Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Raquel ao Egito deu prudente governador
A Virgem das virgens deu ao mundo o seu Salvador
Raquel e José
No crepúsculo
de sua longa vida, Isaac chamou a seu filho, Jacob, abençoou-o, e deu-lhe esta
ordem: “Vai para a Mesopotâmia da Síria, para casa de Batuel, pai de tua mãe, e
toma de lá esposa entre as filhas de Labão, teu tio” (Gên. XXVIII, 2).
Satisfazendo
aos desejos de seu venerável pai, Jacob desposou Raquel, filha de Labão, jovem
“formosa de rosto e de gentil presença” (Gên. XXIX, 17). Esta, após longo
período de esterilidade, concebeu e deu à luz um filho, ao qual pôs o nome de
José.
José é vendido por seus irmãos
aos egípcios
Ora,
“Jacob amava José mais que todos os seus (outros) filhos, por que o gerara na
velhice: e fez-lhe uma túnica de várias cores. Vendo, pois, seus irmãos que era
amado pelo pai mais que todos os (outros) filhos, odiavam-no” (Gên. XXXII, 3-4).
Obcecados pela inveja, os irmãos de José acabaram por vendê-lo a certos
negociantes ismaelitas, que o levaram para o Egito. Ali chegando, foi comprado
por um general do exército do Faraó, que o tomou como servo. “E o Senhor era
com José, e tudo o que fazia lhe sucedia prosperamente” (Gên. XXXIX, 2).
José interpreta os sonhos do
Faraó
Alguns
anos depois, José foi chamado à presença do Faraó, a fim de interpretar dois
sonhos que este tivera.
Explicando-os,
o filho de Jacob disse que viriam para o Egito sete anos de abundância,
seguidos de outros sete de grande esterilidade e fome. Ao terminar sua
interpretação, disse José ao Faraó: “Agora, pois, escolha o Rei um homem sábio
e ativo, a quem dê autoridade sobre a terra do Egito; e este homem estabeleça
superintendentes por todas as províncias; [...] e guarde-se todo o trigo
debaixo do poder do
Faraó,
conservando-o nas cidades; [...1 e assim o país não será consumido pela fome.
O filho de Raquel é feito
governador do Egito
“Agradou
o conselho ao Faraó e a todos os seus ministros; e disse-lhes: Podemos nós
encontrar um homem como este, que seja (tão) cheio de espírito de Deus? Disse, pois,
a José: Visto que Deus te manifestou tudo o que disseste, poderei eu encontrar
alguém mais sábio e semelhante a ti? Tu governarás a minha casa, e, ao mando da
tua voz, obedecerá todo o povo; e eu não terei sobre ti outra precedência além
do trono. Eis que te dou autoridade sobre toda a terra do Egito. E tirou o anel
da sua mão, e meteu-o na mão dele; e vestiu-lhe um vestido de linho fino, e
pôs-lhe ao pescoço um colar de ouro. [...] E mudou-lhe o nome, e chamou-o na
língua egípcia: Salvador do mundo” (Gên. XLI, 33-42, 45).
Raquel é prefigura de Maria, Mãe
do Salvador
Raquel
e José são, respectivamente, admiráveis prefiguras de Maria Santíssima e de seu
Divino Filho, nosso Redentor.
Assim o
comenta Fr. Ramon Buldú:
“Se a
bela e graciosa Raquel engendrou a José, ao qual o Faraó deu o nome de
Salvador, Maria, Mãe do belo amor, deu à luz a Jesus Cristo, que foi em verdade
nosso Salvador” 32
E o
douto Nicolas:
“[A
Virgem é prefigurada pela] filha de Labão, a pastora Raquel, tão amável, que
Jacob trabalha para aquele, durante quatorze anos, a fim de obtê-la; e que,
depois de uma esterilidade que ameaçava ser interminável, deu à luz a José,
salvador do Egito, como Maria a Jesus, Salvador do mundo”
Enumerando
as representações de Nossa Senhora no Antigo Testamento, escreve o Pe.
Thiébaud: “Entre outras figuras patriarcais, citemos ainda a bela Raquel, a mãe
desse jovem e virtuoso José, que foi vendido por seus irmãos, e que, por este
ato de atrocidade, tornou-se depois, providencialmente, o salvador de toda a
sua família e o grande provedor de todo o Egito. Não é Maria, Mãe de Jesus,
quem pagou o mais negro atentado com a mais rica misericórdia, e que continua a
pagar nossas faltas diárias com tantas graças, das quais nos torna tão indignos
nossa ingratidão?”
Continua