sábado, 19 de janeiro de 2013

Razões do sucesso da devoção à Santíssima Virgem

As maravilhas da devoção a Maria não podem ser explicitadas inteiramente por nenhuma análise. Nenhuma descrição, nenhum raciocínio pode dar dela uma ideia adequada...
Um jovem teólogo — M. Neubert — analisa as razões, ou melhor, as analogias de ordem natural que nos ajudam a compreender o sucesso ou a eficácia da devoção a Santíssima Virgem. Pois a devoção à Nossa Senhora leva todos a bom êxito. Constitui um axioma católico que Ela é para todo mundo um meio seguro de santificação.
A razão fundamental disso, a única razão evidente, é sem dúvida a vontade de Deus. Tendo Deus querido dar-nos Jesus Cristo por meio da Virgem Santíssima — diz Bossuet — esta ordem não muda mais, e os dons de Deus são irrevogáveis (cf. Rm 11, 29). Sempre será verdade que, havendo recebido através d’Ela o princípio universal da graça, recebamos também por seu intermédio as diversas aplicações desse dom em todos os variados estados dos quais se compõe a vida cristã.
Mas, a par desta explicação teológica, sobrenatural, que examina as coisas do ponto de vista divino, nada impede que se procure uma explicação psicológica para confirmá-la.
Harmonia entre a devoção a Nossa Senhora e o progresso da alma
Quais são, em nossa natureza, as harmonias entre a devoção à Santíssima Virgem e o progresso de nossa alma?
Um primeiro fator de progresso humano é o esforço pessoal: o difícil é induzir e sustentar o esforço da vontade. Nossa vontade é movida pelas ideias, mas por ideias vigorosas que são ao mesmo tempo conhecimento, sentimento e desejo. Ora, dessas ideias robustas, a mais forte é aquela que se volta para uma pessoa amada. Quem ama voa, corre, alegra-se e está disposto a tudo. Ora, ter devoção a Maria é amá-La, e amar Maria é fazer o que Ela deseja e evitar o que Lhe desagrada.
Para quantas almas, por exemplo, o pensamento posto em Maria constituiu a força pela qual triunfaram das tentações — de longe as mais violentas e frequentes — contra a mais delicada das virtudes!
Encontramos uma confirmação disso numa experiência de ordem humana. Um menino solicitado durante muito tempo pelas sugestões e argumentos pérfidos de um companheiro perverso, acaba duvidando de seu dever e vai deixar-se arrastar pelo mal. Mas seus olhos cruzam-se com os de sua mãe: nesse mudo entreolhar, ele sente a gravidade da ação que ia cometer e obtém a coragem de fazer qualquer sacrifício para não entristecê-la.
Da mesma maneira, quantas almas assaltadas durante longo tempo e estando a ponto de ceder, ao pensar em sua Mãe celeste, tão afetuosa e amada, tão pura e desejosa de vê-las também puras, sentiram a tentação desaparecer e uma força nova as armar contra o mal! Esse gênero de vitórias costuma permanecer sepultado no segredo das consciências, mas como elas são frequentes!
Forte contra as tentações, o pensamento posto em Maria é igualmente eficaz para nos impelir na via do sacrifício. Não há santo cuja vida não ofereça a esse respeito exemplos eloquentes.