segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Manifestações da prudência de Maria

Continuação do post anterior
Vejamos agora, pelo ensinamento de um dos grandes mariólogos do século XX, como se manifestou a virtude da prudência em Nossa Senhora:
“Para se operar com prudência — escreve o Pe. Roschini — são particularmente necessárias três condições: examinar com ponderação, resolver com bom senso, executar com exatidão.
“Em Maria se encontrava esta rara prudência sobrenatural, elevada ao mais alto grau de perfeição a que possa chegar uma criatura humana. Ela foi a Virgem prudentíssima: prudentíssima em relai ao fim que se propôs, que foi só de agradar sempre e em tudo a Deus e de servi-Lo e de amá-Lo com toda a capacidade de seu coração. Prudentíssima nos meios por Ela empregados, que foram escolhidos com ponderação, circunspecção e conselho.
“Ela não fez nunca, como se expressa o Cardeal Lépicier, coisa alguma com precipitação, falta de consideração, inconstância, porém se aconselhava primeiro com seu celeste Esposo, ponderando com sábia lentidão os motivos e as razões de suas obras, julgando com paz e quietude a respeito do procedimento a ter e seguindo pontualmente os ditames da razão e da fé».
Mestra incomparável em calar
“Uma prova eloquentíssima da prudência de uma pessoa consiste em saber calar e saber falar em tempo oportuno; pois, como diz o Eclesiástico (III, 7), há tempo de calar e tempo de falar. Em uma e outra coisa, Maria foi incomparável.
“Poderia ter falado, observa justamente um piedoso autor, manifestando a José o arcano mistério que se havia operado n’Ela, dissipando assim a perturbação do amantíssimo Esposo; mas isto seria revelar o segredo do Rei do Céu, isto se teria convertido em glória sua; preferiu, pois, calar e deixou que falasse Deus por meio do Anjo.
“Teria podido falar em Belém, quando Lhe foi recusada hospedagem, dando a conhecer a nobreza de sua origem, sua sublime dignidade: a humildade profunda e o desejo de sofrer, de conformar-se com o querer divino, A persuadiram ao silêncio e calou-se.
“Quantas coisas teria podido dizer aos Pastores e aos Magos que vieram visitar o Divino Infante. Isto poderia ter perturbado a adoração e a contemplação desses santos personagens diante de Jesus: a glória de Deus, a caridade para com os Magos e os Pastores a impediram de falar e calou-se.
“Ouvia com admiração tudo o que diziam para a glória do Filho, de sua celeste doutrina, de seus milagres; Maria, mais que os outros, O admira em seu coração, e neste conserva com desvelo aquelas palavras e aqueles fatos.
“O velho profeta Simeão Lhe prediz os destinos do Filho e seus futuros e atrocíssimos tormentos; Maria não acrescenta uma só palavra, pois está pronta para tudo, não exalta sua resignação, escuta, oferece-se a si mesma em holocausto junto com o Filho, e cala-se.
“Pelas mesmas justíssimas razões, cala-se sob a Cruz, cala-se nas tribulações, nas humilhações, como, por modéstia, cala-se na alegria e na glória. Eis as provas admiráveis de prudência divina que nos oferece o silêncio de Maria: Tempus tacendi.