terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Graça: Humildade e confiança em Deus

Humildade e confiança em Deus
O esforço nos é solicitado por Deus, mas não basta. Ele não passa de uma condição posta por Deus para recebermos a graça, a qual, entretanto, nos vem unicamente d’Ele. Não devemos contar com nossos próprios esforços, se quisermos que eles sejam coroados de êxito, mas sim com Deus. Portanto, desconfiança de nós mesmos, ou humildade, e confiança em Deus.
Ora, a devoção à Santíssima Virgem favorece de modo admirável esses dois sentimentos em nós.
Primeiramente, ela alimenta nossa humildade. Pode-se, sem dúvida, ser humilde na presença de Deus sem invocar Maria; seria o caso, por exemplo, de um protestante de boa fé para o qual invocar Maria é ofender a Deus. Entretanto, também é certo que recorrer à intercessão de Maria para ir a Deus, ir a Deus por meio de Maria, é reconhecer que não somos dignos de ir a Ele por nós mesmos; é reconhecer nossa miséria, nossa indignidade diante dEle; é fazer, mesmo sem se preocupar com isso, um ato de humildade. Eis o motivo pelo qual São Luís Maria Grignion de Montfort insiste tanto nas relações entre a devoção a Maria e a prática da humildade.
Ademais, alimenta nossa confiança em Deus. Cremos na misericórdia divina, mas com uma fé frequentemente teórica que, na prática, é exposta a graves deficiências. Ora, nesses momentos escuros pensar em Nossa Senhora constitui para nós um facho de luz que nos dá confiança.
Não por julgarmos que a Santíssima Virgem tenha um coração mais misericordioso que o do próprio Deus, mas sim por ser Ela como um argumento vivo que nos toca mais de perto e nos ajuda a melhor apalpar a misericórdia divina. Assim como ver Madalena aos pés de Jesus nos faz compreender a bondade do Salvador mais do que o faria uma ideia abstrata de sua divina perfeição, do mesmo modo a contemplação de Maria nos faz entender e sentir, melhor do que todos os raciocínios, a misericórdia d’Aquele que nos deu uma tal Advogada e uma tal Mãe.
Tradução, com adaptações, de L´Ami du Clergé, 1911, pp. 682- 684