quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Imaculado Coração de Maria

Comentários de Dr Plinio Correa de Oliveira a respeito da imagem ao lado:

“Imagem especialmente piedosa, exprimindo de modo tocante o insondável afeto de Mãe, a bondade, a misericórdia, a pureza e todas as excelsas virtudes que Nossa Senhora possui num grau inconcebível por nós.

O quadro A representa no seu resplendor, segurando o coração com a mão, como se este houvesse rompido o peito para se mostrar aparente aos homens e oferecido pela Santíssima Virgem: ‘Ele é vosso; dou, se me pedirdes’. Portanto, é um convite à prece, à súplica ao Imaculado Coração d’Ela, feito por Ela mesma: ‘Sede devotos do meu Imaculado Coração e recebereis graças incontáveis’.”

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Refúgio por excelência


Está na perfeição de Maria Santíssima ser um imenso, perene e contínuo refúgio para todos os seus filhos, de modo especial em relação aos pecadores, sejam eles quais forem, culpados de faltas leves ou graves. Tudo que diz respeito a Nossa Senhora é admirável, extraordinário, excedendo a nossa capacidade de cogitação. Assim também a sua disposição em amparar os que andaram mal, em perdoar pecados de tamanho inimaginável e ingratidões insondáveis, desde que a alma se volte para Ela e Lhe peça o maternal auxílio.

A Mãe de Deus pode cobrir tudo, proteger tudo, alcançar toda espécie de perdão para toda espécie de crime. Ela é, na verdade, o nosso refúgio por excelência

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Graças obtidas por Nossa Senhora


Podemos imaginar que, por ocasião de Pentecostes, estava Nossa Senhora sentada numa cadeira de braços como se fosse um trono, colocado num estrado, tendo diante d’Ela os doze Apóstolos sentados em tronos menores, dispostos mais ou menos em semicírculo.

Todos rezavam, pois haviam feito um longo recolhimento espiritual e suplicaram graças, as quais desceram sobre cada um deles em torrentes, a rogos de Maria Santíssima, medianeira de todos os dons divinos. Segundo nos ensina a doutrina católica, Nosso Senhor sempre atende os pedidos de sua Mãe em nosso favor, e Ela tem para conosco toda espécie de misericórdias e bondades, alcançando-nos não apenas as graças de que necessitamos, como também o conhecimento exato e a justa ponderação de nossas faltas e imperfeições. Em seguida, o pesar, ou seja, a contrição. Esta é preciosa, pois torna agradável a Deus a alma até há pouco carregada de pecados.

Continuando a se dirigir a Deus, sempre por meio da Virgem Maria, a alma recebe graças e mais graças.

Quantos e que espécie de favores divinos os Apóstolos terão alcançado, estando assim juntos de Nossa Senhora, participando de seu convívio e com Ela conversando?

Podemos imaginar que, nessa situação, um deles talvez tenha se levantado, feito-Lhe uma vênia profunda, ajoelhou-se, acusou-se de seus pecados e pediu perdão. E a Mãe de Deus, fitando-o com bondade e delicadeza inigualáveis, lhe diz: “Filho, vou rezar por ti. Tem certeza, teus pecados serão perdoados”. Permanecendo mais um tempo genuflexo, ele afinal se ergue e retorna ao seu lugar...

Crepita um ardor na sala. E um a um, os demais Apóstolos procedem da mesma forma. Aproveitam para contar fatos da vida de Nosso Senhor, ocorridos no convívio deles com o Divino Mestre, que os outros ouvem com avidez extraordinária. Nesse ambiente — de um silêncio eloquente, ou eloqüência silenciosa — o fervor aumenta e em determinado momento todos se sentem mais no Céu do que na Terra.

O espírito de Nossa Senhora paira a uma altura inimaginável, sem perder contato com os filhos d’Ela. Em certa hora, uma luz começa a aparecer. Quando ela se torna mais intensa e se generaliza, há um estouro harmônico e perfumado. Os anjos cantam, Nossa Senhora está recolhidíssima, como no instante em que se deu a Encarnação do Verbo em seu seio puríssimo, ou quando Ela segurou em suas mãos o Menino Jesus, logo após Lhe ter dado à luz, e seus olhares pela primeira vez se cruzaram.

Tudo isso se pode imaginar com cuidado, para não se cair em erro. Porque a imaginação voa, e é capaz de nos levar a sérios enganos. Assim, nunca devemos conjecturar algo que não esteja de acordo com a doutrina da Igreja baseada na Escritura, a qual foi redigida sob a inspiração do Espírito Santo. Contudo, nossa alma pode supor coisas que alimentem seu próprio fervor e nos proporcionem a ideia de como os fatos se teriam passado.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Stabat Mater

Estava a Mãe dolorosa, ao pé da Cruz, lacrimosa, e o Filho pendente dela.

Dura espada lhe rasgava a alma pura, com dor, tristeza e gemidos.

O Stabat Mater coloca diante nós o mais comovente dos quadros, e nos leva a fazer pedidos de que esta situação trágica de fato nos comova, reconhecendo a fundo a maldade e a dureza humanas, insensíveis a tanta dor.

Eia Mãe fonte de amores, fazei que essas fortes dores eu sinta e convosco chore.

Quer dizer, que eu me solidarize convosco. Concedei à minha alma uma participação na vossa dor.

Fazei que a alma se me inflame, para que a Cristo Deus só ame e só busque o seu agrado.

Depois da solidariedade, implora-se algo mais alto: uma união tal que eu só ame a Ele, Cristo Jesus.
Santa Mãe, isso vos peço, fique o peito bem impresso das chagas do Crucificado.

Note-se como está bem graduado e pensado: solidariedade, amor exclusivo, participação no sofrimento d’Ele aqui na Terra. Quero ter impressas em mim as chagas de Jesus.

E por fim:

Fazei-me, enquanto viver, com meu Jesus condoer, convosco chorar deveras.
Pede-se a graça da perseverança, para que durante minha existência inteira essa disposição de alma permaneça viva. Amém.

Percebe-se, dessa forma, a maravilha de Fé, lógica, coerência e humildade contida nessa oração. E esta outra característica, não menos bela: posto diante de Cristo crucificado, o fiel não se dirige diretamente ao Redentor, mas a Nossa Senhora, sabendo ser Esta o caminho mais certo e seguro de chegar a Ele. Então, aceitando a mediação universal de Maria, roga-Lhe sua intercessão para que suas preces sejam ouvidas pelo Senhor Jesus.

Na verdade, o Stabat Mater é uma poesia tão singela, tão simples, que requer profunda análise para se compreender e admirar os tesouros de teologia e virtudes nela encerrados.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Cântico da fidelidade

Segundo as revelações de Sóror Maria de Ágreda, na noite do sábado da Paixão, Nossa Senhora “fazia heróicos atos de Fé, esperança, amor, veneração e culto à divindade e humanidade de seu Filho e Deus verdadeiro; com genuflexões e prostrações O adorava, e com admiráveis cânticos O bendizia”.

Um quadro extraordinário se nos apresenta à imaginação: Maria Santíssima, sozinha no silêncio daquela noite trágica, talvez no próprio recinto onde se realizou a Última Ceia, interrompendo suas preces para cantar as suas reparações ao Criador. Ela que entoara o Magnificat num momento de gáudio indizível, agora compensava, pelo seu cântico de fidelidade, todas as injúrias e ofensas sofridas por Jesus.

Cena em extremo tocante, contemplada apenas pelos Anjos: na noite da desolação, o canto da alma mais virtuosa em toda a Terra elevando-se até o Céu...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Nosso Senhor e Nossa Senhora, ápices da harmonia

Na ordem meramente criada, a harmonia se revelou de forma mais perfeita em Nossa Senhora. Ela é a mais excelente entre as simples criaturas, pois, segundo essa concepção, o expoente é aquele que contém em si as qualidades de todos os outros inferiores, por ele capituladas, compendiadas e contidas. Nossa Senhora, portanto, reunia em si todas as formas e graus de perfeição de todas as meras criaturas, n’Ela elevadas a um grau de sublimidade sem paralelo.

Quer dizer, entra a Virgem Maria e nós não há somente um abismo insondável, mas uma série deles, de tal maneira Ela sobrepuja o resto dos homens.

Claro está, Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua humanidade santíssima, é o único acima de sua Mãe. Aliás, algumas revelações de Sóror Maria de Ágreda a respeito de ambos, nos dão a conhecer aspectos tocantes. Segundo a vidente, o Divino Redentor era sumamente parecido com Nossa Senhora, cujo rosto seria a transposição para um semblante feminino do semblante masculino de Jesus. Então, a perfeição de todas as perfeições tinha de ser, forçosamente a Sagrada Face de nosso Salvador.

Por quê? Pelo olhar e fisionomia, Ele espelhava todas as formas e graus de excelência de alma possíveis no homem, além de sua natureza divina inefável. Por outro lado, sendo perfeito, o que Nosso Senhor deveria ter de mais sublime era a face, pois esta é a condensação de todas as riquezas do corpo.

Certo estou de que se alguém conseguisse conhecer essa Face em seu estado normal (não, portanto, desfigurada pelas torturas da Paixão), na sua integridade, compreenderia que as proporções de seus traços tinha de conter as regras de harmonias do universo, cuja beleza nos seria dado decifrar, em se estudando o mesmo sagrado semblante.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Seriedade no exame de consciência


Pois em matéria de apuração de méritos e responsabilidades próprias, existe o princípio de que não se deve ser escrupuloso nem ter incertezas artificiais e ridículas sobre o que objetivamente se fez ou não. Tampouco devemos ter indecisões tontas acerca do conteúdo e da amplitude da regra pela qual se julga tal ou tal situação ou ato que se praticou.
Mas, afastado o terreno dos escrúpulos, quando cada um interpreta suas ações, entra o reino da severidade, magnífico, augusto, de cores sombrias, de um lilás profundo como o da mais escura das quaresmeiras, onde a pessoa se põe, não diante de suas próprias condições subjetivas, nem mesmo da opinião dos outros, mas tão-só face à infinita intransigência de Deus.
E não se pergunta a si mesmo se a imperfeição, a transgressão que pode ter tido a desventura ou a desgraça de cometer é algo maior ou menor na gama comum do pecado, da infidelidade ou, pelo menos, da negligência.
Não se indaga sobre isso, porque não importa. Nosso Juiz supremo não é o próximo, mas Aquele que está no Céu, sentado à mão direita de Deus Pai, donde virá para julgar os vivos e os mortos. E se muito provavelmente até alguns dos santos elevados ao mais alto da bem-aventurança eterna, gozando da glória dos eleitos, tiveram de passar pelo Purgatório, não podemos nós nos eximir de nos examinarmos com seriedade.
Vale dizer que nas chamas do Purgatório a alma tem dois lenitivos inenarráveis: primeiro, a certeza de que suas penas acabarão, desfechando no mar de uma felicidade sem fim. Segundo, tendo falecido em estado de graça, ela fica animada de uma intransigência parecida com a do próprio Deus, e se quer ali dentro, purificando-se, porque merece. Os fiéis vivos, por meio de orações, poderão obter que seus padecimentos sejam abreviados. Porém, na medida em que os insondáveis desígnios de Deus disponham o contrário, a primeira a desejar tal purificação é ela mesma.
Assim, é sob esta luz que devemos fazer nosso exame de consciência.
Sereis tanto mais íntegros no analisar, querer, fazer, e mais fiéis à graça que recebeis, quanto mais procurardes ser assim.
Cada um precisa ser inflexível juiz de si próprio, ávido das agravantes, procurando todas as circunstâncias que lhe possam escapar ao olhar, sabendo-se sempre suspeito de bonacheirice quando voltado para ele mesmo.
Além disso, cumpre existir almas que, em nenhum momento, por mais implacáveis que sejam consigo, duvidem de que Nossa Senhora intervirá com sua insondável bondade e muito nos dará, pois nosso caminho é o do Céu, pelo qual Ela nos conduz com sua maternal proteção.
Essa atitude é amor à justiça de Deus e confiança na sua misericórdia.
 Fazer um auto-julgamento assim, tereis, talvez, a impressão de que ele é excessivo.
Mas, se levardes em consideração que a própria Virgem Maria julgou- se culpada pela fuga do Menino Jesus para o Templo... Ela, que tinha recebido a Anunciação do Anjo e em cujo claustro imaculado se deu a Encarnação do Verbo; que trouxe ao mundo o Salvador e d’Ele recolheu os afagos na noite de Natal; que não se continha de adoração contemplando seu Filho crescer em graça e santidade diante de Deus e dos homens, achou que podia haver n’Ela algo que desagradara o Divino Infante!
Quem somos nós, pois, para não formarmos a nosso respeito hipótese semelhante? Quem de nós se atreve a se comparar com Maria Santíssima? A idéia nem pode passar pela nossa cabeça. Entretanto, Ela se julgou dessa forma, e nós não procederemos assim? Onde está a lógica? Onde a coerência?
Que o Santíssimo Sacramento e pelas mãos de Nossa Senhora a todos abençoe, e nos infunda este espírito de justiça e misericórdia. Amém.
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Gancho que liberta o pecador do pecado

Uma prece de uma alma outrora possuidora de grande inocência, perdida por causa do pecado.
Tendo se afastado de Nossa Senhora, ela se volta para a Santíssima Virgem e Lhe diz: “Ai, que saudades!”.
E apesar do seu pecado, ela — a devedora! — cobra da Mãe de Deus a reciprocidade: “Tenho saudades. Não é natural que Vós tenhais também?!”
Essa pergunta, dirigida a uma mãe, produz o resultado que conhecemos.
Forma-se, assim, uma espécie de gancho no qual o pecador se agarra e sobe. É uma súplica muito adequada para uma época como a nossa, onde as ofensas a Deus são superabundantes, terríveis, e as infestações, medonhas.
E para qualquer homem que alguma vez amou Nossa Senhora, essa prece ficará bem em seus lábios.
Se, porventura, alguém declarasse: “Mas, nunca amei Nossa Senhora”, eu lhe recomendaria que dissesse à Virgem Bendita: “Minha Mãe, quem vos amou, pode rezar. Muito pior é a situação em que me encontro, pois nunca vos amei, e não posso sequer dirigir-vos essa súplica. Hoje, porém, compreendo quão lastimável é o estado de um homem que nunca vos teve por Mãe. Não posso perguntar se tendes saudades de mim, porque nunca fui vosso! Mas, se tendes pena de quem foi vosso, quanto mais não deveis ter de quem nunca o foi?!
“Vendo minha situação, ó Mãe, não vos compadeceis? Vinde e salvai-me!”

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Triste situação do que retorna ao pecado

Para se compreender o que caracteriza a oração, devemos considerar que o mundo de hoje naufragou num tal abismo de relaxamento moral que bem poucos são os que ingressam no nosso movimento sem nunca ter cometido um pecado grave. A maioria são dos que se converteram, abandonaram os maus hábitos e abraçaram as vias da virtude. Depois, infelizmente, pode suceder que algum recaia no pecado. Então, é uma miséria que se soma a outra. Na linguagem acerba e veraz de São Pedro, “o cão volta ao seu vômito”. Quer dizer, o indivíduo vomitou o pecado, mas, ao recair, procura alimentar-se do que lançou fora de si, à semelhança do procedimento de alguns cachorros.
Segundo o Evangelho, Nosso Senhor fala de um homem infestado pelo espírito maligno. Ele foi exorcizado, expulso o demônio que o atormentava, e sua alma se tornou como uma casa limpa.
Entretanto, da narração se pode deduzir que ele pecou de novo, e sua casa, ou seja, sua alma, ficou ainda mais infestada que antes, atormentada por vários demônios. Nosso Senhor fala em sete, mas sabe-se que este é um número simbólico. Na realidade, sobreveio uma falange de espíritos imundos para povoarem a alma daquele que tinha sido exorcizado.
Mas, a oração apelando para a misericórdia de Nossa Senhora obtém a segunda desinfestação, que é definitiva.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Oração da confiança filial

Acontece que, quanto mais uma prece incute confiança, tanto mais ela tem condições de ser ouvida pelo Céu. E o pecador, de si, não tem nenhum título para ser acolhido. Porém, se confia, apesar dos seus pecados, sua atitude adquire mérito, pois é duro confiar quando se ofendeu a Deus. Esse ato difícil o faltoso realiza. E assim, essa oração não é a do pecador que se arrependeu e se converteu, mas daquele que se sabe um pulha, um nada, sem nenhuma qualidade que agrade a Nossa Senhora, senão sua confiança.
Diz ele a Maria Santíssima: “Vós me favorecestes e me amastes tanto outrora, não tendes saudades desse tempo? Minha Mãe, se tenho saudades, será que Vós não tendes também?”
Imagine-se uma mãe que expulsou seu filho de casa, por grave e justo motivo. Certo dia, andando pela rua, ela se encontra com o rapaz. Procura manter uma fisionomia severa, condigna com a situação imposta pelos fatos. Contudo, se o filho lhe disser: “Mamãe, mereci ser expulso, mas que saudades tenho de vossa casa!”, qual será o efeito disso no coração materno?
Por mais que ela deseje manter a cara amarrada e séria, a misericórdia fala mais alto e a inclina para a clemência. A fim de que esse movimento seja completo, o filho pergunta: “Será que vós, vendo minhas saudades, não tendes também saudades do meu afeto?”
Isso é muito psicológico e cogente. É a súplica esperançada do desesperado.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Imaculada Conceição

Nossa Senhora, concebida sem pecado original, realmente pisa na cabeça do demônio. E, portanto, o profundo sentido teológico que há no fato de se representar a imagem da Imaculada Conceição calcando a serpente.
Imaculada Conceição! Essa é a invocação propícia para os filhos d’Ela. O modelo para estes é Nossa Senhora que, ao contrário de Eva, não conversa com a serpente e, ademais, esmaga-lhe constantemente a cabeça. Tal é a atitude de espírito que devemos pedir a Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Pois, que outra coisa é o calcanhar da Virgem, senão os filhos que Ela suscitou para seu serviço, humildes, desapegados de honras e glórias mundanas, unicamente desejosos de serem instrumentos d’Ela para acabar com o mal?
Esse deve ser nosso maior anelo: sermos células vivas do glorioso calcanhar da Santíssima Virgem, a cuja pressão nada tem resistido ao longo da História!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Maria e a redenção

Tendo Satanás conseguido arrastar nossos primeiros pais ao pecado original, as vantagens que lhe traria essa queda, caso não houvesse a futura Redenção, seriam simplesmente espetaculares. O homem, criatura nobre de Deus, ficou desfigurado pelo pecado e sujeito às más tendências. Com isso, tornou-se incalculável o número de pessoas capazes de cair, ao longo dos séculos, no Inferno. Portanto, imenso foi o êxito imediato que o demônio obteve com o pecado de Adão e Eva.
O único modo de anular esse triunfo do mal seria o Verbo se encarnar e, enquanto Homem-Deus, oferecer-se como vítima pela nossa salvação.
Ora, essa vitória do Bem teve sua primeira realização no nascimento de uma criatura excelsa, imaculada, que, apesar de todos os embustes do demônio, surgia livre da trama na qual ele pretendia envolver todo o gênero humano. Em favor dessa criatura, Deus rompeu a urdidura satânica, e Ela nasceu inteiramente fora da lei do pecado original. Essa criatura eleita é Maria Santíssima, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, a raiz da salvação do mundo, o ponto de partida da Redenção da humanidade, foi o fato de Nossa Senhora ter sido concebida isenta do pecado original.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Maria cheia de graça

Porque concebida sem pecado original, Nossa Senhora, afirmam os teólogos, foi dotada do uso da razão desde o primeiro instante de seu ser. Portanto, já no ventre materno Ela possuía altíssimos e sublimíssimos pensamentos, vivendo no seio de Sant’Ana como num verdadeiro tabernáculo.
Temos uma confirmação indireta disso no que narra a Sagrada Escritura (Lc 1, 44) a respeito de São João Batista. Ele, que fora engendrado no pecado original, ao ouvir a voz de Nossa Senhora saudando Santa Isabel, estremeceu de alegria no seio de sua mãe. Assim, pode-se acreditar que a Bem-aventurada Virgem, com a altíssima ciência que recebera pela graça de Deus, já no seio de Sant’Ana começou a pedir a vinda do Messias e, com Ele, a derrota de todo mal no gênero humano. E desde o ventre materno se estabeleceu, certamente, no espírito de Maria, aquele elevadíssimo intuito de vir a ser, um dia, a servidora da Mãe do Salvador.
Na realidade, por essa forma Nossa Senhora já começava a influir nos destinos da humanidade. Sua presença na Terra era uma fonte de graças para todos aqueles que d’Ela se aproximavam na sua infância, ou mesmo quando ainda se encontrava no seio de Sant’Ana. Pois se da túnica de Nosso Senhor — conta o Evangelho (Lc 8, 44-47) — se irradiavam virtudes curativas para quem a tocasse, quanto mais da Mãe de Deus, Vaso de Eleição!
Por isso, pode-se dizer que, embora fosse Ela criancinha, já em seu natal graças imensas raiaram para a humanidade.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

“Como um exército em ordem de batalha”

Narra a Sagrada Escritura que o Padre Eterno, depois de concluída a obra da Criação, repousou na enlevada consideração do que Ele tinha feito. Descansou, porém, tendo-se proposto criar um ser que superasse em maravilha tudo o que até então sua onipotência realizara, uma mulher da qual haveria de nascer o Verbo Encarnado. E foi precisamente no momento da Conceição Imaculada de Nossa Senhora que Deus executou essa sua obra-prima.
Concebida sem pecado original, Nossa Senhora não sentia em si nenhuma inclinação para o que fosse ruim. Pelo contrário, possuía todas as facilidades para dar à graça de Deus uma perfeita e constante correspondência. De sorte que, n’Ela, as grandezas sobrenatural e natural se entrelaçavam numa profunda e maravilhosa harmonia.
Em conseqüência, Nossa Senhora tinha como ninguém uma altíssima noção da excelência de Deus, e da glória que Lhe devem render todas as criaturas. Por isso, nutria em sua alma vivíssimo horror ao pecado, que é um ultraje à mesma glória divina. Donde possuir Ela, também, uma ardorosa combatividade, no sentido de execrar toda forma de mal.
Compreende-se, à vista disto, porque Nossa Senhora é comparada a um exército em ordem de batalha: sicut castrorum acies ordinata. Ou, como d’Ela se diz, que sozinha esmagou todas as heresias na Terra inteira. Por quê? Exatamente porque, já no privilégio de sua Imaculada Conceição, Ela é o modelo de combate ao mal.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A realeza e da misericórdia de Nossa Senhora

Poder-se-ia afirmar tratar-se da realeza da castidade. Maria Santíssima é a Soberana de todo esse sector do universo chamado pureza, de tudo capaz de ser considerado casto, com primazia para a alma humana. Nossa Senhora possui a castidade em grau tão supereminente, que todas as purezas abaixo da d’Ela não são senão pálida figura da sua virgindade.
E a pureza tem em si algo que é oposto, não contraditório, com a misericórdia. Porque a castidade é profundamente exclusiva. A pessoa pura constitui em torno dela uma espécie de halo que se chama pudor, uma distância de tudo que não seja casto. Ela é inquebrantável quanto à impureza, mostra-se altaneira em relação a esta e a afasta para longe. Donde entre o puro e o impuro se estabelecer uma situação parecida com a que se poderia imaginar numa cena da Revolução Francesa, entre a Rainha Maria Antonieta e um daqueles ferozes revolucionários. Ela representaria de algum modo a pureza, a ordem, e ele, a revolta, o partidário de toda feiúra, sordície e más maneiras.
Tal cena exprimiria de maneira ténue a ideia de que realeza e pureza se casam com toda a intransigência inerente aos conceitos de ambas. Isto de um lado.
De outro, porém, Nossa Senhora possui insondável misericórdia, inclusive e principalmente para com o impuro. Embora faltoso, este continua sendo seu filho, e Ela o considera com seu ilimitado desvelo de Mãe, com sua incansável bondade, desejando perdoá-lo a todo momento, reerguê-lo e tirá-lo da charneca.
Ora, a conjunção de todas essas qualidades da Santíssima Virgem fala-nos na alma de forma inenarrável. Ela é um modelo a ser imitado custe o que custar, um auxílio no qual se deve confiar a todo preço, por pior que seja a situação. A bem dizer, duas incondicionalidades: na vontade de imitar, no propósito de esperar o perdão e a clemência.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Na vossa luz veremos a luz

Ó minha Mãe, Medianeira de todas as graças, na vossa luz veremos a luz. Mãe, antes ficar cego do que deixar de ver vossa luz, porque vê-la é viver. Na sua claridade contemplaremos todas as luzes; e sem ela, nenhuma luz refulge. Não considerarei vida os momentos em que ela não brilhar; e eu, da vida, não quererei ter mais nada do que a mente banhada por essa luz.
Ó luz!, eu vos seguirei custe o que custar: pelos vales, montes, desertos e ilhas; pelas torturas, pelos abandonos e olvidos; pelas perseguições e tentações, pelos infortúnios, pelas alegrias e triunfos. Eu vos seguirei de tal maneira que, mesmo no fastígio da glória, não me incomodarei com ela, porque só me preocuparei convosco.
Eu vos vi, e até o Céu não desejarei outra coisa, porque, uma vez, vos contemplei!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

A grande lição de Lourdes

Entre as aparições de Nossa Senhora nos últimos dois séculos, Lourdes ocupa, ao lado de Fátima, um lugar de primeira grandeza. Esses dois acontecimentos vinculados intimamente um ao outro, ambos fazendo pressentir o futuro Reinado do Imaculado Coração de Maria sobre a humanidade.
Enquanto em Fátima o amor materno de Maria pelos homens se traduziu especialmente em palavras de advertência sobre a alarmante derrapagem moral do mundo, em Lourdes quis Ela como que nos proporcionar um antegosto da prometida era marial, por meio de uma extraordinária efusão de graças sensíveis que provocam conversões inesperadas, coroadas muitas vezes por estupendos milagres.

Dentre os inúmeros relatos das aparições de Nossa Senhora em Lourdes, muito significativo é o de um funcionário público dessa localidade dos Pirineus. Sem fugir ao costume de seu tempo, era ele um homem cético para com as coisas de Deus e da religião, até o momento em que a Providência determinou tocar sua alma e o levou a presenciar um dos colóquios de Santa Bernadette com a Imaculada Conceição. Seu testemunho, de insuspeitada franqueza, é uma das eloquentes provas da autenticidade dessas aparições. Eis um bonito trecho de sua narrativa:
De repente, como se um raio a houvesse tocado, ela (Bernadette) teve um sobressalto de admiração e pareceu nascer para uma segunda vida. (Uma luminosidade especial) a envolvia toda. Espontaneamente, sem cálculo, com um movimento maquinal, os homens que lá estávamos tiramos nossos chapéus e nos inclinamos como as mais humildes mulheres. A hora das objeções passara e, a exemplo de todos os que assistiam a esta cena celeste, olhávamos da moça estática para o rochedo, do rochedo para a moça.
Sorridente ou séria, Bernardette aprovava com a cabeça, ou parecia mesmo interrogar. Quando a Senhora falava, ela estremecia de felicidade. Quando, ao contrário, era ela que fazia ouvir suas súplicas, humilhava-se e se comovia até as lágrimas. Comumente, a vidente terminava suas preces por saudações dirigidas à Senhora invisível. Eu conhecia o mundo talvez até demais. Encontrara já pessoas que eram modelos de graça e distinção, mas jamais vi alguém saudar com a graça e distinção de Bernardette. Ao terminar a visão, porém, voltamos a ter diante de nós somente a figura amável, mas rústica, da filha dos Soubirous.
Após a cena que acabo de descrever, eu me sentia como um homem que acabou de sonhar e me afastei da gruta. Não conseguia voltar a mim, e um mundo de pensamentos me agitavam a alma. A Senhora do rochedo ocultava-se bem, mas eu sentira a sua presença, e estava convencido de que o seu olhar maternal voltara-se para mim. Oh! hora solene de minha vida! Perturbava-me até o delírio pensando como eu, o homem das ironias e das presunções, tivesse sido admitido a ocupar um lugar perto da Rainha do Céu.
O cético acreditou e se converteu
Por suas comovedoras palavras, entende-se que esse homem, todo embebido de orgulho e ceticismo, foi ali objeto de uma graça insigne e se converteu. Tinha ele se dirigido à gruta — segundo confessa — mais disposto a se divertir do que a acreditar nas aparições. Porém, ao reparar nas atitudes de Santa Bernadette durante os diálogos com Nossa Senhora, teve ele, por uma intuição psicológica direta, a noção de que a Interlocutora da menina realmente existia. Ela não podia ser uma abstração, algo tirado do vácuo, uma fantasia. A jovem camponesa estava falando com alguém, e seu modo de proceder tinha todas as características objetivas de quem entabula uma conversa com outra pessoa. De maneira que era inimitável a autenticidade da cena. E, portanto, a Santíssima Virgem existia, e estava ali presente. O cético acreditou e se converteu.
Enobrecida no trato com Nossa Senhora
Não deixa de ser muito interessante um dos indícios que ele aponta da veracidade das aparições, ou seja, a também inimitável distinção de atitudes da vidente, no momento dos colóquios.
Santa Bernadette era uma moça rústica. Quem a vê nas fotografias, nota tratar-se fundamentalmente de uma camponesa. Pois bem, apesar disso, ao estar com Nossa Senhora, ela Lhe falava e A cumprimentava com uma elegância extraordinária. Tanta que o funcionário público declara não ter conhecido pessoa — e ele privara com muitas — mais distinta que Bernadette. Porém, terminando a visão, ela voltava a ser a filha dos camponeses Soubirous.
Quer dizer, era uma nobreza comunicada a ela pelo contato com Nossa Senhora. Passada a aparição, ela mudava de jeito. Seria mais ou menos como se uma pessoa de condição muito modesta fosse chamada a conversar com a rainha da Inglaterra e, nesse encontro, tivesse atitudes e maneiras mais finas do que no seu cotidiano. Haveria uma espécie de filtração dos predicados da rainha para a pessoa com quem ela se dignou estabelecer uma interlocução. O mesmo se dava nas aparições de Lourdes.
Primeira gota de uma inundação de graças
Outro fato interessante a salientar é a própria conversão desse homem. Ele diz que saiu da gruta ao mesmo tempo humilhado e pasmo, pois não podia crer que alguém tão cheio de dúvidas e ceticismo como ele houvesse sido tão bem tratado por Nossa Senhora. Na verdade, deu-se um milagre gratuito em favor dele, uma vez que o convertido de nenhum modo merecia ter esta espécie de visão indireta da Virgem Imaculada. E, com o simples reflexo da presença d’Ela sobre a figura de Santa Bernadette, Maria comoveu a alma desse homem e acabou com todos os seus orgulhos.
Pela expressão curiosa dele, vê-se que seu pensamento é o seguinte: “Eu era muito presunçoso, estava contra-indicado para receber essa graça, mas agora me sinto tocado por ela. Como é misericordiosa a graça que bate em portas tão conspurcadas, de modo que não se possam recusar a abrir!”
Foi, portanto, uma obra maravilhosa feita pela graça na alma desse homem, precursora do que se realizaria com tantos milhares e milhares de almas que passariam por Lourdes e seriam colhidas pelo milagre. E de tantas outras que, mesmo longe da gruta de Massabielle, se converteriam ouvindo falar dos prodígios ali operados por Nossa Senhora. Foi a primeira gota de uma verdadeira inundação de graças que viria para o mundo, iniciando-se em 11 de fevereiro de 1858.
Preciosos ensinamentos
Esses, como todos os acontecimentos de Lourdes, são ricos em ensinamentos para nós. A mais valiosa dessas lições será, talvez, a respeito do sofrimento.
Até nossos dias, vemos manifestarem-se em Lourdes algumas atitudes de Nossa Senhora — e da Providência, com quem Ela vive em íntima união — diante da dor humana. Dentro da perfeição dos planos divinos, essas atitudes têm sua razão de ser, apesar de parecerem até contraditórias.
De um lado, chama a atenção a pena que Nossa Senhora tem dos padecimentos físicos dos homens. Numa extraordinária manifestação de sua insondável bondade materna, atende seus rogos e pratica milagres para lhes curar os corpos.
Nossa Senhora tem igualmente compaixão das almas, e para provar que a Fé Católica é verdadeira, pratica milagres a fim de operar conversões.
Mas existe outra realidade em Lourdes, não menos significativa: são os inúmeros doentes que de lá voltam sem o tão almejado restabelecimento. Por que misteriosa razão Nossa Senhora devolve a saúde física a uns e não a devolve a outros? Qual a razão mais profunda disso?
Creio que essa ausência de cura pode ser tomada como um dos mais estupendos milagres de Lourdes, se considerarmos que, para a imensa maioria das almas, o sofrimento e as doenças são necessários para se santificarem. É por meio das provações físicas e morais que elas atingem a perfeição espiritual a que foram chamadas. E quem não compreende o papel do sofrimento e da dor para operar nas almas o desapego, a regeneração, para fazê-las crescer no amor a Deus, não compreende absolutamente nada. É por essa forma que, via de regra, os homens alcançam a bem-aventurança eterna. E tão indispensável nos é o sofrimento para chegarmos ao Céu, que São Francisco de Sales não hesitava em qualificá-lo de 8º sacramento.
Ora, Nossa Senhora agiria contra o interesse da salvação das almas, se as livrasse todas das doenças. Claro está que, para determinadas pessoas, por circunstâncias e desígnios especiais, de algum modo convém subtrair-lhes o sofrimento. São exceções. A maior parte dos que vão a Lourdes voltam sem ter obtido a cura.
Estupendos milagres morais
Como Mãe que ajuda os filhos a carregar seus fardos, Nossa Senhora em Lourdes concede ao doente uma tal conformidade com o padecimento, que não se tem notícia de alguém que, ali estando e não sendo curado, se revoltasse. Pelo contrário, as pessoas retornam ao seus lugares de origem imensamente resignadas, satisfeitas de terem podido fazer sua visita à célebre gruta dos milagres, e de contemplar a bondade de Maria para com outros infortunados.
Há mesmo o fato de não poucos doentes, vindos dos mais distantes países da terra, vendo em Lourdes a presença de pessoas mais necessitadas do que eles, dizerem a Nossa Senhora estar dispostos a abrir mão da própria cura, em favor daquelas. Quer dizer, aceitam o sofrimento e a doença em benefício do outro. É um verdadeiro milagre de amor ao próximo por amor de Deus. Milagre moral, arrancado ao egoísmo humano; milagre mais estupendo que uma cura propriamente dita.
Se bela é essa resignação, mais bonita ainda é a generosidade cristã das freiras do convento carmelita de Lourdes. São contemplativas recolhidas que têm o propósito de expiar e sofrer todas as doenças, a fim de obter para os corpos e almas dos incontáveis peregrinos as graças e favores que eles vão ali suplicar. Nunca pedem sua própria cura, e aceitam todas as enfermidades que a Providência disponha caírem sobre elas, em benefício daqueles peregrinos. Padecem horrores, levam às vezes uma vida inteira de sofrimentos ou morrem de uma morte prematura, com esse intuito especial de fazer bem a outras almas.
Quando deitamos um olhar no mundo a nosso redor e consideramos as misérias da natureza humana decaída pelo pecado original, compreendemos que semelhantes atos de abnegação se acham tão distantes do nosso egoísmo e causam uma tal repulsa ao nosso amor-próprio, que constituem um milagre maior do que todas as espetaculares curas verificadas em Lourdes. Esses atos demonstram que a primordial intenção de Nossa Senhora é produzir esses milagres de caráter moral que conduzem as almas ao Céu.
Pois Nossa Senhora não seria Ela, se aparecesse em Lourdes para fazer bem aos corpos que perecem, e não o fazer às almas imortais. Nem seria verdadeiro esse amor dEla aos homens, se não tivesse por principal objectivo levá-los ao amor de Deus. Porque nada de melhor para nós se pode desejar.
O grande ensinamento de Lourdes
Então compreendemos o grande ensinamento de Lourdes. Não é o apologético, tão imenso, tão importante. Mas é esse da aceitação da dor, do sofrimento, e até da derrota e do fracasso, se for preciso.
Alguém objectará: É muito difícil resignar-se a carregar a dor por essa forma.
Encontramos a resposta na agonia de Nosso Senhor Jesus Cristo, no Horto das Oliveiras. Posto diante de todo o sofrimento que O aguardava, Ele disse ao Pai Eterno: “Se for possível, afaste-se de mim este cálice. Mas seja feita a vossa vontade e não a minha”.
O resultado é que veio um Anjo consolar Nosso Senhor.
Essa é a posição que cada um de nós deve ter em face de suas dores particulares: se for possível, que elas sejam afastadas de meu caminho. Porém, seja feita a superior vontade de Deus e não a minha. E a exemplo do que ocorreu com Jesus no Horto, a graça nos consolará também, nas provações que Maria Santíssima nos enviar.
Tenhamos, portanto, coragem, ânimo, compreensão do significado do sofrimento e alegria por sofrermos: estamos preparando nossas almas para o Céu.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Digitus Dei est hic”

O dedo de Deus está aqui, escreveu D. Bertrand Laurence, Bispo de Tarbes (sudoeste da França), na Carta Pastoral em que reconhecia o caráter sobrenatural dos extraordinários acontecimentos ocorridos na pequena localidade de Lourdes. A partir de fevereiro de 1858, numa gruta nas proximidades deste lugar, uma bela e majestosa Senhora aparecera algumas vezes a uma simples e virtuosa adolescente, Bernadette, declarando ser a Imaculada Conceição. Era o ponto de partida para uma duradoura série de milagres portentosos, visando a restaurar o mundo em Cristo, por uma nova e incomparável efusão da redenção (Pio XII, Carta Encíclica sobre as Aparições da Santíssima Virgem em Lourdes).
Até hoje, 154 anos depois, quando um visitante se dirige a Lourdes em espírito de peregrinação, sente na gruta rios de graças. Tem-se a impressão de que Nossa Senhora se retirou há pouco, de que Bernadette está ainda viva em algum recanto da gruta, com uma mensagem extraordinária, um desígnio qualquer de Maria Santíssima para o futuro, diz João Clá Dias.Pressente-se uma abundância de bênçãos, concedidas de modo ininterrupto, com vistas a erguer um povo, a levantar e manter uma civilização enquanto modelo do mundo inteiro. Lourdes, muito mais do que atender a todos aqueles fiéis que por lá passam, parece feita para realizar uma missão especial. Não sei o que será. Talvez algo relacionado com o Reino de Maria, profetizado por São Luís Grignion de Montfort. Tem-se a impressão de que aquela fonte ultrapassará os séculos, e suas águas produzirão milagres maiores do que os operados até hoje. Há qualquer coisa de uma promessa, de um vigor, de uma generosidade marial que sobrepuja toda e qualquer expectativa”.
Nestes nossos dias tão conturbados pela violência, o despudor e a impiedade, a ocorrência de espectaculares milagres físicos e, sobretudo, espirituais em Lourdes nos diz que a Providência continua a velar amorosamente por sua Igreja e por todos nós. Convida-nos também a discernir a crescente ação do dedo de Deus no mundo, quer dizer, de sua graça preparando os corações para a hora da grande conversão. Muitos são os sinais nos quais é possível entrever essa ação, a começar pelo surto de religiosidade que vem percorrendo a terra. Surto no qual a Mãe de Deus tem papel central, como intercessora para a obtenção das misericórdias divinas.
Para nos tornar partícipes de suas graças, Nosso Senhor nos pede algo: confiança no auxílio divino e resignação nos sofrimentos os quais, para nosso bem, Ele nos enviar. Que vençamos as crises de desânimo tão comuns em nossa época e recuperemos a alegria da virtude. Mesmo nos momentos de dor, angústia e apreensões, se atendermos à voz de Cristo, ela murmurará em nossas almas palavras de doçura e de paz.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

À tua espera...

Meu filho, aqui estou Eu, sozinha, no canto a que teu desprezo me relegou, repleta daquele amor materno que tua rejeição comprime em Mim e impede que se expanda; daquele afeto que se conserva intacto em sua abundância e intensidade, palpitando de compaixão, à espera de que retornes para te purificar, te envolver e cumular com sua misericórdia inesgotável...

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Maria - Mulier Dolorum

Junto à cruz de Jesus estava de pé sua Mãe (Jo 19, 25). A heróica presença de Maria no Gólgota, aquele terrível momento era, na verdade, o auge de uma angústia que a Mãe de Deus carregara durante longos anos:
“Assim como Nosso Senhor foi chamado de ‘Varão das Dores’, suportadas desde o seu primeiro instante de vida até a hora suprema do consummatum est, assim também Maria, espelho da Justiça que reflectia em si todas as perfeições do Filho, pode ser chamada de Mulier Dolorum, a Senhora das Dores. Teve Ela toda a sua existência pervadida pelo sofrimento, por mágoas imensas, embora muito arquitetônicas, sábias, recebidas com admirável serenidade de espírito, harmonizadas e aliviadas por alegrias igualmente grandes. Esse oceano de aflições chegaria ao ápice na hora mais trágica que houve e haverá na história da Humanidade, quando então contemplamos a Santíssima Virgem, de pé, como uma tocha de oração e de esperança.
“No Calvário, tudo é abandono, e tudo tristeza. Em meio a um dilúvio de padecimentos, Jesus exala seu último suspiro. Diante desse quadro de horrores, uma alma entretanto se mantém inabalável na sua confiança, na sua certeza, na sua Fé. A alma que mais execrava aquela injustiça perpetrada contra o Homem- Deus, e a que mais amava o Salvador morto. Era a alma celestialmente inconformada de Maria: juxta crucem lacrimosa, stabat Mater dolorosa — junto à Cruz, lacrimosa, estava a Mãe Dolorosa.
“Stabat! Ou seja, permanecia ereta em toda a força de seu corpo e de seu espírito, com os olhos inundados de lágrimas, mas a alma nimbada de luz! Nossa Senhora tinha a convicção plena de que, após as grandes tragédias, depois do abandono geral, surgiria a aurora da Ressurreição, o florescimento da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, cumulada de glória a partir de Pentecostes. E de cruzes em luzes, de luzes em cruzes, o mundo chegaria até aquele momento no qual, em Fátima, Ela prenunciou: ‘Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!’

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Confiando em Vós, não temerei os males

Por maiores que sejam as dificuldades, espirituais ou temporais, que devemos enfrentar em nossa vida, a atitude constante que nos cumpre ter diante delas é a de uma confiança incondicional em Nossa Senhora. Na certeza desse socorro materno encontramos a coragem para fazermos face a qualquer adversidade, dizendo com o salmista (22, 4): “Confiando em Vós, ó Mãe, não temerei os males, pois na vossa luz, verei a Luz, vosso divino Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo!”

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Bondade e grandeza

Difícil nos é conceber como terá sido o luto, breve mas real, da natureza por ocasião da morte e do sepultamento de Nossa Senhora. Menos árduo, porém, é imaginar a glória sumamente delicada, suave, virginal e maternal de Maria no momento em que ressurge, abandona o sepulcro e sobe aos Céus!
Enquanto Jesus, na sua Ascensão, manifestou grandeza e bondade, a Santíssima Virgem externa mais bondade do que grandeza. Seus lábios dirigem um sorriso aos que A olham fixamente nessa hora de incomparável esplendor, conhecendo-A e compreendendo-A melhor. Sentem-se cada vez mais atraídos por Ela, à medida que vai se elevando ao Céu, até desaparecer. Uma claridade especial se espalha então sobre tudo e sobre todos, como promessa d’Aquela que já não vêem: “Eu, na realidade, fiquei convosco. Rezai, porque estarei sempre presente e unida a vós!”
Lentamente aquela luminosidade se extingue, deixando dessas lembranças que duram por toda a eternidade...