Nossa
Senhora das Dores, Vós sofrestes por mim. Que o mérito de vossas lágrimas
afaste tanta dor que ameaça cair, a justo e a lindo título, sobre mim, porque não
me sinto capaz de carregá-la. Sei que em algo a afastareis, mas compreendo que
vossa oração pode encontrar a barreira que vosso Divino Filho encontrou, quando
Ele disse: “Si fieri potest…” Então,
se em algo não pude ser; dai-me forças! Tanto quanto possível, me refugio da
merecida cólera de deus junto aos vossos braços de Mãe. Contudo, se esses
braços tiverem que me entregar; e eu sofrer esse holocausto por outros ou por
mim, adoro essa cólera! Dai-me forças, e a suportarei.
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Archives for agosto 2013
sábado, 31 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
Por que diferentes invocações à Nossa Senhora?
Em Nossa Senhora se encontra, outrossim, a mesma unidade na
variedade dos dons de Deus. Isto se nota bem no fato de que, sendo una, Ela se
apresenta a nós na diversidade admirável das suas invocações. Ela é a Nossa
Senhora da Paz, é a Nossa Senhora dos Prazeres, a Saúde dos enfermos, mas é
também Nossa Senhora das Dores, Ela é Nossa Senhora da Boa Morte. N'Ela todos
os contrastes se harmonizam. Ela é ao mesmo tempo Auxilio dos cristãos, mas
Refúgio dos pecadores; Ela é glorificada pela sua humildade incomparável, mas
todos os videntes que tiveram a felicidade de A contemplar nas aparições
comentam a sua soberana majestade. Ela é Nossa Senhora que se apresenta a nós
"ut castrorun acies ordinata" ("como um exército em ordem de
batalha"), mas, ao mesmo tempo, Ela é "Mater clementiae et
misericordiae" (Mãe de clemência e de misericórdia).
Nossa Senhora é bem aquele mar, aquele céu de virtudes,
diante do qual o homem deve ficar estarrecido e enlevado, e, com todas as suas
forças, deve procurar amar e imitar.
Plinio Correa de Oliveira
sábado, 24 de agosto de 2013
Maria: Velo de Gedeão
Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Velo
que recebeu o Divino Orvalho
Também sobre essa maravilhosa figura de Nossa Senhora
escreveu Nicolas:
“Maria é o branco velo de Gedeão, que recebe o rocio
do céu, enquanto nenhuma parte da terra o desfruta todavia. Orvalho de que dizia
o Profeta: «Céus, façam chover o Justo», e do qual cantava David:
«Descerá como o rocio sobre a lã dos rebanhos», sem
ruído nem derrame, recolhido e sustentado inteiramente pela doce consistência
deste velo
[Maria], cuja flexibilidade não lhe opõe resistência alguma, sem sofrer por
isto a menor perda em sua casta integridade” 32
Tocante
figura da humanidade de Nossa Senhora
Resumindo a opinião dos autores eclesiásticos a
respeito do Velo de Gedeão, ensina Le Mulier:
“Os Santos Padres consideram este velo como uma das
mais tocantes figuras da humanidade da Mãe de Deus, verdadeira imagem de doçura
e de mansidão, sagrado despojo de pureza e de inocência, destinado a ser tinto
em escarlate, e servir na confecção do manto real do Salvador.
“Com efeito, não é deste velo bendito que foram
tecidas as vestimentas de salvação para todas as nações da Terra? Não é dele
que saiu o Cordeiro sem mancha, o qual, revestido desta lã, isto é, da carne de
sua Mãe, veio pensar e curar as chagas do mundo?
“Embora o tosão cinja o corpo, não se ressente ele nem
das paixões nem das enfermidades da carne; é assim que a Santíssima Virgem,
posto que vivendo num corpo mortal e corruptível, foi isenta de todos os
vícios, de todas as imperfeições inerentes à humanidade.
“Foram sua candura, sua pureza, que fizeram descer o
celeste orvalho no seio de Maria, como sobre um velo branco e limpo. Foi
atraída por Maria que a Divindade habitou inteira em nossa carne, a fim de que,
estando um dia pregada sobre o Madeiro, irrigasse Ela toda a terra com a
desejada chuva da salvação.
“O velo de Gedeão foi, inicialmente, inundado do rocio
celeste, permanecendo seca toda a terra. Assim a Virgem foi a primeira repleta
da graça do Senhor, da qual era a única digna e a única capaz de trazê-la até
nós.
“E o velo, tendo sido largamente molhado, no dia
seguinte toda a terra foi inundada deste celestial rocio. E assim que Maria,
tendo sido a primeira em receber a plenitude da Divindade, pelo fato mesmo de ser
Ela a única digna de tal [esplendor], a chuva, antes caída sobre o tosão,
precipitou-se depois em torrentes sobre o mundo, pela palavra dos Apóstolos e
dos pregadores, como a água dos telhados pelas calhas, num dia de tempestade.
Sinal
da Redenção do gênero humano
“Gedeão toma o velo encharcado pelo rocio, espreme-o e
enche de água um grande copo, para nos dar a entender que, assim como Deus, em
sua sabedoria, encheu esse tosão de orvalho antes de deixar cair uma só gota
deste sobre a terra, querendo resgatar o mundo, encerrou Ele, primeiramente, no
seio de Maria, todo o preço de nossa Redenção.
“Enfim, do mesmo modo que esse sinal foi dado a Gedeão
como indício de que Deus queria livrar seu povo das mãos dos madianitas; assim
a descida do Verbo Divino no seio da Virgem foi um testemunho certo de que Deus
desejava libertar o mundo da tirania de Satanás”
“Oh! homem — exclama o Pe. Jourdain — admira os
desígnios de Deus, reconhece as vias de sua sabedoria e de sua misericórdia.
Querendo derramar o orvalho celeste sobre a terra, Ele embebeu antes o velo;
querendo resgatar o gênero humano, o preço deste depositou Ele em Maria.
Elevemos, portanto, nossos olhos e consideremos com quais sentimentos de
devoção Ele deseja que honremos a Maria, pois que Ele A enriqueceu da plenitude
de seus bens. Isto nos significa que toda nossa esperança deve estar n’Ela, e
que é d’Ela, como de uma abundante fonte, que devem transbordar sobre nós as
graças da salvação”
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Nossa Senhora Rainha
"Pode-se dizer que a fé dos católicos na Realeza de
Maria –escreve um conhecido mariólogo– é tão antiga como é antiga a Igreja
Católica" 1. Esta verdade de fé foi
admiravelmente sintetizada na Encíclica Ad
coeli Reginam de Pio XII 2, promulgada por
ocasião da instituição da festa litúrgica de Nossa Senhora Rainha, no encerramento
do Ano Mariano de 1954. "Jesus é Rei
dos séculos eternos por natureza e por conquista; por Ele, com Ele, em
submissão a Ele, Maria é Rainha pela graça, pela parentela divina, por
conquista, por singular eleição. E o seu Reino é tão vasto como o do seu Divino
Filho, uma vez que nada se subtrai ao seu domínio" 3. Nosso Senhor – escreve por sua vez Plínio Corrêa de
Oliveira– quis fazer de Nossa Senhora "um
régio instrumento do seu amor" , havendo pois "um regime verdadeiramente marial no governo
do universo. Assim se vê como Nossa Senhora, ainda quando sumamente unida a
Deus e dependente d'Ele, exerce a sua ação ao longo da História". "
Nossa Senhora é infinitamente inferior a Deus, é evidente, mas Ele quis dar-Lhe esse papel num ato de liberalidade. É Nossa Senhora quem, distribuindo ora mais largamente a graça, ora menos, impedindo ora mais, ora menos a ação do demônio exerce a sua Realeza sobre o curso dos acontecimentos terrenos.
Nossa Senhora é infinitamente inferior a Deus, é evidente, mas Ele quis dar-Lhe esse papel num ato de liberalidade. É Nossa Senhora quem, distribuindo ora mais largamente a graça, ora menos, impedindo ora mais, ora menos a ação do demônio exerce a sua Realeza sobre o curso dos acontecimentos terrenos.
1 P. G. M. ROSCHINI O.S.M., "Maria
Santissima nella storia della salvezza"
2 Pio XII, Encíclica Ad coeli Reginam de
11 de Outubro de 1954, in AAS, vol. 46 (1954), pp. 625-640.
3 Pio XII, Radiomensagem
"Bendito seja o Senhor"
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Maria fons
No hino Flos virginum, Nossa
Senhora é chamada “Maria fons”. Ora, como se deve entender esta invocação? Em
que sentido Ela é fonte?
Nossa Senhora é simbolizada por
uma fonte encontrada por alguém que está vagueando pelo deserto, com sede. Quer
dizer, Ela é a fonte na qual podemos nos dessedentar.
Mas fonte de quê? Ela é a fonte
de todas as graças, pois estas nos vêm de Nosso Senhor Jesus Cristo através
d’Ela.
Plinio Correa de Oliveira - Extraído de conferência de 18/8/1965
domingo, 18 de agosto de 2013
Maria: O velo de Gedeão
Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
O velo de Gedeão
Relata-nos o Livro dos Juízes que os judeus imploraram
socorro a Deus contra seus perseguidores, pois havia sete anos que se encontravam
sob a escravidão dos madianitas.
Enviou então o Senhor um Anjo a Gedeão, “o mais
valente dos homens”, a este confiando a missão de libertar Israel do jugo madianita.
Entretanto, não só por ser ele o último filho, da
última família da tribo de Manassés, como também pelo fato de serem cento e
quarenta mil os guerreiros adversários, Gedeão teve medo de não ser bem-sucedido
na empresa que Deus lhe queria confiar. Sem a forte assistência do Céu,
certamente sucumbiria. Donde ter proposto ele ao Senhor (Juiz. VI, 36-40): “Se
tu salvas Israel por meio da minha mão, como disseste, eu porei na eira este
velo de lã; se o orvalho cair só no velo,
e toda a terra ficar seca, reconhecerei nisso que
salvarás Israel pela minha mão, como prometeste.
“E assim sucedeu. E, levantando-se ainda de noite,
espremeu o velo, e encheu uma concha 28 de orvalho.
“E Gedeão disse de novo a Deus: Não se acenda contra
mim o teu furor, se eu ainda fizer outra prova, pedindo um sinal no velo. Peço que
só o velo esteja seco, e toda a terra molhada de orvalho. E naquela noite o
Senhor fez como (Gedeão) Lhe tinha pedido; e só o velo ficou enxuto, e orvalho
por toda a terra.”
Símbolo
da Imaculada Conceição e da plenitude de graça de Maria Santíssima
Admirável símbolo de Maria Santíssima foi o velo de
Gedeão, miraculosa prova da soberana e irreversível promessa de assistência, da
parte de Deus. Assim como o fizera em relação a este manto de lã, “também em
favor da Santa Ovelha que devia dar à luz o Cordeiro de Deus, dignou-se o
Senhor operar milagres de exceção.
“Somente Ela foi plenamente santificada desde o
primeiro instante de sua concepção. Enquanto as almas são, no começo de sua
existência, totalmente privadas da graça santificante, áridas para o bem, desprovidas
de toda flor, de todo fruto, de toda virtude, Maria é inundada das graças de
Deus, Ela é toda bela diante do Senhor, e possui a plenitude da santidade!
“Só Maria, em meio ao dilúvio de iniquidade que cobre
a Terra e mancha os filhos de Adão, foi totalmente preservada do pecado, e nem
mesmo a sombra da menor falta tocou sua alma! Somente Ela foi o sinal que
anunciava a derrota de nossos inimigos, a libertação do universo! Somente Ela
foi a Mãe da divina graça, que se estendeu sobre o mundo para purificá-lo e o
santificar.
“Portanto, é também com um entusiasmo cheio de
reconhecimento que a Igreja canta, dirigindo-se ao verdadeiro Gedeão, ao vencedor
do demônio, a Nosso Senhor Jesus Cristo: «Quando nascestes inefavelmente da
Virgem, cumpriram-se então as Escrituras: baixastes como a chuva sobre um velo
para salvar o gênero humano. Nós Vos louvamos, ó nosso Deus!»” 29
Com acerto, pois, diz o Prof. Plinio Corrêa de
Oliveira: “No Ofício a Ela consagrado, Nossa Senhora é cognominada velo de
Gedeão. Por que, desde o momento de sua Imaculada Conceição, só Ela continha o orvalho
das bênçãos de Deus, enquanto toda a Terra ao seu redor permanecia seca,
carecendo da graça divina”
Semelhante é este comentário do Fr. Tiago Monsabré, O. P.: “O velo de
Gedeão, ora embebido do orvalho celeste num solo árido, ora intacto sob as
torrentes de chuva que desabam ao redor dele, é Maria inundada pela graça de
Deus, desde o primeiro instante da sua Imaculada Conceição, quando aquela falta
a toda criatura humana; é Maria preservada do pecado, quando este penetra em
toda alma vivente” 31
sexta-feira, 16 de agosto de 2013
Vara florida de Aarão
Vara
que deu testemunho em favor do Divino Sacerdote
“A vara do irmão de Moisés era um ramo de amendoeira,
como o fizeram conhecer a flor e o fruto, para significar que, assim como a amendoeira
anuncia a vinda do sol e testemunha sua presença, dado ser ela a primeira de
todas que se cobre de flores na primavera e a última que perde sua folhagem, assim
a vinda de Maria foi o anúncio do advento de seu Filho, e a presença d’Ela é um
seguro penhor da presença do Filho.
“A vara de Aarão se tornou miraculosamente fértil para
dar testemunho em favor do Sumo Sacerdote figurativo. O próprio Espírito de Deus
desceu sobre Maria e A tornou fecunda, para a consagração do Sacerdote eterno
segundo a ordem de Melquisedec” 26
Vara
sublime que se eleva até o trono de Deus
Inspirado por seu ardoroso amor à Virgem florida,
exclama São Bernardo:
“Que significava aquela vara de Aarão, que floresceu
estando seca senão a Maria concebendo, porém sem concurso de varão? [...] Não danificou
ao verdor da vara a saída da flor, nem ao pudor da Virgem o parto sagrado.
[...]
“A Virgem Mãe de Deus é esta vara, e seu Filho, a
flor. Flor sem dúvida é o Filho da Virgem, flor cândida e rubra, eleita entre
mil flor em que os Anjos desejam mirar-se, flor cuja fragrância ressuscita os
mortos, e, como ele mesmo atesta, flor é do campo e não do horto. Floresce
naquele, sem diligência alguma do homem. Por ninguém é semeada, nem tratada com
adubos. Assim inteiramente floresceu o seio da Virgem. Assim as entranhas
intactas, íntegras e castas de Maria,
como prado de eterno verdor, produziram a flor, cuja formosura não
experimentará a corrupção, e cuja glória é para sempre imarcescível.
“Ó Virgem, vara sublime, a que altura elevas tua
sagrada copa! Até Àquele que está sentado no trono, até ao Senhor da
Majestade!” 27
quarta-feira, 14 de agosto de 2013
Vós sois a Virgem florida
Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Vós sois a
Virgem florida
O louvor em epígrafe se reporta ao estupendo milagre
operado por Deus, no Antigo Testamento, quando fez florescer a vara de Aarão. Quis
o Senhor, por meio desse admirável sucesso, declarar que o ofício divino
ficaria vinculado à família do irmão de Moisés.
Com efeito, Aarão exercia o encargo de Sumo Sacerdote,
auxiliado pelos filhos de Levi. Ambiciosos de tais honras, os outros judeus se puseram
a murmurar.
Disse então o Senhor a Moisés (Num. XVII, 1-9): “Fala
aos filhos de Israel, e recebe deles uma vara por cada tribo, doze varas de
todos os príncipes das tribos, e escreverás o nome de cada um deles sobre a respectiva
vara. Mas o nome de Aarão estará sobre a vara da tribo de Levi, e o nome do
chefe de todas as outras tribos estará escrito separadamente cada um na sua
vara. E pô-las-ás no Tabernáculo da Aliança, diante do Testemunho, onde Eu te
falarei. A vara daquele que Eu escolher dentre eles, florescerá; e (deste modo)
farei cessar os queixumes dos filhos de Israel, com que murmuram contra vós. E
Moisés falou aos filhos de Israel; e todos os príncipes lhe deram as varas, uma
por cada tribo; e acharam-se doze varas, fora a vara de Aarão. E Moisés,
tendo-as posto diante do Senhor no Tabernáculo do Testemunho, voltando no dia
seguinte, achou (que era) pela tribo de Levi, e que, aparecendo os botões,
tinham saído flores, as quais, estendidas as suas folhas, se transformaram em
amêndoas. Moisés, pois, levou todas as varas de diante do Senhor a todos os
filhos de Israel, os quais as viram e receberam cada um a sua vara.”
Vara
da qual nasceu Jesus Cristo, flor de salvação e fruto de vida
Segundo o Pe. Jourdain, “a vara de Aarão coberta de
folhas, de flores e de frutos, foi também figura de Maria. [...]
“Essa vara que floresceu por um prodígio e deu seu
fruto sem ter sido plantada, e sem ter raízes nem seiva fecundante, simboliza
admiravelmente Maria, que, colocada no Tabernáculo, e sendo Ela mesma o templo
vivo do Espírito Santo, concebeu sem intervenção humana, e sem nenhum socorro
terrestre deu à luz esse bendito fruto que proporciona a todos os homens, e
neles conserva, a vida sobrenatural da alma” 25
Considerando o milagre da vara coberta de flores,
escreve Henry Le Mulier, baseado nos testemunhos dos Santos Padres:
“Quem não reconhecerá, sob este emblema, a Virgem
saída da raiz de Jessé, a verdadeira Mãe de Deus? A vara de Aarão deu flores e
frutos: assim Maria trouxe à luz Nosso Senhor Jesus Cristo, vera flor de salvação,
único fruto de vida.
“Esta vara não foi irrigada, não pôde haurir na terra
os sucos que servem habitualmente à nutrição das plantas; e entretanto ela se
encheu de seiva e se cobriu de botões: assim a Virgem concebeu sem qualquer socorro
natural, sem nada que tocasse à corrupção do mundo.
“A vara de Aarão é toda branca, sem córtice e sem nó,
para melhor representar a candura e a pureza de Maria, em quem não se encontrou
o nó do pecado original, nem o córtice do pecado atual.
“Aquela vara se ergue direita, sem germes nem
rebentos, portando em sua extremidade, flores e frutos; assim a Virgem de
Jessé, embora saída da tortuosa raiz dos patriarcas e dos profetas, eleva-se
aprumada como o junco dos marnéis, trazendo em seu cimo a flor dos Cânticos.
25) JOURDAIN, Z-C. Somme des
Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. I. p. 485.
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Maria Santíssima: Sarça ardente
Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Labaredas
de amor divino que purificam a Terra
“Maria Santíssima — escreve o douto Nicolas — é a
sarça ardente na qual o Senhor apareceu a Moisés entre as chamas de um fogo que
saía da mesma sarça, sem consumi-la. Sarça virginal que em nada se queima com o
fogo de um parto divino, e de onde brotam essas labaredas de celeste amor que
abrasaram e purificaram a Terra!” 22
Sarça
ardente, na qual habitou o Senhor
Também sobre esse símbolo da Santíssima Virgem,
encontramos no Pe. Rolland estas belas e fervorosas palavras:
“É na solidão do deserto que Moisés contempla a sarça
ardente: é no deserto do mundo, tão árido para o bem, que Maria faz sua aparição.
A sarça está toda penetrada de chamas acesas pelos Anjos, no meio das quais
Deus se manifesta e fala a seu servidor: Deus é um fogo que consome, e Ele vem
habitar em Maria, e dirige a seu coração as mais sublimes palavras. Diante do
milagre da sarça que arde sem se queimar, Moisés é tomado de admiração: em face
do prodígio de Maria que recebe em si o Verbo feito carne e que guarda o
tesouro de sua virgindade, há incomparavelmente mais razão para se maravilhar.
“Tudo é milagre em Maria, mas, sobretudo, no mistério
da Encarnação, princípio da salvação do mundo, fonte fecunda de pureza e de virgindade.
Assim, devemos oferecer a Deus o preito de nosso louvor por esse insigne ato de
sua onipotência” 23
Veneração
e amor a Maria, “sarça ardente da visão”
“Ah! se Deus disse a Moisés, de dentro da ardente
sarça: «Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar
em que estás é uma terra santa»; que obséquio, que reverência não devemos professar
à Mulher vestida do sol de justiça e de santidade, de que era só uma figura a
sarça incandescente?
“Mas, à sua imensa grandeza, une Maria uma profunda
benignidade. E quem poderá dizer, quantos encontraram em sua clemente bondade o
perdão, o refúgio, a proteção e a salvação da alma, de sorte que se viram
obrigados a bendizê-La como Rainha de misericórdia?
“Assim, pois, veneremos a Maria como súditos à
Soberana; mas, ao mesmo tempo, amemo-La como filhos à Mãe. Não nos afastemos de
sua presença sem Lhe recomendar nossa vida, nossa morte, nossa eterna salvação.
E Ela, cheia de bondade, escutará nossas súplicas; cheia de poder, atenderá
nossas orações, e sem dúvida experimentaremos os salutares efeitos de sua
proteção” 24
quarta-feira, 7 de agosto de 2013
Maria: Sarça Ardente
Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Sarça ardente da visão
Este símbolo de Maria Santíssima nos é apresentado na
seguinte passagem da Escritura (Ex. III, 1-8):
“Ora, Moisés apascentava as ovelhas de Jetro, seu
sogro, sacerdote de Madian; e, tendo conduzido o rebanho para o interior do
deserto, chegou ao monte de Deus, o Horeb. E o Senhor apareceu-lhe numa chama
de fogo (que saía) do meio de uma sarça, e (Moisés) via que a sarça ardia, sem
se consumir. Disse, pois, Moisés: Irei, e verei esta grande visão, (verei) por
que causa se não consome a sarça. Mas o Senhor vendo que ele se movia para ir
ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés. E ele respondeu: Aqui
estou. E (o Senhor) disse: Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus
pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa. E acrescentou: Eu sou o
Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac, e o Deus de Jacob. Cobriu
Moisés o rosto; porque não ousava olhar para Deus.
“E o Senhor disse-lhe: Eu vi a aflição do meu povo no
Egito, e ouvi o seu clamor causado pela crueza daqueles que têm a superintendência
das obras. E, conhecendo a sua dor, desci para o livrar das mãos dos egípcios,
e para o conduzir daquela terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra
onde corre o leite e o mel.”
Símbolo
de Maria virgem durante o parto
A respeito da sarça ardente e incombustível, enquanto
imagem de Nossa Senhora, comenta São Bernardo:
“Que prefigurava em outro tempo aquela sarça de
Moisés, deitando chamas, mas não se extinguindo, senão a Maria dando à luz sem experimentar
as dores do parto?” 1
Semelhante é a consideração do Pe. João Colombo, que
escreve:
“Quantos séculos haviam esperado a Maria, chamando-A
com lágrimas e suspiros! [...] Esperara-A o século de Moisés, e não A viu senão
simbolizada na sarça ardente e incombustível: assim como aquela sarça podia dar
chama e não se comburir, assim também Maria poderia dar à luz o Filho de Deus
sem cessar de ser Virgem” 2
E São Tomás de Villanueva, com eloquente entusiasmo,
exclama:
“Bem recordais, ó Virgem, aquela sarça que ardia e não
se queimava. Assim formareis Vós, sem Vos corromper, um só corpo com o divino
fogo; revesti-lo-eis Vós de carne, e Ele Vos banhará de esplendor; Vós O
coroareis com o diadema da mortalidade, e Ele Vos cingirá a coroa da glória.
Sereis uma virgem fecunda, uma mãe sem corrupção. Só em Vós se verão associadas
a virgindade e a maternidade: possuireis, ao mesmo tempo, a felicidade desta e
o pudor daquela” 3
1) BERNARDO. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. I. p.
195.
2) COLOMBO, João. Pensamentos sobre os Evangelhos. 2. ed. São
Paulo: Paulinas, 1960. p. 1211-1212.
3) VILLANUEVA, Tomas de. Obras.
Madrid: BAC, 1952. p. 306.
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