Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Sois armado esquadrão contra Luzbel
A
fim de expressar o pavor que a Imaculada Mãe de Deus inspira às hostes
infernais, a tradição cristã e a liturgia católica aplicam a Maria esta frase
da Escritura: “Terrível como um exército em ordem de batalha” (Cânt. VI, 3 e
9).
Terrível
adversária do demônio
“Quando
uma confusa tropa de rebeldes vê avançar contra si um poderoso exército,
toma-se de terror à vista dos estandartes e das armas reluzentes, e antes pensa
em fugir do que em combater.
“No
Cântico dos Cânticos, Maria é comparada a um potente exército: terribilis ut castrorum acies ordinata.
Para quem Maria é assim tão terrível? Não para os Anjos, nem para seus fiéis
servidores; tampouco para os pobres pecadores que a Ela recorrem com coração
contrito e humilhado. Ela é terrível para os anjos rebeldes. A sua simples lembrança,
tremem os demônios que não podem suportar sua presença, diz o Cardeal Hugo. E
Maria não está só. Com Ela estão todos os Santos e todos os Anjos que formam
seu exército. Ela os envia, quando necessário, em socorro daqueles que A
invocam. Com razão diz São Pedro Damião que Maria é a nossa proteção contra os
demônios, e São Boaventura, que Ela é a vara do poder de Deus contra os
inimigos infernais, cujas ciladas e ataques Ela confunde e reprime” 64
Comentando
a referida passagem dos Cânticos, São João de Avila escreve: “A Virgem, por
nenhuma adversidade, tentação nem trabalho, deixou de cumprir a santa vontade
do Senhor e de andar em seus santos caminhos. Como pessoa determinada a morrer
ou vencer, partiu vitoriosa sobre todos os seus inimigos e deles se fez temer,
a ponto de não ousarem aparecer diante d’Ela. Por isso dizem os Anjos que Maria
é terrível aos demônios e aos pecados como exército em ordem de batalha” 65
Semelhante
comentário é este do Pe. Henry Bolo: “Maria, que guarda seus filhos do perigo,
sustenta-os na batalha. Toda a luta, qual quer que seja sua natureza, vem do eterno
inimigo. Por toda a parte onde ele aparece, Maria tem a missão de lhe calcar a
cabeça com seu pé virginal. Não há exército que seja mais terrível ao Inferno
do que a Virgem Santíssima. Ela encarna, sob a frágil aparência de mulher, a virtude
guerreira, a força nos combates. Trate-se das imensas e mortíferas arenas, maculadas
de sangue, perturbadas de gritos e de convulsões, obumbradas de pó, ou bem
desse campo de batalha invisível que se chama a consciência de cada um, a vitória
é assegurada logo que se invoca Maria” 66
64 JOURDAIN, Z-C. Somme des Grandeurs de
Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. V. p. 630.
65 AVILA, Juan de. Obras Completas.
Madrid: BAC, 1953. Vol. II. p. 938.
66) BOLO,
Henry. Pleine de Grace. Paris: René Haton, 1895. p. 282-283.