Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
“Se
a devoção à Santíssima Virgem é necessária a todos os homens para conseguirem
simplesmente a salvação, é ainda mais para aqueles que são chamados a uma
perfeição particular; nem creio que uma pessoa possa adquirir uma união íntima
com Nosso Senhor e uma perfeita fidelidade ao Espírito Santo, sem uma grande
união com a Santíssima Virgem e uma grande dependência de seu socorro. [...]
“O
Altíssimo A fez tesoureira de todos os seus bens, dispensadora de suas graças,
para enobrecer, elevar e enriquecer a quem Ela quiser, para fazer entrar quem
Ela quiser no caminho estreito do Céu, para deixar passar, apesar de tudo, quem
Ela quiser pela porta estreita da vida eterna, e para dar o trono, o cetro, e a
coroa de rei a quem Ela quiser. [...]
“A
Maria somente Deus confiou as chaves dos celeiros do divino amor, e o poder de
entrar nas vias mais sublimes e mais secretas da perfeição, e de nesses
caminhos fazer entrar os outros. Só Maria dá aos miseráveis filhos de Eva,
infiel, a entrada no Paraíso Terrestre, para aí espairecerem agradavelmente com
Deus, para aí, com segurança, se ocultarem de seus inimigos, para aí, sem mais
receio da morte, se alimentarem deliciosamente do fruto das árvores da vida e
da ciência do bem e do mal, e para sorverem longamente as águas celestes desta
bela fonte que jorra com tanta abundância; ou, melhor, como Ela mesma é esse
Paraíso Terrestre ou essa terra virgem e abençoada, da qual Adão e Eva,
pecadores, foram expulsos, Ela só dá entrada àqueles que lhe apraz deixar
entrar, e para torná-los santos” 50
50) GRIGNION DE MONTFORT, Luís Maria.
Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 6. ed. Petrópolis: Vozes,
1961. P. 42-48.