Ó Jesus que viveis em Maria,
vinde e vivei em vossos servos, no espírito de vossa santidade, diz a conhecida Oração a
Jesus vivendo em Maria. Comentando esta passagem da mesma, assim se exprime o
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:
“Jesus
viveu em Maria, e, de Maria, Jesus se comunicou aos homens. Nossa Senhora é o sacrário
onde está Nosso Senhor Jesus Cristo, e o santuário de dentro do qual todas as
graças se difundem para o gênero humano.
“Por
isso, devemos rezar a Jesus enquanto vivendo em Maria, porque Ele quer ser
invocado dentro do seu templo, que é a Santíssima Virgem. Pedir a Ele o quê?
Que Ele venha e viva em nós, como vivia n’Ela.
“Viver
em nós, quer dizer, é ter o espírito da santidade de Jesus Cristo, que é o
espírito da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. E é, portanto, o espírito ultramontano»,
a expressão mais característica do espírito da Santa Igreja.
“Isto
é o que devemos pedir a Jesus, por meio de Nossa Senhora, enquanto vivendo
n’Ela.”
CORREA
DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência
em 23/5/1966. (Arquivo pessoal).
Habitação ornada com as mais belas prendas
E
Santo Afonso de Ligório, citando o Doutor Angélico, comenta:
“Devem
ser santas e limpas todas as coisas destinadas para Deus. Por isso David, ao
traçar o plano do templo de Jerusalém com a magnificência digna do Senhor,
exclamou: Não se prepara a morada para algum homem, mas para Deus (IPar. XXIX,
1). Ora, o soberano Criador havia destinado Maria para Mãe de seu próprio
Filho. Não devia, então, adornar-Lhe a alma com todas as mais belas prendas,
tornando-A digna habitação de um Deus?
“Afirma
o Beato Dionísio Cartuxo: O divino artífice do universo queria preparar para
seu Filho uma digna habitação, e por isso ornou Maria com as mais encantadoras
graças. Dessa verdade assegura-nos a própria Igreja. Na oração depois da Salve
Rainha, atesta que Deus preparou o corpo e a alma da Santíssima Virgem, para
serem na Terra digna habitação de seu Unigênito” 17
A morada do Rei Crucificado
Finalmente,
outro aspecto — talvez mais sublime que os demais — de Maria Santíssima
enquanto casa de Deus, nos é apresentado por Santo Ambrósio, o pai da Mariologia
ocidental. Comentando o Evangelho de São Lucas (XXIII, 33-49), designa ele a
Nossa Senhora, junto à Cruz, como sendo “a morada do Rei” 18
A
isto observa, por sua vez, o beneditino D. Manuel Bonaño: “A Virgem é a corte,
o palácio, a morada por excelência do grande Rei. Aos pés da Cruz, quando Nosso
Senhor é por todos abandonado, Ela continua sendo sua morada, como o foi na
Encarnação” 19
17) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de
Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 192.
18) AMBROSIO. Obras de San Ambrosio:
Tratado sobre el Evangelio de San Lucas. Madrid: BAC, 1966. Vol. I. p. 612.
19) BONAÑO, Manuel. In: AMBROSIO. Loc.
cit.