quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

E no seio materno sempre santa


Comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora

E no seio materno sempre santa

Afirma o eminente mariólogo que “a remissão do pecado original não se pode fazer sem a infusão da graça santificante. Por isto a Imaculada Conceição não se distingue, na realidade, da primeira santificação da Mãe de Deus, e se pode chamar sua graça original” 43.

Maria, santa desde o primeiro instante de sua vida

Os Santos e outros abalizados autores, de diversas maneiras exprimiram essa doutrina.

Em um de seus arrebatadores sermões dedicados a Nossa Senhora, São Tomás de Villanueva ensina: “Era necessário que a Mãe de Deus fosse também puríssima, sem mancha, sem pecado. E assim não apenas quando donzela, mas em menina foi santissima, e santissima no seio de sua mãe, e santíssima em sua concepção. Pois não convinha que o santuário de Deus, a mansão da Sabedoria, o relicário do Espírito Santo, a urna do maná celestial, tivesse em si a menor mácula. Pelo que, antes de receber aquela alma santíssima, foi completamente purificada a carne até do resíduo de toda mancha, e assim, ao ser infundida a alma, não herdou nem contraiu pela carne mancha  alguma de pecado, como está escrito: «Fixou sua habitação na paz (Si. LXXV,  3). Quer dizer, a mansão da divina Sabedoria foi construída sem a inclinação para o pecado”

Ao assinalar os principais privilégios que acompanharam a Imaculada Conceição de Maria, escreve São João Eudes: :

“A gloriosa Virgem não apenas foi preservada do pecado original em sua concepção, como foi também adornada da justiça origina’ e confirmada em graça desde o primeiro momento de sua vida, segundo muitos eminentes teólogos, a fim de ser mais digna de conceber e dar à luz o Salvador do mundo. Privilégio que jamais foi concedido a criatura alguma humana nem angélica, pertencendo somente à Mãe do Santo dos Santos, depois de seu Filho Jesus. [...]

“Todas as virtudes, com todos os dons e frutos do Espírito Santo, e as oito bem-aventuranças evangélicas se encontram no coração de Maria desde o momento de sua concepção, tomando inteira posse e estabelecendo n’Ela seu trono num grau altíssimo e proporcionado à eminência de sua graça”

Santo Afonso de Ligório, por sua vez, comenta:

“A nossa celeste menina, tanto por causa de seu ofício de medianeira do mundo, como em vista de sua vocação para Mãe do Redentor, recebeu, desde o primeiro instante de sua vida, graça mais abundante que a de todos os Santos reunidos. E que admirável espetáculo para o Céu e para a Terra, não seria a alma dessa bem-aventurada menina, encerrada ainda no seio de sua mãe! Era a criatura mais amável aos olhos de Deus, pois que, já cumulada de graças e méritos, podia dizer: «Quando era pequenina agradei ao Altíssimo». E ao mesmo tempo era a criatura mais amante de Deus, de quantas até então haviam existido.

“Houvera, pois, nascido imediatamente após a sua Imaculada Conceição, e já teria vindo ao mundo mais rica em méritos e mais santa do que toda a corte dos Santos. Imaginemos, agora, quanto mais santa nasceu a Virgem, vendo a luz do mundo só depois de nove meses, os quais passou adquirindo novos merecimentos no seio materno!”

43) ALASTRUBY, Gregório. Tratado de la Viigen Santísima. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. P. 260.
44) VILLANUEVA, Tomas de. Obras. 3. ed. Madrid: BAC, 1952. p. 210.
45) EUDES, Juan. La Infancia Admirable de la Santísima Madre de Dios. Bogotá: San Juan Eudes, 1957. p. 63 e 66.
46) LIGUORI, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima, 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. p. 214.