sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora


Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada

Sois armado esquadrão contra Luzbel

A fim de expressar o pavor que a Imaculada Mãe de Deus inspira às hostes infernais, a tradição cristã e a liturgia católica aplicam a Maria esta frase da Escritura: “Terrível como um exército em ordem de batalha” (Cânt. VI, 3 e 9).

Terrível adversária do demônio

“Quando uma confusa tropa de rebeldes vê avançar contra si um poderoso exército, toma-se de terror à vista dos estandartes e das armas reluzentes, e antes pensa em fugir do que em combater.
“No Cântico dos Cânticos, Maria é comparada a um potente exército: terribilis ut castrorum acies ordinata. Para quem Maria é assim tão terrível? Não para os Anjos, nem para seus fiéis servidores; tampouco para os pobres pecadores que a Ela recorrem com coração contrito e humilhado. Ela é terrível para os anjos rebeldes. A sua simples lembrança, tremem os demônios que não podem suportar sua presença, diz o Cardeal Hugo. E Maria não está só. Com Ela estão todos os Santos e todos os Anjos que formam seu exército. Ela os envia, quando necessário, em socorro daqueles que A invocam. Com razão diz São Pedro Damião que Maria é a nossa proteção contra os demônios, e São Boaventura, que Ela é a vara do poder de Deus contra os inimigos infernais, cujas ciladas e ataques Ela confunde e reprime” 64

Comentando a referida passagem dos Cânticos, São João de Avila escreve: “A Virgem, por nenhuma adversidade, tentação nem trabalho, deixou de cumprir a santa vontade do Senhor e de andar em seus santos caminhos. Como pessoa determinada a morrer ou vencer, partiu vitoriosa sobre todos os seus inimigos e deles se fez temer, a ponto de não ousarem aparecer diante d’Ela. Por isso dizem os Anjos que Maria é terrível aos demônios e aos pecados como exército em ordem de batalha” 65

Semelhante comentário é este do Pe. Henry Bolo: “Maria, que guarda seus filhos do perigo, sustenta-os na batalha. Toda a luta, qual quer que seja sua natureza, vem do eterno inimigo. Por toda a parte onde ele aparece, Maria tem a missão de lhe calcar a cabeça com seu pé virginal. Não há exército que seja mais terrível ao Inferno do que a Virgem Santíssima. Ela encarna, sob a frágil aparência de mulher, a virtude guerreira, a força nos combates. Trate-se das imensas e mortíferas arenas, maculadas de sangue, perturbadas de gritos e de convulsões, obumbradas de pó, ou bem desse campo de batalha invisível que se chama a consciência de cada um, a vitória é assegurada logo que se invoca Maria” 66

64 JOURDAIN, Z-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. V. p. 630.
65 AVILA, Juan de. Obras Completas. Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 938.
66) BOLO, Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 282-283.