Estava a Mãe dolorosa, ao pé da Cruz, lacrimosa, e o Filho pendente dela.
Dura espada lhe rasgava a alma pura, com dor, tristeza e gemidos.
O Stabat Mater coloca diante nós o mais comovente dos quadros, e nos leva a fazer pedidos de que esta situação trágica de fato nos comova, reconhecendo a fundo a maldade e a dureza humanas, insensíveis a tanta dor.
Eia Mãe fonte de amores, fazei que essas fortes dores eu sinta e convosco chore.
Quer dizer, que eu me solidarize convosco. Concedei à minha alma uma participação na vossa dor.
Fazei que a alma se me inflame, para que a Cristo Deus só ame e só busque o seu agrado.
Depois da solidariedade, implora-se algo mais alto: uma união tal que eu só ame a Ele, Cristo Jesus.
Santa Mãe, isso vos peço, fique o peito bem impresso das chagas do Crucificado.
Note-se como está bem graduado e pensado: solidariedade, amor exclusivo, participação no sofrimento d’Ele aqui na Terra. Quero ter impressas em mim as chagas de Jesus.
E por fim:
Fazei-me, enquanto viver, com meu Jesus condoer, convosco chorar deveras.
Pede-se a graça da perseverança, para que durante minha existência inteira essa disposição de alma permaneça viva. Amém.
Percebe-se, dessa forma, a maravilha de Fé, lógica, coerência e humildade contida nessa oração. E esta outra característica, não menos bela: posto diante de Cristo crucificado, o fiel não se dirige diretamente ao Redentor, mas a Nossa Senhora, sabendo ser Esta o caminho mais certo e seguro de chegar a Ele. Então, aceitando a mediação universal de Maria, roga-Lhe sua intercessão para que suas preces sejam ouvidas pelo Senhor Jesus.
Na verdade, o Stabat Mater é uma poesia tão singela, tão simples, que requer profunda análise para se compreender e admirar os tesouros de teologia e virtudes nela encerrados.