segunda-feira, 4 de março de 2013

Os Santos, criaturas de Maria


Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora

Porta dos Santos

Os Santos, criaturas de Maria

“Os Santos são as obras-primas da graça e como que milagres vivos e eternos da glória. Ora, pode-se afirmar que todos eles são também criaturas de Maria. Deus no-lo fez compreender, quando desejou que João, o maior entre os filhos dos homens, fosse santificado pela palavra desta augusta Virgem. [...] :

“Leia-se a Vida dos Santos e se achará que, no curso dos séculos, Maria foi para eles o que Ela havia sido para São João Batista e os primeiros Apóstolos.

“Quem poderá contar as almas puras cuja inocência Ela protege, e os pecadores que Ela reconduz, a cada dia, algumas vezes através das vias mais extraordinárias, ao caminho da salvação? Eis as obras de sua misericórdia [...J e também de sua onipotência. [...]

“Agradeçamos ao Senhor de nos ter dado uma tal Senhora, tão capaz de nos instruir e tão cheia de benevolência para conosco. Que proveito não tiraremos de suas lições se lhe prestarmos atenção. Se nos esforçarmos em seguir seus preceitos imitando os exemplos de suas virtudes!

“Consideremos os santos: eles escutaram a Maria, valeram-se da proteção de Maria, imitaram os exemplos de Maria, e se elevaram a uma perfeição que os aproxima dos Querubins e dos Serafins”

“Maria é necessária aos homens para chegarem ao seu último fim”

Entre os que alcançaram esse altíssimo grau de virtude, por meio de acrisolada devoção à Imaculada Virgem, encontra-se o grande São Luís Grignion de Montfort, que nos deixou estas indeléveis palavras:

“A Santíssima Virgem, sendo necessária a Deus, de uma necessidade chamada hipotética, devido à sua vontade, é muito mais necessária aos homens para chegarem a seu último fim. Não se confunda, portanto, a devoção à Santíssima Virgem com a devoção aos outros Santos, como se não fosse mais necessária que a destes, e apenas de superrogação.

“O douto e piedoso Suárez, da Companhia de Jesus, o sábio e devoto Justo Lípsio, doutor da Universidade de Lovaina, e muitos outros, provaram incontestavelmente, apoiados na opinião dos Santos Padres [...] que a devoção à Santíssima Virgem é necessária à salvação, e que é um sinal infalível de condenação — opinião do próprio Ecolampádio e vários outros hereges — não ter estima e amor à Santíssima Virgem. Ao contrário, é indício certo de predestinação ser-Lhe inteira e verdadeiramente devotado.

“As figuras e palavras do Antigo e do Novo Testamento o provam; a opinião e os exemplos dos Santos o confirmam; a razão e a experiência o ensinam e demonstram; o próprio demônio e seus asseclas, premidos pela força da verdade, viram-se muitas vezes constrangidos a confessá-lo a seu pesar. De todas as passagens dos Santos Padres e doutores, que compilei para provar esta verdade, cito apenas uma, para não me alongar: «Tibi devotum esse, est arma quædam salutis quæ Deus his dat quos vult salvos fien...» (S. João Damasceno) — «Ser vosso devoto, ó Virgem Santíssima, é uma arma de salvação que Deus dá àqueles que quer salvar».

“Eu poderia repetir aqui várias histórias que provam o que afirmo.

“Entre outras, aquela que vem narrada [...] nas crônicas de São Domingos: Quando o santo pregava o Rosário nas proximidades de Carcassona, quinze mil demônios, que possuíam a alma de um infeliz herege, foram obrigados, por ordem da Santíssima Virgem, a confessar muitas verdades grandes e consoladoras, referentes à devoção a Maria.

“E eles, para própria confusão o fizeram com tanto ardor e clareza que não se pode ler essa autêntica narração e o panegírico que o demônio, embora a contragosto, fez da devoção mariana, sem derramar lágrimas de alegria, ainda que pouco devoto se seja da Santíssima Virgem.

Continua no próximo post.