Comentários ao pequeno ofício da Imaculada
Horto da alegria cara
Horto de que Deus faz suas
delícias
“Na
primeira página da história do gênero humano, encontramos descrita, em
resplendentes cores, a magnificência daquele Éden de delícias em que foram
postos, logo depois de criados por Deus, nossos progenitores. Naquela morada
amena, tudo era ordem e beleza; aos campos ricos de messe, sucediam-se prados
verdejantes, bosques frescos e jardins perfumados Um rio limpidíssimo, dividindo-se
em outros rios menores, corria a regar e tornar fecundo o terreno; enquanto no
meio do jardim se erguia a majestosa árvore da vida cujos frutos, como seu
próprio nome diz, tinham a virtude de manter afastada dos homens a morte.
“Ora,
quem não vê nesse Éden um símbolo gentilíssimo de Maria? Não foi Ela, com
efeito, um místico jardim, adornado de flores perfumadas, isto é, de santos
pensamentos e afetos, e repleto dos frutos das boas obras? Um verdadeiro rio de
graças não irrigou sempre sua alma? Não nasceu d’Ela a árvore da verdadeira
vida, Jesus?” 1
Portanto,
“foi a Virgem Maria criada de maneira especial, para constituir as delícias do
Senhor. Oh! que louvor e que elogio o deste horto! Todas as coisas as fez o
Senhor para si mesmo, porém não por sua utilidade, como diz Santo Agostinho,
mas por sua bondade. Em nenhuma criatura aparece e brilha isto com mais
claridade do que na Virgem. Deus A elegeu e formou para Mãe sua, para casa e
morada sua, a fim de n’Ela se fazer homem O que não pode ser feito.
“O
Senhor, Tu te comprazes em tua feitura e te regozijas nas obras de tuas mãos;
porém em nenhuma parte descansas como em teu horto. O verdadeiro paraíso de
delícias, no qual passeia Deus ao meio-dia! O ditoso horto, que tão ditoso
fruto deu! Bendito é o fruto de teu ventre” 2
1)
ROSCHINI Gabriel. Instruções Marianas São Paulo: Paulinas, 1960. p. 37-38.
2)
VILLANUEVA Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 283-284.