sábado, 16 de fevereiro de 2013

As virtudes cardeais de Maria


“Devemos investigar agora porque possuiu Ela as quatro principais virtudes como quatro colunas.

• Fortaleza

Primeiro, vejamos se teve a fortaleza. Como pode estar longe desta virtude Aquela que, relegadas as pompas seculares e desprezados os deleites da carne, se propôs viver só para Deus virginalmente? Se não me engano, esta é a Virgem da qual se lê em Salomão: «Quem encontrará a mulher forte? Certamente, seu preço é dos últimos confins» (Prov. XXXI, 10). A qual foi tão valorosa, que esmagou a cabeça daquela serpente a quem disse o Senhor: «Porei inimizade entre ti e a mulher entre a tua descendência e a descendência dela; e ela te esmagará a cabeça» (Gên. 111,15).

• Temperança

“Que foi temperante, prudente e justa, comprovamo-lo com luz mais clara na alocução do Anjo e na sua resposta. Havendo-A saudado tão honrosamente o Anjo, dizendo-Lhe: «Deus te salve, cheia de graça», não se ensoberbeceu por ser bendita com um singular privilégio da graça, mas, pelo contrário, calou-se e ponderou consigo mesma que significava aquele insólito cumprimento. Que outra coisa brilha nisto senão a temperança?

• Prudência

“Mas, quando o mesmo Anjo A ilustrava sobre os mistérios celestiais, perguntou diligentemente como conceberia e daria à luz, a que não conhecia varão; e nisto, sem dúvida alguma, foi prudente.

• Justiça

Dá um sinal de justiça quando se confessa escrava do Senhor (Lc. I, 28-38). Que a confissão é própria dos justos, o atesta aquele que diz: «Com tudo isso, os justos confessarão teu nome e os retos habitarão em tua presença» (SI. CXXXIX, 14). E em outra parte se diz dos mesmos: «E direis na confissão: Todas as obras do Senhor são excelentes» (Ecli. XXXIX, 21).

“Foi, pois, a Bem-aventurada Virgem Maria, forte no propósito, temperante no silêncio, prudente na interrogação, justa na confissão.

Portanto, com estas quatro colunas e as três anteriores da fé, construiu n’Ela a Sabedoria celestial uma casa para si” 2l

Colunas que sustentam a sabedoria da Santíssima Virgem

Outra interessante interpretação do louvor em epígrafe devemos à esclarecida pena do Cardeal Lépicier. Comentando o dom de sabedoria com que o Espírito Santo ornou a alma da Santíssima Virgem, escreve ele:

“Quando lemos que a Sabedoria edificou para si uma casa e levantou sete colunas, podemos entendê-lo como se a espiritual e celeste sabedoria de Maria houvesse sido assinalada por sete características que são, por assim dizer, outros tantos sustentáculos seus. A sabedoria do alto é, primeiramente pura, depois pacífica, modesta, dócil, procedendo ao modo dos bons, é cheia de misericórdia e de excelentes frutos; sem o hábito de criticar e alheia à hipocrisia.

“Pense-se em quanto deviam ser sólidas as bases dessas sete colunas em Maria e com que majestade se levantava sobre elas sua sabedoria” 22