quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Maria - Mulier Dolorum

Junto à cruz de Jesus estava de pé sua Mãe (Jo 19, 25). A heróica presença de Maria no Gólgota, aquele terrível momento era, na verdade, o auge de uma angústia que a Mãe de Deus carregara durante longos anos:
“Assim como Nosso Senhor foi chamado de ‘Varão das Dores’, suportadas desde o seu primeiro instante de vida até a hora suprema do consummatum est, assim também Maria, espelho da Justiça que reflectia em si todas as perfeições do Filho, pode ser chamada de Mulier Dolorum, a Senhora das Dores. Teve Ela toda a sua existência pervadida pelo sofrimento, por mágoas imensas, embora muito arquitetônicas, sábias, recebidas com admirável serenidade de espírito, harmonizadas e aliviadas por alegrias igualmente grandes. Esse oceano de aflições chegaria ao ápice na hora mais trágica que houve e haverá na história da Humanidade, quando então contemplamos a Santíssima Virgem, de pé, como uma tocha de oração e de esperança.
“No Calvário, tudo é abandono, e tudo tristeza. Em meio a um dilúvio de padecimentos, Jesus exala seu último suspiro. Diante desse quadro de horrores, uma alma entretanto se mantém inabalável na sua confiança, na sua certeza, na sua Fé. A alma que mais execrava aquela injustiça perpetrada contra o Homem- Deus, e a que mais amava o Salvador morto. Era a alma celestialmente inconformada de Maria: juxta crucem lacrimosa, stabat Mater dolorosa — junto à Cruz, lacrimosa, estava a Mãe Dolorosa.
“Stabat! Ou seja, permanecia ereta em toda a força de seu corpo e de seu espírito, com os olhos inundados de lágrimas, mas a alma nimbada de luz! Nossa Senhora tinha a convicção plena de que, após as grandes tragédias, depois do abandono geral, surgiria a aurora da Ressurreição, o florescimento da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, cumulada de glória a partir de Pentecostes. E de cruzes em luzes, de luzes em cruzes, o mundo chegaria até aquele momento no qual, em Fátima, Ela prenunciou: ‘Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!’