Continuação dos comentários ao Pequeno ofício da Imaculada
O Pe.
Terrien, S. J. aprofunda o ensinamento sobre o
carinho materno que teve a Santíssima Virgem para com Nosso Senhor:
“O amor
de Maria por Jesus, seu Filho e seu Deus, é um amor de mãe. Tal é o privilégio
singular desta divina Virgem que, para Ela, é uma única e mesma coisa amar a
seu Filho e amar a seu Deus. Que medida de amor supõe e encerra já esta
qualidade de mãe! Conheceis algo de mais terno, de mais doce, de mais
desinteressado do que o amor de uma mãe por seu filho? [...1 Uma mãe deve fazer
esforço, não para amar, mas para não amar, pois, neste caso, ser-lhe-ia preciso
ir contra a natureza, ser desnaturada. E se lhe perguntardes o porquê de seu
amor, ela vos responderá: «Ah! é meu filho; minha carne, meu sangue, um outro
eu mesmo. É possível que alguém não ame sua carne e a si mesmo?»
“Admirável
disposição da Providência que depositou este amor no coração das mães, a fim de
que elas pudessem suportar, não apenas com paciência e resignação, mas com alegria,
o rude trabalho de formar homens.
“Se tal
é verdadeiro para qualquer mãe, quanto o será então para Maria? Seria possível
que Ela não amasse de toda a sua alma e de todas as suas forças esse Jesus,
bendito fruto de suas entranhas?
Sobretudo
Ela, em quem nada paralisa, nem impede, nem desvia o movimento de uma natureza
excelentemente delicada e reta? Ela, que excede a qualquer outra mãe, pelo próprio
fato de ter sido criada unicamente para ser mãe?
Amor indivisível
“Mas,
pouco seria comparar o amor de Maria por seu Filho, àquele que têm as mães
comuns. Quantas razões para que ele sobrepuje em ternura, em devotamento, em vivacidade,
a qualquer outro amor materno! É um amor que não se divide. Este Filho é o seu,
inteiramente o seu, exclusivamente o seu. [...] Não há divisão entre o pai e a
mãe: todo o amor se concentra no coração de Maria, porque Ela é Virgem, e
porque Jesus Cristo não possui, sobre a Terra, senão a Ela por autora. Tampouco
nenhuma divisão entre os filhos. Esse primogênito é o único, [...] por um desígnio
absoluto de Deus, certamente conhecido de Maria. Não quero dizer que os filhos
sejam sempre menos amados, quando eles se multiplicam junto à mãe; porém, existem
naturalmente para o [filho) único mais cuidados afetuosos, mais solicitudes.
[...] «0 meu amado é para mim, unicamente para mim; e eu unicamente para ele»
(Cânt. II, 16): é o que pode dizer a Virgem, contemplando a Jesus. [...]
“Diz-se
comumente que é preciso ter o coração de uma mãe para conceber o que é o amor
materno. Mais ainda será necessário ter o coração de Maria, para se fazer uma
idéia de seu amor a Jesus, seu amabilíssimo Filho.