quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Vós sois a Virgem florida

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Vós sois a Virgem florida
O louvor em epígrafe se reporta ao estupendo milagre operado por Deus, no Antigo Testamento, quando fez florescer a vara de Aarão. Quis o Senhor, por meio desse admirável sucesso, declarar que o ofício divino ficaria vinculado à família do irmão de Moisés.
Com efeito, Aarão exercia o encargo de Sumo Sacerdote, auxiliado pelos filhos de Levi. Ambiciosos de tais honras, os outros judeus se puseram a murmurar.
Disse então o Senhor a Moisés (Num. XVII, 1-9): “Fala aos filhos de Israel, e recebe deles uma vara por cada tribo, doze varas de todos os príncipes das tribos, e escreverás o nome de cada um deles sobre a respectiva vara. Mas o nome de Aarão estará sobre a vara da tribo de Levi, e o nome do chefe de todas as outras tribos estará escrito separadamente cada um na sua vara. E pô-las-ás no Tabernáculo da Aliança, diante do Testemunho, onde Eu te falarei. A vara daquele que Eu escolher dentre eles, florescerá; e (deste modo) farei cessar os queixumes dos filhos de Israel, com que murmuram contra vós. E Moisés falou aos filhos de Israel; e todos os príncipes lhe deram as varas, uma por cada tribo; e acharam-se doze varas, fora a vara de Aarão. E Moisés, tendo-as posto diante do Senhor no Tabernáculo do Testemunho, voltando no dia seguinte, achou (que era) pela tribo de Levi, e que, aparecendo os botões, tinham saído flores, as quais, estendidas as suas folhas, se transformaram em amêndoas. Moisés, pois, levou todas as varas de diante do Senhor a todos os filhos de Israel, os quais as viram e receberam cada um a sua vara.
Vara da qual nasceu Jesus Cristo, flor de salvação e fruto de vida
Segundo o Pe. Jourdain, “a vara de Aarão coberta de folhas, de flores e de frutos, foi também figura de Maria. [...]
Essa vara que floresceu por um prodígio e deu seu fruto sem ter sido plantada, e sem ter raízes nem seiva fecundante, simboliza admiravelmente Maria, que, colocada no Tabernáculo, e sendo Ela mesma o templo vivo do Espírito Santo, concebeu sem intervenção humana, e sem nenhum socorro terrestre deu à luz esse bendito fruto que proporciona a todos os homens, e neles conserva, a vida sobrenatural da alma25
Considerando o milagre da vara coberta de flores, escreve Henry Le Mulier, baseado nos testemunhos dos Santos Padres:
“Quem não reconhecerá, sob este emblema, a Virgem saída da raiz de Jessé, a verdadeira Mãe de Deus? A vara de Aarão deu flores e frutos: assim Maria trouxe à luz Nosso Senhor Jesus Cristo, vera flor de salvação, único fruto de vida.
“Esta vara não foi irrigada, não pôde haurir na terra os sucos que servem habitualmente à nutrição das plantas; e entretanto ela se encheu de seiva e se cobriu de botões: assim a Virgem concebeu sem qualquer socorro natural, sem nada que tocasse à corrupção do mundo.
“A vara de Aarão é toda branca, sem córtice e sem nó, para melhor representar a candura e a pureza de Maria, em quem não se encontrou o nó do pecado original, nem o córtice do pecado atual.

“Aquela vara se ergue direita, sem germes nem rebentos, portando em sua extremidade, flores e frutos; assim a Virgem de Jessé, embora saída da tortuosa raiz dos patriarcas e dos profetas, eleva-se aprumada como o junco dos marnéis, trazendo em seu cimo a flor dos Cânticos.
25) JOURDAIN, Z-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. I. p. 485.