submisso à Mãe de Deus, a qual, por meio dele, dirigia os demais.
“Considerar Nossa Senhora como inspiradora do espírito com que escreveram os Evangelistas, A que deu os dados e as informações de que eles se utilizaram, é algo que nos sugere cenas de rara beleza.
“Por exemplo, Maria Santíssima tendo a seu lado São Paulo, São Pedro ou São João Evangelista, e Ela que conta, explica, interpreta e os ajuda a compreender os fatos da vida de Nosso Senhor realçando este ou aquele episódio, e sendo, deste modo, o aroma do bom espírito perfumando a Igreja inteira.
“É o que comenta, em seguida, o mesmo autor: ‘Diz o Cardeal Hugo que Maria fez de seu coração o tesouro das palavras e das ações de seu Filho, afim de os comunicar em seguida aos escritores sagrados. Nenhuma criatura, diz Santo Agostinho, jamais possuiu um conhecimento das coisas divinas e do que se relaciona com a salvação, igual à Virgem Bendita, Ela mereceu ser a mestra dos Apóstolos e é Ela que ensinou aos evangelistas os mistérios da vida de Jesus».
“Assim nos aparece o esplendor da alma santíssima de Nossa Senhora, sua ortodoxia, sua prudência, sua sabedoria e sua santidade, que nos levam a amá-La ainda mais.”
CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferências em 25/6/1966, 11/7/1967. (Arquivo pessoal).