quinta-feira, 1 de junho de 2017

Necessidade de misericórdia

O pórtico de nossa devoção a Nossa Senhora é justamente esta constatação da verdadeira necessidade que temos de misericórdia. Não de uma necessidade qualquer, mas de uma necessidade contínua e completa. É a compreensão de que, a não ser por uma bondade inteiramente materna e completamente gratuita, nós não nos arranjamos.

Devemos continuamente recorrer a Ela. Mas recorrer como mendigos, de joelhos em terra, de chapéu na mão, batendo no peito, e entendendo que não temos direito à sua misericórdia. Aí, sim, Nossa Senhora se faz toda doçura para nós, toda suavidade, toda paciência, até para as coisas mais descabidas.
Plinio Corrêa de Oliveira

domingo, 28 de maio de 2017

Visitação de Nossa Senhora à sua prima

Ó Mãe Santíssima, neste versículo do Evangelho: "Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia, vimos o quanto Vós sois para nós um exemplo. Vós, ó Mãe minha, vos pusestes a caminho com toda a diligência, sendo que, todas as comodidades Vos convidavam a ficar em casa, isso muito especialmente pelo fato de ser a Mãe de Deus e estar com o próprio Deus Nosso Senhor em seu interior. Vós podíeis perfeitamente ficar na segurança do lar, entretanto vos apressastes em ir ter com aquela que seria a mãe de São João Batista. 

   Minha Mãe, dai-me a graça de nunca ser lento em atender as inspirações de Deus, sobretudo, se bem que isto nunca se tenha dado convosco, mas dá-se muito frequentemente conosco, especialmente quando algum pecado, alguma ocasião próxima, alguma relação de amizade nos afasta do bom caminho. Portanto, quando receber um toque de minha consciência, ou um toque da graça, ou mesmo uma inspiração obtida por Vós a fim de me ajudar, que eu obedeça prontamente à Vossa vontade.

Meditação do Mons.João S.Clá Dias.- Catedral da Sé, 1º de janeiro de 2005 – sem revisão do autor

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Progredir na prática da virtude

Na consideração do empenho de Deus em proporcionar-nos tantos meios para nossa salvação, devemos robustecer nossa resolução de combater os próprios defeitos e progredir na prática da virtude. Sempre por intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, aproximemo-nos cada vez mais dos Sacramentos, verdadeiras maravilhas postas por Deus à disposição de todos aqueles que desejam a salvação.

Mons João Clá Dias – O Inédito sobre os Evangelhos

segunda-feira, 22 de maio de 2017

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Aquele que excogitaste, Tu gerarás!

Segundo uma bela e tão razoável tradição, no momento em que a Santíssima Virgem, meditando na figura do Messias profetizado nas Sagradas Escrituras, completou a imagem que Ela deveria formar a respeito d’Ele, o Arcanjo São Gabriel Lhe apareceu.
Assim, a primeira tarefa de Nossa Senhora foi conceber em seu espírito como seria o Redentor.
Que santidade deveria ter a Virgem Maria para, com êxito, imaginar a fisionomia, o olhar, o timbre de voz, os gestos, o caminhar, o repouso do Filho de Deus!
E que alma era preciso ter para, depois disso, receber de Deus esta sentença: “Dedicaste a tua mente a desvendar este mistério, fizeste-o com tanto amor e tanto acerto que Eu Te digo: “Aquele que excogitaste, Tu gerarás!”
Prêmio maravilhoso, como nunca houve nem haverá igual na História!
Ele disse de Si mesmo àqueles que fossem fiéis: “Serei, Eu mesmo, a vossa recompensa demasiadamente grande” (cf. Gn 15, 1). Nosso Senhor Jesus Cristo é tão perfeito que até para Nossa Senhora Ele foi o prêmio demasiadamente grande.

Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 2/2/1985

domingo, 14 de maio de 2017

Na Fronteira da História - 100 anos Fátima

No dia 13 deste mês de maio, teremos finalmente chegado ao centésimo aniversário da primeira aparição de Nossa Senhora em Fátima, data tão esperada por nós, tendo em vista que a mensagem ali revelada fundamenta uma especial esperança para a humanidade, frente ao processo histórico de que foi objeto ao longo de sete mil anos.
Com efeito, as palavras da Senhora aos três pastorinhos convidam a elevar nossas vistas - viciadas por um mundo materialista, mecanizado e despojado de religiosidade - para considerarmos novos horizontes: os do Reino de Maria que nasce, cuja aurora começa a tingir de dourado alguns cumes de montanha, prenunciando o meio-dia prometido.
Sob o soberano e grandioso olhar de Deus, a História da humanidade forma um só grande conjunto que abarca o passado mais remoto, um presente assaz conturbado, e o futuro mais distante. Assim sendo, a mensagem de Fátima, ditada por ocasião das várias aparições de Nossa Senhora, deve ser avaliada por nós em função da visão global de todos os séculos, que se desenrola aos pés de Jesus e cuja maravilhosa trama coloca em irreconciliável oposição os Anjos e os demônios, os Santos e os precitos, os profetas de Deus e os de satanás.
Embora prometida no Protoevangelho (cf. Gn 3, 15), e apesar de terem acontecido muitos episódios prefigurativos ao longo dos tempos, ainda não se deu a plenitude do embate entre a cabeça da Serpente e o calcanhar da Virgem. Contudo, vemos hoje as potencialidades, ou capacidades de ação, se multiplicarem e se acumularem em ambos os lados de tal forma que podemos com toda propriedade afirmar que nossa época traz perspectivas verdadeiramente apocalípticas.
Ora, o Apocalipse muitas vezes é apresentado exclusiva e unilateralmente como sendo um elenco de dramas sucessivos, desastrosos para tudo e para todos... e isto lhe tolhe seu principal significado: uma bela liturgia - realizada de comum acordo entre os Anjos e os justos, sob o comando do próprio Cordeiro Imolado - mediante a qual Deus vinga sua honra, restabelece a justiça e instaura seu reino de paz; a paz de Jesus Cristo e de Maria, a única verdadeira e realmente estável.
Com efeito, se considerarmos os sete mil anos de acontecimentos dos homens na terra, veremos que, infelizmente, ao lado de fatos sem dúvida muito belos, a Santíssima Trindade deixou muitíssimas vezes o demônio interferir nos planos divinos, interrompe-los e deturpá-los conforme melhor lhe aprouvesse. Isto mudará em breve, assumindo Deus o comando da História, assim como o anunciaram todos os profetas, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
Neste sentido, as profecias do segredo de Fátima possuem um profundo significado, pois constituem o último elo de uma corrente que liga o Céu à terra, e cuja realização marcará um antes e um depois nas relações entre Deus e os homens, por meio de graças imprevisíveis e até mesmo inimagináveis. Estamos agora, portanto, à beira de uma nova fronteira da História.
 Revista Arautos do Evangelho Maio 2017

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Por que Rosário?

Certo dia, estava Santo Afonso Rodrigues rezando o Rosário. Os monges, reunidos por trás da porta, olhavam-no extasiados. A cada Ave-Maria que ele rezava, saia de sua boca uma rosa branca que subia aos céus e a cada Padre-nosso, uma rosa vermelha.
Conta-se também, que um noviço franciscano, tinha o costume de sempre rezar o Rosário. Certo dia, porém, devido às ocupações que o superior lhe havia ordenado, chegou a hora do jantar e ele ainda não havia terminado de rezar. Pediu então licença ao superior para retirar-se da mesa a fim de fazê-lo.
Porém, passou-se mais de uma hora e o noviço não voltava. Preocupado com que algo pudesse ter acontecido, o superior mandou um monge verificar o fato. Ao abrir a porta da capela, o monge a viu iluminada com celestes resplendores e a Santíssima Virgem, com dois Anjos, perto dele. À medida em que o noviço dizia uma Ave-Maria, uma rosa branca saia de sua boca e os anjos as colhiam e colocavam na coroa da Santíssima Virgem, que lhes demonstrava seu contentamento, e a cada Padre-nosso, era uma rosa vermelha que formava a cora de Nossa Senhora. O segundo religioso ali ficou e pela demora, o superior mandou mais dois monges para chamá-los e também os dois viram o milagre.

Por isso chama-se Rosário a esta oração.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Pondo em prática os pedidos de Nossa Senhora

Há 100 anos Nossa Senhora disse: "Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!" Como se dará a vitória final sobre o pecado? Não se pode saber ao certo, mas podemos concluir que aos que porem em prática os pedidos feitos por Nossa Senhora estes se salvarão e alcançarão a paz.

Assista aos comentários de Mons João Clá Dias.



segunda-feira, 1 de maio de 2017

Mês de Maria

“No mês de maio - mês de Maria - sente-se uma proteção especial de Nossa Senhora estender-se sobre todos os fiéis, e uma alegria que brilha e ilumina nossos corações, exprimindo a universal certeza dos católicos de que o indispensável patrocínio de nossa Mãe celestial se torna, durante esse período, ainda mais solícito, mais amoroso, mais cheio de visível misericórdia e exorável condescendência.”

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O Jogral de Nossa Senhora

Havia em França, nos tempos do Rei São Luís (1214 - 1270), um pobre truão, natural de Compiègne, chamado Barnabé,  que  ia  de  terra  em  terra  fazendo exercícios de equilíbrio e habilidade.
Nos dias de feira estendia na praça pública um velho tapete muito surrado e depois de ter atraído as crianças e os curiosos com as suas momices aprendidas de um velho saltimbanco, tomava atitudes surpreendentes e sustentava um prato em equilíbrio sobre o nariz.
A multidão olhava-o a princípio com indiferença; mas quando, apoiando-se em ambas as mãos, de cabeça para baixo, lançava ao ar e amparava com os pés seis bolas de cobre, que faiscavam aos raios do sol, ou quando, unindo os calcanhares à nuca, dava ao corpo a forma perfeita de uma roda, e jogava com doze facas nessa posição difícil, elevava-se no público um murmúrio de admiração e as moedas choviam aos montes sobre o arruinado tapete.
Contudo, como a maior parte dos que vivem dos seus talentos, Barnabé de Compiègne passava medianamente.
Ganhando o pão com o suor do seu rosto, partilhava em excesso das misérias provenientes do pecado de nosso pai Adão. 
Além disso, não lhe era possível trabalhar tanto quanto queria. Assim como as árvores para produzirem frutos e flores, Barnabé necessitava do calor do sol e da luz do dia para demonstrar as suas excelentes faculdades. Durante o inverno era uma árvore sem folhas, quase seca. A terra gelada era muito dura para o infeliz saltimbanco, que  tinha fome e frio na má estação, mas suportava os seus males com paciência e ânimo alegre.
Nunca meditara sobre a origem das riquezas e da desigualdade entre as classes humanas. Acreditava cegamente que se este mundo era ruim, o outro não podia deixar de ser bom, e esta esperança o sustentava. Não imitava os de mau comportamento, malfeitores ou descrentes que vendiam a sua alma ao diabo. Nunca blasfemava do nome de Deus e vivia muito honestamente.
Era um homem de bem, temente a Deus e muito devoto da Santíssima Virgem Maria. Quando entrava numa Igreja, nunca deixava de ajoelhar-se ante a imagem da Mãe de Deus e dirigir-lhe esta oração:
"Senhora, cuidai da minha vida até à hora de minha morte; e depois de eu morrer fazei-me desfrutar as delícias do Paraíso."
Um feliz encontro
Ao escurecer de um dia chuvoso, Barnabé caminhava triste e curvado, levando debaixo do braço as suas seis bolas de cobre e a sua dúzia de facas, embrulhadas no velho tapete, em busca de um albergue onde pudesse dormir, quando esbarrou com um frade que seguia o mesmo caminho e a quem saudou cortesmente.
O frade estranhou um pouco a figura de Barnabé e perguntou:
– Amigo, por que andais vestido de verde dos pés à cabeça? Será talvez para representardes um papel em alguma peça misteriosa?
– Não, meu padre. Sou saltimbanco de profissão e chamo-me Barnabé. O meu ofício seria o mais belo do mundo se desse para comer todos os dias...
– Ora, ora Barnabé, cuidado com o que dizes! Não há estado mais feliz que o monástico! Nele celebram-se as grandezas de Deus, da Virgem Maria e dos Santos! A vida do religioso é um perpétuo cântico ao Senhor!
B Meu padre, confesso que falei como ignorante. A vossa profissão não se pode comparar à minha, e embora tenha certo valor o bailar sustentando na ponta do nariz uma moeda em equilíbrio sobre um pau, este valor fica a mais de cem metros abaixo do vosso! Bem quisera eu, como vós, meu padre, cantar diariamente os ofícios, e muito especialmente o da Santíssima Virgem, por quem sinto particular devoção. De boa vontade renunciaria à arte em que sou tão vantajosamente conhecido desde Soissons até Beauvais, em mais de seiscentas vilas e aldeias, para abraçar a vida monástica!
Ficou o monge encantado com o discurso arrazoado do saltimbanco, e como tinha muita experiência, reconheceu em Barnabé um daqueles de quem Nosso Senhor dissera: "Paz na terra aos homens de boa vontade!" E assim lhe respondeu:
B Amigo Barnabé, vinde comigo, e eu vos farei entrar no convento do qual sou prior. O Senhor Deus me colocou no vosso caminho para vos conduzir pela estrada da salvação!
E desta forma se fez monge Barnabé.
 O Monge Barnabé
No convento onde foi recebido, os religiosos celebravam à porfia o culto da Santa Virgem, e cada qual empregava em servi-la todo o talento e habilidade que Deus lhe concedera.
O prior, pela sua parte, escrevia livros que tratavam das virtudes da Mãe de Deus.
Copiava-os sobre folhas de pergaminho a mão habilíssima do irmão Maurício.
O irmão Alexandre iluminava-os com delicadas miniaturas. Nelas se via a Rainhado Céu, sentada num trono, a cujos pés velavam quatro leões, e em volta da sua cabeça esvoaçavam sete pombas representando os sete dons do Espírito Santo: a Sabedoria, o Entendimento, o Conselho, a Fortaleza, a Ciência, a Piedade e o Temor de Deus. Acompanhavam-na seis virgens de cabelos de ouro: a humildade, a prudência, o recolhimento, o respeito, a castidade e a obediência.
O irmão Marbódio era igualmente um dos ternos filhos de Maria. Talhava sem cessar esculturas de pedra, e por isso trazia a barba, as sobrancelhas e os cabelos brancos de pó. Sempre estava cheio de vigor e alegria na sua avançada idade, e visivelmente a Rainha do Paraíso protegia o envelhecer do seu bom devoto.
Marbódio representava-a numa banqueta sobre um estrado, com a fronte cercada por uma auréola.
Havia também no convento poetas que escreviam hinos em latim, em honra da Bem-aventurada Virgem Maria, e até Picardo que narrava os milagres de Nossa Senhora em língua vulgar e versos rimados.
Ao ver tal concurso de celebração e tão excelente colheita de obras, Barnabé lamentava a sua ignorância e simplicidade.
– Ai de mim! – suspirava, passeando isolado pelo jardinzinho sem sombra do convento. Que infeliz eu sou por não poder, como os meus irmãos, reverenciar dignamente a Mãe de Deus, a quem consagrei a ternura de meu coração! Ai de mim! Ai de mim! Sou um homem rude e sem arte, que não tem para pôr ao serviço da Santíssima Virgem nem sermões edificantes, nem tratados bem expostos segundo as regras, nem finas pinturas, nem estátuas perfeitamente esculpidas, nem versos contados e divididos em cadências. Pobre de mim, que não sei fazer nada disto...
Assim gemia Barnabé, entregando-se a uma profunda e perigosa tristeza!
Numa tarde em que os frades se recreavam conversando, ouviu contar a um deles a história de certo religioso que sabia apenas dizer a "Ave Maria". Este religioso era desprezado pela sua ignorância; porém, quando morreu, nasceram de sua boca cinco lírios em louvor das cinco letras do nome de Maria, e assim foi revelada a sua santidade!
Ao ouvir aquela narrativa, Barnabé admirou mais uma vez a bondade da Virgem; mas nem por isso ficou consolado, pois era grande o seu desejo de glorificar a sua Senhora que está nos céus.
Procurava um meio, sem conseguir achá-lo, e cada dia se mostrava mais mortificado, até que, tendo acordado certa manhã muito alegre, correu à capela e ali permaneceu sozinho por espaço de mais de uma hora. E pela tarde voltou lá.
Desde então, ia todos os dias à capela nas horas em que a achava deserta, passando ali boa parte do tempo que os outros monges consagravam ao exercício das artes mecânicas e liberais.
Desde então, não andava triste, nem suspirava. Tão singular proceder despertou a curiosidade dos monges. A comunidade começou a se interrogar sobre o motivo a que obedeceriam os freqüentes desaparecimentos do irmão Barnabé.
O Prior, que tinha por dever não ignorar coisa alguma que dissesse respeito ao procedimento dos seus religiosos, resolveu observar Barnabé nos seus isolamentos. E assim, certo dia em que este se tinha encerrado na capela, como de costume, o prior, acompanhado por dois frades mais velhos, foi espreitar por uma brecha da porta o que se passava lá dentro.
Viram Barnabé de cabeça para baixo, diante do altar da Santíssima Virgem, jogando com seis bolas e doze facas, ao mesmo tempo!
Fazia, em louvor da Santa Mãe de Deus, os exercícios que lhe tinham granjeado maior número de aplausos, e outros ainda que nunca havia feito até então.
Não compreendendo que aquele homem simples punha assim ao serviço da Virgem o seu talento e a sua arte, os dois frades mais velhos acusaram-no de sacrilégio e que estava tomado por um espírito mau.
Sabendo o Prior que Barnabé tinha a alma inocente, considerou-o atacado de demência.
Dispunham-se os três frades a expulsá-lo violentamente da capela, quando viram a Santíssima Virgem sorrir muito comprazida para Barnabé!
Então, o Prior, curvando a cabeça até juntar o rosto ao chão, disse estas palavras:
– Bem-aventurados os que tem o coração puro, porque deles é o Reino dos Céus!

– Amém! B responderam os anciãos osculando a terra.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Por que devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho?

A devoção a Nossa Senhora do Bom Conselho quer dizer a Nossa Senhora enquanto por sua intercessão onipotente obtém de Deus para as almas que estão perturbadas, que não sabem o que fazer diante de uma certa emergência, que precisam, portanto, de um conselho porque elas analisam a situação e não encontram em seus recursos intelectuais uma orientação rectrix a seguir, e que pedem, assim, ajuda de Deus, ajuda de Nossa Senhora para saber como devem fazer e têm dificuldade em encontrar.
Nossa Senhora do Bom Conselho enquanto mãe compassiva de todos os homens. De mãe que se compadece dos homens desvairados, dos homens que não sabem como se orientar em determinada emergência, e lhes obtém a graça de uma iluminação interior, de um discernimento especial, de uma palavra que lhes vem, de um bom amigo, de um bom diretor, enfim, de um livro bom que encontram , o conselho que nós queríamos, o conselho que nós pedíamos, a solução que nós procurávamos e que é impossível.
Nossa Senhora do Bom Conselho é especialmente enquanto conselheira, enquanto padroeira, que pede a Deus que os montes se movam e que os rios alteram o seu percurso para que a axiologia que está no coração de seus filhos se desenvolva de um modo inteiramente reto e satisfatório.
Nossa Senhora do Bom Conselho é Nossa Senhora dos aflitos. Dos aflitos porque estão desorientados e precisariam de uma orientação.

Plinio Corrêa de Oliveira

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Maria a Mãe de Cristo

Alegrai-vos, ó José, vós que, com Maria a Mãe de Cristo, levais o lírio da castidade. Alegrai-vos, ó esposo! O Coração de Maria, Vaso da sabedoria e Sacrário do Espírito Santo, em vós confia! Alegrai-vos, ó Santo, que vistes o dia do nascimento de Cristo, o Criador de todas as coisas!

Do Hino “Gaude Ioseph”

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Mulher, eis aí teu filho

Junto à Cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua Mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua Mãe e perto d’Ela o discípulo que amava, disse à sua Mãe: “Mulher, eis aí teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua Mãe”. E dessa hora em diante o discípulo A levou para a sua casa (Jo 19, 25-27).
Com essas palavras, Jesus finaliza sua comunicação oficial com os homens antes da Morte — as quatro outras serão de sua intimidade com Deus. Quem as ouve são Maria Madalena, representando a via da penitência; Maria, mulher de Cléofas, a dos que vão progredindo na vida espiritual; Maria Santíssima e São João, a da perfeição.
Consideremos um breve comentário de Santo Ambrósio sobre este trecho: “Outros descreveram o transtorno do mundo na Paixão do Senhor; o céu coberto de trevas, ocultando o Sol e o bom ladrão recebido no Paraíso, depois de sua confissão piedosa; São João escreveu o que os outros calaram: como, cravado na Cruz, considerado vencedor da morte, Jesus chamou sua Mãe e tributou a Ela a reverência de seu amor filial [...]. E, se perdoar o ladrão é um ato de piedade, muito mais é homenagear a Mãe com tanto afeto [...]. Cristo, do alto da Cruz, fazia seu testamento, distribuindo entre sua Mãe e seu discípulo os deveres de seu carinho”.
É arrebatador constatar como Jesus, numa atitude de grandioso afeto e nobreza, encerrou oficialmente seu relacionamento com a humanidade, na qual Se encarnara para redimi-la. Do auge da dor, expressou o carinho de um Deus por sua Mãe Santíssima, e concedeu o prêmio para o discípulo que abandonara seus próprios pais para segui-Lo: o cêntuplo nesta Terra (cf. Mt 19, 29).
É perfeita e exemplar a presteza com que São João assume a herança deixada pelo Divino Mestre: “E dessa hora em diante, o discípulo A levou para a sua casa” (Jo 19, 27). São João desce do Calvário protegendo, mas, sobretudo, protegido pela Rainha do Céu e da Terra. É o prêmio de quem procura adorar Jesus no extremo de seu martírio.

Mons João Clá Dias –  trecho extraído “O inédito sobre os Evangelhos” vol VII

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Nossa Senhora das Dores

Fazei, ó Mãe, fonte de amor, que eu sinta o espinho da dor para contigo chorar: Fazei arder meu coração de Cristo Deus na paixão para que o possa agradar. Ó Santa Mãe dá-me isto, trazer as chagas de Cristo gravadas no coração.

Excertos da sequência Stabat Mater Dolorosa

domingo, 2 de abril de 2017

Insensibilidade

Podemos estar cansados, podemos estar meio abatidos, ainda que tenham acontecido uma série de coisas erradas durante o dia, estamos sacudidos pelo demônio. Chegamos diante do Santíssimo Sacramento ou de uma imagem de Nossa Senhora e não sentimos nada, nenhuma sensibilidade da graça...

Não importa! Eu não estou sentindo nada? Pouco me importa! Eu me lembrarei dos dias em que a graça de Deus me entusiasmou, e então, por exemplo, renovarei a minha consagração a Nossa Senhora!
Mons João Clá Dias

segunda-feira, 27 de março de 2017

Ressurreição de Lázaro

Se a Santíssima Virgem estivesse ao lado das irmãs de Lázaro, certamente - além de lhes aconselhar a aguardarem com paz de alma a chegada de seu Divino Filho - recomendaria a ambas que procurassem fazer "tudo o que Ele vos disser" (Jo 2, 5). Por maior que sejam os dramas ou aflições em nossa existência, sigamos o exemplo e a orientação de Maria, crendo na onipotência de Jesus, compenetrados das palavras de São Paulo: “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios” (Rm 8, 28). 
Mons João Clá Dias - O Inédito sobre os Evangelhos vol I

quinta-feira, 23 de março de 2017

Anunciação do Senhor


Não se tratava de um magnífico palácio o local onde Se encontrava Maria Santíssima ao ser visitada pelo Arcanjo São Gabriel, como tantos artistas imaginaram, mas de uma casa muito modesta, com paredes de tijolos aparentes. Estava situada em Nazaré, uma cidade então insignificante, na qual a Sagrada Família viverá na pobreza, humildade e apagamento.
Não há neste episódio outros elementos cujas aparências estejam à altura do acontecimento que ali se daria, a não ser a presença da Virgem Maria, e também a de São José. Pois o elevadíssimo grau de santidade de ambos certamente transluzia em seus gestos, fisionomias e em todo o seu modo de ser.
O que fazia Maria Santíssima quando o anjo chegou junto a Ela? Sem dúvida, rezava, talvez considerando a desastrosa situação na qual se encontrava a humanidade. O povo judeu havia se desviado da prática da verdadeira religião e os pagãos, a começar pelos romanos, viviam numa tremenda decadência moral. Chegara-se ao que São Paulo chama “plenitude dos tempos” (Ef 1, 10).
Ao ver iluminar-se o aposento por uma luz sobrenatural e aparecer diante d’Ela o Arcanjo São Gabriel, Maria não deu o menor sinal de espanto. Segundo vários autores, entre eles São Pedro Crisólogo e São Boaventura, Ela estava “habituada às aparições angélicas, as quais não podiam deixar de ser frequentes para Aquela que Deus havia cumulado de tantas graças, que reservava para tão altos destinos, e que os anjos reverenciavam como sua Rainha e a própria Mãe de Deus”.6 Podemos, inclusive, conjecturar que o próprio São Gabriel não Lhe fosse desconhecido.
Quando o anjo A proclama “cheia de graça”, indica estar sua alma participando da vida divina no maior grau possível naquele instante; mas um minuto depois essa plenitude já seria maior.
A presença de São Gabriel não Lhe causou qualquer perturbação. Sua saudação, porém, deixou-A com um ponto de interrogação, pois não podia imaginar que aquelas palavras pudessem ser aplicadas a Ela. Conforme esclarece São Tomás: “A Bem-aventurada Virgem tinha uma fé expressa na Encarnação futura: mas, por ser humilde, não tinha tão alta ideia de Si mesma. E por isso era preciso que fosse informada a respeito da Encarnação”.
[…]Ela não duvida das palavras de São Gabriel. Apenas apresenta-lhe sua perplexidade, visando conhecer mais a fundo como haveria de concretizar-se o desígnio divino.
A origem inteiramente sobrenatural do Verbo Encarnado foi revelada naquele momento. Que considerações não deve ter feito Maria ao conhecer o alcance desse acontecimento!
E quando a Virgem Maria disse: “Eis aqui a serva do Senhor”, o fez com total consciência, colocando-Se por inteiro nas mãos de Deus, com absoluta confiança na sua liberalidade.
A partir desse ato de radical aceitação, todo ele feito de humildade e de fé, operou-se logo em seguida a concepção do Verbo Encarnado no seu seio virginal.
Logo após o consentimento da Virgem — “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra” —, o Espírito Santo iniciou n’Ela o processo de gestação do Verbo Encarnado. Ela tornou-Se Mãe sem concurso de pai natural.
O grandioso plano da Encarnação e da Redenção do gênero humano esteve na dependência desse fiat de Maria, porque se, por uma hipótese absurda, Ela não tivesse aceitado, não teria havido a Redenção.

domingo, 19 de março de 2017

O Santo Nome de Maria e o Cerco de Viena

Dia 12 de setembro a Igreja celebra o Santo Nome de Maria. Contaremos o empolgante fato histórico que deu origem à dedicação deste dia para louvar o bendito nome da Mãe de Deus.
O Santo Nome de Maria e o Cerco de Viena
“A Áustria é uma árvore imensa, cujo tronco é Viena. Derrubado este, os galhos cairão por si!”
Com estas palavras Karah Mustafá pôs termo final à discussão do grande conselho otomano que havia se reunido em Belgrado. Imediatamente, Maomé IV ordenou o início dos preparativos de uma imensa expedição militar que deveria conquistar a capital do império austríaco!
Um poderoso exército de 200 mil homens foi posto sob as ordens do impetuoso maometano cujas palavras atearam o fogo da guerra, ou seja, o próprio Karah Mustafá.
* Beato Inocêncio XI, um homem providencial
As notícias chegadas do Oriente espalharam-se céleres por toda Europa, mas infelizmente, ela estava dividida. O protestantismo, surgido no século XVI, continuava a se infiltrar nas nações cristãs ao longo do século XVII. Reis e Príncipes, esquecidos da concórdia cristã envolviam-se em perpétuas querelas e alguns não hesitavam em firmar infames alianças com o sultão de Istambul, a fim de favorecer seus egoísmos e amores-próprios como tristemente era o caso de Luis XIV, Rei de França.
Entretanto, um anjo velava pela Europa, o Santo Padre, o Papa Beato Inocêncio XI. Ele tentava, por todos os meios unir os príncipes cristãos. Mas, bem sabia que a salvação não viria dos homens, mas somente de Deus, e por isso implorava a intervenção divina através do poderoso e santo nome de Maria!
Com efeito, o Santo Padre resolvera num Capítulo de São Pedro em Roma, coroar de ouro e pedras preciosas a imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano, a fim de que Ela obtivesse a constituição de uma Liga Católica. No dia 17 de novembro de 1682, foi a Santa Imagem do Bom Conselho coroada perante grande multidão de fiéis, por um cônego que representava o Sumo Pontífice.
A intercessão da Medianeira de todas as graças não demorou a se fazer sentir:
No dia 31 de março, o Imperador da Áustria, Leopoldo I, e o Rei da Polônia, João Sobieski, prometeram unir seus esforços contra o enorme exército que Maomé IV preparava com a intenção de apoderar-se de Viena.
* O Cerco de Viena
Em abril de 1683, o Grão-Vizir Mustafá pôs-se em marcha rumo a Viena.
No primeiro dia de maio, Leopoldo I passa em revista o exército imperial, que se compunha de 40 mil homens, e entrega o comando ao Duque Carlos de Lorena, que havia sido despojado de suas terras por Luis XIV, e encontrava-se, desde então, junto ao Imperador.
Após grave conversa com seus conselheiros, Leopoldo I decide abandonar a capital e refugia-se na cidade de Lintz.
O valoroso e destemido Conde Stahrenberg foi nomeado governador da cidade. O Duque de Lorena ordenou que 10 mil guerreiros ficassem com o Conde Stahrenberg para defender as muralhas de Viena. Corn os outros 30 mil, Carlos de Lorena iria tentar deter o avanço dos turcos.
No momento que o exército otomano cruzava o Rio Raab, os austríacos apresentaram-se para a batalha, mas logo foram rechaçados pelo numerosa tropa inimiga.
Desde 14 de julho de 1683, Viena ficou cercada, e completamente separada do exército imperial, que se havia retirado para a margem esquerda do Danúbio.
Um bosque de 25 mil tendas de campanha se estendia em forma de meia lua, rodeando a cidade; entre todas se distinguia a tenda do Grão-Vizir, verde por fora e radiante de ouro e prata por dentro, e com tantas salas e aposentos que mais parecia urna cidade fantástica, que uma tenda de campanha.
Nunca a Europa tinha sido tão ameaçada. O momento era de uma importância enorme. A meia lua, senhora dos muros de Viena, teria mudado todo o curso da História Universal.
* Iniciam-se os combates
O Grão-Vizir Karah Mustafá, não tardou em exigir que a cidade de Viena se rendesse incondicionalmente.
Após curta deliberação, os corajosos defensores fizeram ouvir a sua resposta: um formidável bombardeio!
Deu-se início a terríveis batalhas. Durante seis semanas os turcos atacaram e bombardearam ininterruptamente Viena, tentando tomá-la de assalto, enquanto a fome e a doença devastavam interiormente a capital do Império. Os habitantes preferiam, no entanto, ser sepultados nas ruínas da cidade e morrerem em defesa da Cristandade, a entregarem-se covardemente.
A cada dia esgotavam-se as provisões de pólvora e grande era a escassez de víveres.
No dia 4 de setembro, explode uma mina que faz tremer metade da cidade. Karah Mustafá dá ordem de avançarem contra a cidade. Já os turcos cravavam suas bandeiras nas muralhas, mas Stahrenberg conseguiu rechaçá-los após violentos combates e inúmeros atos de heroísmo.
Entretanto, os ataques tomavam-se cada vez mais violentos e ameaçadores, e o conde já se preparava para a luta nas ruas. Escolhe um, dentre os mais ousados cavaleiros, e manda-o levar uma mensagem ao exército do Duque de Lorena. O apelo é desesperado:
‘Não há mais tempo! Se não vierdes, estamos perdidos! Viena cairá!”
Carlos de Lorena, nada podia fazer...
* A poderosa intercessão de Maria
Nossa Senhora não é a mestra das obras inacabadas! Tendo - através de seu fiei servidor, o Papa Inocêncio XI - conseguido a formação da liga católica, Ela levaria a bom termo a sua providencial intercessão.
Na noite de 11 de setembro, os sitiados puderam ver, sobre as alturas da cordilheira do norte, o fulgor de inúmeras fogueiras. Era o Rei da Polônia, João Sobieski, que cumpria a sua promessa e avançava com um exército de 70 mil homens!
Felizes augúrios da intercessão da invencível Mediadora foram notados por todos em certas coincidências que assinalaram os preparativos da jornada: o exército polonês, depois de muitas dificuldades, conseguiu pôr-se em marcha no glorioso dia 15 de agosto, festa da Assunção; e o encontro de todas as forças aliadas, deu-se no dia 8 de setembro, festa da Natividade de Maria. Nesse dia, João Sobieski, feito comandante-em-chefe das tropas cristãs, preparou-se recebendo o Pão dos Anjos.
O domingo, dia 12 setembro de 1683 foi verdadeiramente um dia do Senhor. Ao raiar da aurora pode-se contemplar um quadro magnífico: trinta e dois principes, acompanhados por milhares de nobres assistiram à Santa Missa celebrada pelo delegado do Papa, Marco de Aviano, religioso capuchinho, com fama de santidade. Acolitava o Santo Sacrifício com os braços em Cruz o próprio João Sobieski. Todos comungaram, e o Padre Marco de Aviano deu a bênção, dizendo:
– Em nome do Santo Padre, digo-vos que, se tiverdes confiança em Deus, a vitória é vossa!
O Soberano polonês, após armar cavaleiro seu filho e incitar o exército ao combate, afirmou:
– A batalha de hoje decidirá não apenas a libertação de Viena, mas a conservação da Polônia e a salvação da cristandade inteira!
A atenção dos povos da Europa voltavam-se para Viena, e todos uniam-se aos defensores da Cristandade, pois o Papa dera ordem de expor o Santíssimo Sacramento em todas as Igrejas do Continente.
* A batalha decisiva
Ao brado de ‘Deus é nosso auxílio!” os oitenta e quatro mil homens que formavam as tropas cristãs, arremeteram contra os duzentos mil soldados do império otomano.
As nove horas da manhã, o Duque de Lorena deu início ao combate com a ala esquerda. A batalha se generalizou somente às duas horas da tarde, pois o centro das forças católicas avançava lentamente. Os muçulmanos lutavam com ferocidade, os cristãos com ousadia. A terra estremecia corn o troar dos canhões e com o estrondo galopante da cavalaria.
Não havia colina em que não se travasse uma luta tremenda. Entre o vozerio do combate, subia até o céu, como um brado de guerra, o dulcíssirno nome de Maria.
A cavalaria polonesa havia se adiantado demasiadamente no campo inimigo e quase foi envolvida pelas tropas do Grão-Vizir. O exército imperial veio em seu auxílio e conseguiu libertá-la.
As seis da tarde, a situação ainda não estava definida no campo de batalha, sendo a superioridade numérica dos turcos esmagadora.
Finalmente os alemães penetraram no campo do adversário pelo lado esquerdo; uma hora depois, os poloneses faziam o mesmo pelo lado direito. Como uma poderosa tenaz começaram a apertar o centro do exército de Mustafá.
O Grão-Vizir compreendeu que não podia mais sustentar o combate, e, chamando seus filhos, começou a chorar como uma criança. Em seguida, suplicou ao chefe dos tártaros:
- Salva-me, se podes!
Mas ele respondeu:
- Conheço bem esse rei dos poloneses: é irresistível! Pensemos antes em fugir e salvar nossas vidas!
Os turcos começaram então a fugir, e grande foi o desastre que se abateu sobre eles. O acampamento muçulmano inteiro, com suas imensas riquezas, caiu em poder dos católicos. Viena estava salva!
João Sobieski foi o primeiro a entrar na tenda do Grão-Vizir. O eleitor da Baviera, o Príncipe de Waldeck e muitos outros príncipes do Império vieram até ele e abraçaram-no com imenso afeto.
No dia 13 de setembro, o monarca e suas tropas vitoriosas entraram na cidade. O governador Stahrenberg, a frente de urna multidão, foi a seu encontro. Dirigiram-se todos para a Igreja de São Roque e São Sebastião, e lá foi entoado o Te Deum em agradecimento por tão esplêndida e miraculosa vitória.
O Rei da Polônia, ao deixar a Igreja, foi envolvido pelo povo que lhe beijava as mãos, as botas e o manto e bradava: ‘Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Johannes (Jo 1, 6)”, repetindo assim as palavras do Evangelho que São Pio V aplicara a Dom João d’Austria, o vitorioso de Lepanto: ‘Houve um homem enviado por Deus, cujo nome era João”.
O perigo havia sido imenso, Stahrenberg, defensor da cidade, já não tinha sob suas ordens mais de 4 mil homens: 5 mil haviam tombado em combate e os restantes jaziam nos hospitais e enfermarias improvisados.
Inocêncio XI, cujos auxílios tomaram possíveis a vitória do exército católico, mandou iluminar a Cidade Eterna e fez percorrer pelas cidades italianas a bandeira conquistada aos turcos. O bem-aventurado Sumo Pontífice havia sido, na realidade, a alma da liga católica. Desde o início viu no nome de Maria os primeiros raios fulgurantes da estrela anunciadora da vitória!
Por isso, instituiu no dia 12 de setembro a festa do Santíssimo Nome de Maria, para perpetuar a lembrança da libertação de Viena e para mostrar ao povo cristão quanta é a confiança que se deve ter na invocação deste dulcíssimo nome: Maria! Foi por meio dEle que se alcançou o memorável triunfo da Fé e da Civilização Cristã. 

quarta-feira, 15 de março de 2017

És toda formosa

 “Suponhamos que um excelente pintor tivesse que desposar uma noiva, formosa ou feia, conforme os traços que lhe desse. Que diligência não empregaria, então, para torná la a mais bela possível! Quem poderá, pois, dizer que outro tenha sido o modo de agir do Espírito Santo, relativamente a Maria? Podendo criar uma Esposa toda formosa, qual Lhe convinha, tê-Lo ia deixado de fazer? Não; tal como lhe convinha A fez, como atesta o próprio Senhor, celebrando os louvores de Maria: “És toda formosa, minha amiga, em ti não há mancha original” (Cânt 4, 7)”.

Santo Afonso Maria Ligório

quinta-feira, 9 de março de 2017

Resignação


“Ó Minha Mãe, dai-me a graça de, depois de pedir, pedir, pedir tudo aquilo que seja para a glória de meu Redentor, aceitar aquilo que me for dado com toda a resignação, como vós a tivestes”.
Mons João Clá Dias - 2/12/1999

sábado, 4 de março de 2017

O colorido do amor materno de Nossa Senhora


Em Nossa Senhora o que existe é o seguinte... Os muitos autores que tratam a respeito dessas coisas não quiseram se aprofundar inteiramente. Mas tudo isso tem aspectos infindos, e que são muito bonitos. Acontece o seguinte: é que Nosso Senhor usa como que de um estratagema para levar sua bondade, perfeitíssima, mais longe, aparentemente, do que Ela é. Quer dizer, nEle existe o equilíbrio perfeito entre a bondade e a justiça. E Ele quereria, entretanto, por bondade, levar a própria bondade um tanto mais longe do que Ele leva a justiça.
Eu já empreguei uma vez essa metáfora: a coisa é como um diretor de colégio em relação ao qual os alunos tivessem feito uma coisa tão horrorosa que ele não pudesse mais continuar diretor daquele colégio. Então ele, para romper, ele sabia que aqueles meninos cairiam na perdição. Não querendo que os meninos caíssem na perdição, ele diria à mãe: “Minha mãe, eu estou em condições que eu não posso mais voltar para esse colégio. Tomai, vós, a direção desse colégio, e entrai com a bondade com que vós me tratáveis quando eu era menino. E como vós sois outra pessoa que ainda não foi ofendida, ou ao menos foi menos ofendida, não foi diretamente ofendida, vós podeis, em sã galhardia, retomar essa direção. Sede ainda melhor do que eu fui, porque eles se deixarão conquistar”. E ele se ausenta.
Então, o amor que essa mãe vai ter para com os meninos de certo modo é maior do que o dele. Na realidade é um extremo do amor dEle. Mas é, por algum lado, maior do que o dEle. É o amor dEla que Ele não poderia praticar Ele mesmo. E há nisso uma candura, uma bondade, um requinte, que depois de crucificado Ele dê a Mãe... Porque naquele “Mãe, eis aí o teu filho”, eu tenho impressão que Ele deu todo o gênero humano a Ela. “Olha aqui a Mãe...” E que Mãe! Que coisa fantástica! Quer dizer, uma coisa que não tem palavras.
Então, quando vem um dizer essas bobagens de que está levando o culto a Nossa Senhora mais longe do que o de Nosso Senhor, etc., não entenderam nada. Não percamos tempo!
Plinio Corrêa de Oliveira - 07/02/91

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Porta de misericórdia

Nossa Senhora concede às vezes graças de um modo tal que, na vida inteira, fica a alma marcada com fogo. É fogo do Céu, não da Terra e menos ainda do Inferno: a convicção de que podemos recorrer a Ela em circunstâncias mil vezes mais indefensáveis, e sempre Ela nos perdoará de novo, porque abriu para nós uma porta de misericórdia que ninguém fechará.

Plinio Corrêa de Oliveira

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Nossa Senhora do Suspiro

[…] Satanás, porque é orgulhoso, sofre incomparavelmente mais, por ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja humildade o humilha mais do que o poder divino; segundo, porque Deus concedeu a Maria tão grande poder sobre os demônios, que, como muitas vezes se viram obrigados a confessar, pela boca dos possessos, infunde-lhes mais temor um só de seus suspiros por uma alma, que as orações de todos os santos […] 1
Um suspiro de Nossa Senhora por uma alma vale mais do que as orações de todos os anjos e todos os santos juntos. Quase que dá vontade a gente rezar a Nossa Senhora do Suspiro. Ai, minha Mãe, suspirai uma vez só por mim e eu serei salvo. ( Mons João Clá Dias)

1 São Luis M G de Monfort. Tratado da verdadeira devoção à Santíssima Virgem

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Mãe da Divina Providência

O amor materno de Maria tem força regeneradora para elevar e santificar uma alma; Ela é a Medianeira das graças necessárias para a justificação daquele a quem Ela ama. Confiemos a todo instante em Nossa Senhora, lembrando-nos sempre de sua extrema meiguice para conosco, de sua compaixão para com as misérias de cada um de nós. Tenhamos presente que, na Salve Rainha, Nossa Senhora é chamada “Mãe de misericórdia”, e que o Lembrai-vos acentua a bondade d’Ela para com o pecador arrependido.
Sem nos compenetrarmos da misericórdia de Maria Santíssima, nada de bom faremos. Cultivando-a, nossa alma se cumula de confiança, de alegria e de ânimo. Tendo a Mãe da Divina Providência como nossa própria Mãe, nada nos deve abater. Ela tudo resolverá se, confiantes, implorarmos seu maternal socorro.

Plinio Corrêa de Oliveira – Extraído de conferência de 16/11/1965