Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Labaredas
de amor divino que purificam a Terra
“Maria Santíssima — escreve o douto Nicolas — é a
sarça ardente na qual o Senhor apareceu a Moisés entre as chamas de um fogo que
saía da mesma sarça, sem consumi-la. Sarça virginal que em nada se queima com o
fogo de um parto divino, e de onde brotam essas labaredas de celeste amor que
abrasaram e purificaram a Terra!” 22
Sarça
ardente, na qual habitou o Senhor
Também sobre esse símbolo da Santíssima Virgem,
encontramos no Pe. Rolland estas belas e fervorosas palavras:
“É na solidão do deserto que Moisés contempla a sarça
ardente: é no deserto do mundo, tão árido para o bem, que Maria faz sua aparição.
A sarça está toda penetrada de chamas acesas pelos Anjos, no meio das quais
Deus se manifesta e fala a seu servidor: Deus é um fogo que consome, e Ele vem
habitar em Maria, e dirige a seu coração as mais sublimes palavras. Diante do
milagre da sarça que arde sem se queimar, Moisés é tomado de admiração: em face
do prodígio de Maria que recebe em si o Verbo feito carne e que guarda o
tesouro de sua virgindade, há incomparavelmente mais razão para se maravilhar.
“Tudo é milagre em Maria, mas, sobretudo, no mistério
da Encarnação, princípio da salvação do mundo, fonte fecunda de pureza e de virgindade.
Assim, devemos oferecer a Deus o preito de nosso louvor por esse insigne ato de
sua onipotência” 23
Veneração
e amor a Maria, “sarça ardente da visão”
“Ah! se Deus disse a Moisés, de dentro da ardente
sarça: «Não te aproximes daqui; tira as sandálias de teus pés, porque o lugar
em que estás é uma terra santa»; que obséquio, que reverência não devemos professar
à Mulher vestida do sol de justiça e de santidade, de que era só uma figura a
sarça incandescente?
“Mas, à sua imensa grandeza, une Maria uma profunda
benignidade. E quem poderá dizer, quantos encontraram em sua clemente bondade o
perdão, o refúgio, a proteção e a salvação da alma, de sorte que se viram
obrigados a bendizê-La como Rainha de misericórdia?
“Assim, pois, veneremos a Maria como súditos à
Soberana; mas, ao mesmo tempo, amemo-La como filhos à Mãe. Não nos afastemos de
sua presença sem Lhe recomendar nossa vida, nossa morte, nossa eterna salvação.
E Ela, cheia de bondade, escutará nossas súplicas; cheia de poder, atenderá
nossas orações, e sem dúvida experimentaremos os salutares efeitos de sua
proteção” 24