terça-feira, 29 de abril de 2014

Decisão e fortaleza dos aflitos

Fonte de consolo e de fortaleza, Nossa Senhora o é, sobretudo, para os que pugnam nas fileiras da Igreja Militante. E o que nos ensina o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“A condição do católico, nesta terra, é «suspirar gemer e chorar», como dizemos na Salve Regina. E um de nossos gemidos é a luta contra os adversários da Santa Igreja e os inimigos — espirituais e humanos — de nossa salvação. É o gemido por ter de tomar a iniciativa de combatê-los, de não ceder nunca, de estar continuamente batalhando, sem desfalecimento. Por isso devemos recorrer sempre a Nossa Senhora, Mãe de Misericórdia e Consoladora dos Aflitos.
“Consolar não é apenas enxugar o pranto de quem chora. É muito mais do que isso. É também dar força, ânimo e decisão. Pode-se, portanto, dizer que Nossa Senhora é a Decisão dos Aflitos.
“Em meio às suas aflições, o homem facilmente se acabrunha e se entristece de modo excessivo, perde a coragem e se deixa dominar pelo desânimo. Nossa Senhora pode, magnificamente, atenuar-lhe os sofrimentos. Contudo, o maior benefício que Ela concede ao homem aflito, não é o de suavizar as dores que ele tem de enfrentar, mas o de lhe dar forças para suportá-las.
“Nada, portanto, de uma piedade unicamente lacrimosa e passiva. Se estamos gemendo e chorando, devemos imitar a Nosso Senhor no Horto das Oliveiras: peçamos forças para arrostar o perigo, o risco e a luta que estão diante de nós. E Nossa Senhora então nos consolará, dizendo-nos:

«Filho, ânimo! Eu te concedo forças para lutar No Céu serão pagos os teus sofrimentos, e serão recompensadas em glória todas as cruzes que tiveres de carregar sobre os ombros. Coragem, e anda para frente!»

sábado, 26 de abril de 2014

Nossa Senhora do bom Conselho de Genazzano

Os mais terríveis sofrimentos de espírito ali são infalivelmente reconfortados
Ora, um desses locais em que com abundância jorra o sobrenatural, é a capela de Mater Boni Consilli de Genazzano. Não há quem reze diante do maravilhoso afresco – esse milagre permanente – e não saia com a alma profundamente tocada e, de alguma maneira, atendido. Escreve Mons. Dillon a propósito.
A seus pés, os sofrimentos de espírito, dos mais terríveis que possam afligir um homem, são in-falivelmente reconfortados. Os perturbados encontram a tranquilidade; os que estão na angústia, um bálsamo benfazejo; os aflitos, a consolação. Aí, a alma é penetrada de uma paz calma e santa que parece um antegozo do repouso desfrutado pelos bem-aventurados no Paraíso. Esta paz deve vir ao pecador por Maria ou absolutamente não lhe virá. Seria impossível contar o número daqueles que a reencontram em seu Santuário de Genazzano. Existe aí uma missão não interrompida cujo único pregador é a própria Virgem Mãe do Bom Conselho; mas um pregador tão poderoso que os milagres de conversão nesse lugar são continuamente operados por palavras secretas e inefáveis que de sua Santa Imagem Ela diz à alma que A invoca.
Para uma exata verificação do caudal de milagres e ajudas sobrenaturais que se deram até hoje nesse Santuário, teria sido preciso um departamento especializado que, sem indiscrição, conseguisse depoimentos dos devotos que se aproximam da Santa Imagem. Mesmo assim, considerando o atendimento, tão pródigo e permanente, às preces de todos e de cada um dos fiéis, não é certo que hou-vesse mãos suficientes para registrar as graças e os favores concedidos. Sobre este particular, assim se expressa Mons. Dillon:
Nas coisas de pouca importância bem como nas maiores, todos estão certos de experimentar nesse Santuário de Maria esta verdadeira compaixão, este sentimento espontâneo e terno de uma Mãe cheia de bondade e de solicitude, de tal modo interessada pelas nossas menores necessidades que está pronta, sempre pronta, a aliviar a menor dor, empregando a qualquer hora todo o seu poder junto ao Coração de Deus. Ela está igualmente disposta agora, como por ocasião das bodas de Caná, a dizer a Jesus: “Eles não têm mais vinho”, e sempre tão certa de obter, hoje como outrora, tudo o que pede. Assim, aconteceu que entre as multidões que se comprimiam na pequena capela de São Brás [onde está o afresco], muitos imploravam desde o começo milagres visíveis. E milagres visíveis e impressionantes lhes eram concedidos com uma abundância jamais excedida nos anais de qualquer Santuário, nem antes nem depois” de ter chegado a Santa Imagem a Genazzano.1

1DILLON, Mons. George F., La Vierge Mère du Bon Consil, Desclée de Brouwer, Bruges, 1885, p. 133-134

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Inesgotável tesouro de consolação

Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio da Imaculada
Sois o consolo dos tristes
Ainda sobre essa maternal prerrogativa de Nossa Senhora, lemos em Santo Afonso de Ligório: “Assim fala São Germano à Mãe de Deus: Ó Maria, quem, depois de vosso Divino Filho, se interessa por nossa felicidade mais do que Vós? Quem nos consola em nossas aflições, como Vós?
“Não, responde Santo Antonino, nenhum santo há que tome parte em nossas misérias, mais do que esta compassiva Rainha. E como as enfermidades de alma são as que mais nos afligem, o Bem-aventurado Henrique Suso dá a Maria o título de fiel Consoladora dos pecadores. Basta que Lhe manifestemos as chagas de nossa alma, e logo Ela nos ajuda com seus rogos e nos consola” 1
E o Pe. Berlioux, por seu lado, comenta: “Para podermos aliviar o próximo, cumpre que tenhamos passado, nós mesmos, por provações.
A esse título, que consolações não estamos no direito de esperar de Maria, que foi a mais aflita de todas as mulheres, e que a Igreja chama a Consoladora dos infelizes! [...]
“Nosso Senhor Jesus Cristo dizia: «Vinde a Mim, vós todos que andais cansados e acabrunhados, e Eu vos aliviarei». Sua terna Mãe possui a mesma linguagem. Ademais, podemos afirmar que o próprio Jesus Cristo não deseja aliviar os aflitos senão por meio de Maria.
“Inesgotável tesouro de consolação, não existe mal que Ela não saiba suavizar ou curar, nem miséria de que Ela não se compadeça, nem lágrimas que Ela não estanque, nem almas aflitas no fundo das quais Ela não faça brilhar um raio de esperança. «Ela é — diz São João Damasceno — este hospital público que Deus abriu a todos os gêneros de sofrimentos e de misérias que nos acabrunham; no qual, se não se é sempre curado, encontra-se ao menos algum alívio para seus males».

“E qual é aquele dentre nós que, no momento da aflição, não experimentou cem vezes o misterioso efeito da proteção de Maria? Por quantos meios sua materna solicitude não nos veio estender a mão e nos sustentar em nosso abatimento? Mal terminamos a oração que Lhe dirigimos, e logo A sentimos perto de nós, boa, afetuosa, sorridente. E quanto maior é o nosso mal, tanto mais Ela nos faz bem!” 2

1) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Oeuvres Complètes. 10. ed. Tournai: Casterman, 1880. Vol. VIII. p. 198.
2) BERLIOUX. Mois de Marie. 114. ed. Arras: Brunet, 1875. p. 154 158.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Lágrimas de Maria

Diz o Eclesiástico (7, 29): “Não esqueças os gemidos de tua Mãe”. Cristão, filho da Cruz, estas palavras destinam-se a ti: para desviar tua imaginação das perniciosas delícias do mundo, quando este te atrair com suas volúpias, lembra-te das lágrimas de Maria e não olvides jamais os gemidos desta Mãe tão caridosa.

(Jacques Bénigne Bossuet)

sábado, 12 de abril de 2014

Nossa Senhora das Dores

Coração inundado de luz
No alto do Calvário, o horror e o abandono se instalavam junto à Cruz do Redentor. Num dilúvio de dores, Jesus havia exclamado o seu “Consummatum est!”. O bom ladrão se preparava para deixar a Terra. O centurião que ferira o lado de Nosso Senhor, golpeava-se no peito. Algumas pessoas recolhidas a um canto do Gólgota choravam.
Porém, a alegria não desertara de uma alma! A alma mais inconforme com todo aquele horrível espetáculo de dor, a alma que mais repudiava tanta injustiça, que ao mal mais odiava, a alma que mais amava o Salvador morto, era também a que mais esperança e certeza possuía.
Stabat Mater dolorosa, juxta crucem lacrimosa”. Junto à Cruz, dolorosa, Maria mantinha-Se erguida, em toda a força de seu corpo e de sua alma, com os olhos inundados de lágrimas, mas o coração inundado de luz. Naquele instante tinha a certeza de que, após a grande tragédia, depois do abandono geral, raiaria a aurora da Ressurreição. Surgiria a aurora da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, nimbada de glória a partir de Pentecostes. E de cruzes em luzes, de luzes em cruzes, o mundo chegaria até o momento bendito que em Fátima Ela prenunciou: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!”

Plinio Corrêa de Oliveira

domingo, 6 de abril de 2014

Stabat Mater

No Calvário, Nossa Senhora viu o céu encher-se de trevas, a terra tremer e o Templo sacudir-se. Ela, entretanto, manteve-se de pé!
Só A vemos sentada quando colocaram o Divino Cadáver sobre seus joelhos,para ungi-Lo com os aromas, conforme o costume judeu, antes de O depositarem na sepultura. Assim mesmo, Ela é representada com o busto ereto.
Daí vem a poesia famosa “Stabat Mater dolorosa, juxta Crucem lacrimosa” — Junto à Cruz, chorando, estava a Mãe cheia de dores. Mas stabat, em latim, não quer dizer simplesmente “estava”; significa “estava de pé”.
Assim deve ser a alma do verdadeiro católico!

Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência 30/6/1988

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Maria, consolo dos tristes

Comentários ao pequeno ofício da Imaculada
Consoladora dos indigentes de corpo e de alma
“O Espirito Santo é chamado Consolador, sobretudo porque Ele faz derramar lágrimas de contrição, que lavam nossos pecados e nos devolvem a alegria da reconciliação com Deus. Pela mesma razão, a Santa Virgem é consoladora dos aflitos, fazendo com que estes chorem santamente suas faltas. Não somente Ela consola os pobres pelo exemplo de sua pobreza e por seu socorro, mas é particularmente atenta à nossa pobreza oculta: Ela compreende a secreta penúria de nosso coração e nesta nos assiste. Ela tem conhecimento de todas as nossas necessidades, e proporciona o alimento do corpo e da alma aos indigentes que o imploram.
Consoladora dos agonizantes e das almas dos fiéis defuntos
“Ela consola os cristãos durante as perseguições, liberta os possessos e as almas tentadas, salva da angústia os náufragos; Ela assiste e fortifica os agonizantes, recordando-lhes os méritos infinitos de seu Filho. Ela recebe também as almas após a morte. São João Damasceno diz em seu sermão sobre a Assunção: «Não é a morte, ó Maria, que Vos tomou bem-aventurada, sois Vós que a embelezastes e a tomastes graciosa, despojando-a do que ela tinha de lúgubre».
“Ela suaviza os rigores do Purgatório, e obtém para aqueles que aí sofrem, as orações dos fiéis, aos quais Ela inspira o fazerem celebrar missas pelos defuntos” 1

19) GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. La Mère du Sauveur et notre vie intérieure. Paris: Du Cerf, 1948. P. 273-275.