Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio da Imaculada
Sois a palma da paciência
Símbolo dos triunfos da Santíssima Virgem
“A comparação de Maria com a
palmeira vem autorizada pelo uso litúrgico: «Lancei ao alto os meus ramos como
a palmeira em Cades» (Ecli., XXIV, 18). Neste texto do Eclesiástico, a
Sabedoria, tecendo seus próprios elogios, comparando-se às mais notáveis
variedades da flora palestinense, tem em vista inspirar aos seus admiradores os
sentimentos de sua grandeza e majestosa beleza. A palma é para os cristãos um
símbolo familiar de triunfo. Ora, a Virgem é a grande vitoriosa: do mundo, por
sua pobreza; do demônio, por sua humildade; da carne, por sua virgindade.
“Pelejando, pois,
invisivelmente todos os dias em nosso favor,quantos louros não nos consegue
também a nós?” 1
Também para São João Eudes é
Nossa Senhora simbolizada pela a1ma, “a fim de designar sua força e sua
paciência nas tribulações, e todas as assinaladas vitórias que Ela conquistou
contra os inimigos de nossa salvação” 2
A heróica paciência de Nossa Senhora
Vejamos agora o que nos dizem
os autores eclesiásticos a respeito da paciência da Santíssima Virgem. Com
expressiva unção, escreve o Pe. Rolland: “Existe uma virtude muito pouco
compreendida: é paciência, que consiste em suportar as aflições sem se deixar
abater por uma exagerada tristeza, sem murmurar, com uma alma submissa e
resignada, por motivo sobrenatural (por exemplo, para viver nesse mundo seu
Purgatório, ou com o intuito de ajuntar méritos para o Céu). [...]
“Existe uma virtude muito
preciosa, muito salutar e muito fecunda: paciência. Ela faz o encanto da vida
cristã; ela introduz a calma e a tranquilidade no coração; ela difunde em torno
de si uma atmosfera de paz e de felicidade; ela adorna a alma de excelentes e
variados méritos; ela é o Princípio de admiráveis recompensas para a
eternidade.
“A paciência da Santíssima
Virgem, como todas as suas virtudes, foi heróica. É um perfeito modelo que se
oferece à nossa imitação. […]
“Maria devia sofrer, porque
Deus quis fazer d’Ela a obra-prima da santidade. O elemento indispensável
desta, sobre a Terra, é a dor. Assim como o mármore deve ser duramente golpeado
pelo cinzel, para se tornar a magnífica estátua cujo tipo ideal o artista traz
em sua alma; assim como o diamante tem necessidade de ser trabalhado, usado e
polido para adquirir seu brilho e espargir suas cintilações; assim a dor fere a
alma e a trabalha, para dela fazer jorrar os esplendores da santidade. A dor
põe em movimento as mais vitais energias que estão no fundo dos corações; a dor
eleva, enobrece, embeleza, ela incita aos mais belos devotamentos. Ela alimenta
a caridade, acrescenta à virtude uma graça, um encanto, um fulgor que esta não
teria sem a tribulação.
“Todos os Santos sofreram: é a
lei constante, sem exceção. Maria, nos desígnios de Deus, devendo ser a Rainha
de todos os Santos, houve de ser, portanto, mais provada que todos eles. […]
1 Do
PEQUENO OFÍCIO DA IMACULADA CONCEIÇÃO em latim e português o comentários. São Paulo:
Paulinas, 1956. p. 126-127.
2EUDES, Juan. La Infancia Admirable
de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan les, 1957. p. 123.