“Devemos
investigar agora porque possuiu Ela as quatro principais virtudes como quatro
colunas.
• Fortaleza
Primeiro,
vejamos se teve a fortaleza. Como pode estar longe desta virtude Aquela que,
relegadas as pompas seculares e desprezados os deleites da carne, se propôs
viver só para Deus virginalmente? Se não me engano, esta é a Virgem da qual se
lê em Salomão: «Quem encontrará a mulher
forte? Certamente, seu preço é dos últimos confins» (Prov. XXXI, 10). A
qual foi tão valorosa, que esmagou a cabeça daquela serpente a quem disse o
Senhor: «Porei inimizade entre ti e a
mulher entre a tua descendência e a descendência dela; e ela te esmagará a
cabeça» (Gên. 111,15).
• Temperança
“Que
foi temperante, prudente e justa, comprovamo-lo com luz mais clara na alocução
do Anjo e na sua resposta. Havendo-A saudado tão honrosamente o Anjo, dizendo-Lhe:
«Deus te salve, cheia de graça», não
se ensoberbeceu por ser bendita com um singular privilégio da graça, mas, pelo
contrário, calou-se e ponderou consigo mesma que significava aquele insólito cumprimento.
Que outra coisa brilha nisto senão a temperança?
• Prudência
“Mas,
quando o mesmo Anjo A ilustrava sobre os mistérios celestiais, perguntou
diligentemente como conceberia e daria à luz, a que não conhecia varão; e
nisto, sem dúvida alguma, foi prudente.
• Justiça
“Dá um sinal de justiça quando se confessa
escrava do Senhor (Lc. I, 28-38). Que a confissão é própria dos justos, o
atesta aquele que diz: «Com tudo isso, os
justos confessarão teu nome e os retos habitarão em tua presença» (SI.
CXXXIX, 14). E em outra parte se diz dos mesmos: «E direis na confissão: Todas as obras do Senhor são excelentes»
(Ecli. XXXIX, 21).
“Foi,
pois, a Bem-aventurada Virgem Maria, forte no propósito, temperante no
silêncio, prudente na interrogação, justa na confissão.
Portanto,
com estas quatro colunas e as três anteriores da fé, construiu n’Ela a
Sabedoria celestial uma casa para si” 2l
Colunas que
sustentam a sabedoria da Santíssima Virgem
Outra
interessante interpretação do louvor em epígrafe devemos à esclarecida pena do
Cardeal Lépicier. Comentando o dom de sabedoria com que o Espírito Santo ornou
a alma da Santíssima Virgem, escreve ele:
“Quando
lemos que a Sabedoria edificou para si uma casa e levantou sete colunas,
podemos entendê-lo como se a espiritual e celeste sabedoria de Maria houvesse
sido assinalada por sete características que são, por assim dizer, outros
tantos sustentáculos seus. A sabedoria do alto é, primeiramente pura, depois
pacífica, modesta, dócil, procedendo ao modo dos bons, é cheia de misericórdia
e de excelentes frutos; sem o hábito de criticar e alheia à hipocrisia.
“Pense-se
em quanto deviam ser sólidas as bases dessas sete colunas em Maria e com que
majestade se levantava sobre elas sua sabedoria” 22