quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Necessidade de um mediador entre Deus e os homens

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
Por mercê do mesmo vosso Filho Jesus Cristo, Senhor nosso, que com o Padre e o Espírito Santo vive e reina em unidade perfeita, Deus, pelos séculos do séculos. Amém.
Necessidade de um mediador entre Deus e os homens
A intercessão de Maria, embora onipotente, está subordina à de Nosso Senhor Jesus Cristo, como acima vimos. Razão pela qual a Santa Igreja encerra as orações de sua liturgia invocando a mediação do Filho de Deus.
Explica Fr. Luís de Granada que, depois da queda de Adão, “a primeira e maior necessidade que tínhamos era a de sermos restituídos à antiga amizade e graça de nosso Criador, que havíamos perdido por aquele comum pecado pelo qual, como diz o Apóstolo (Ef. II, 3), os homens nasciam filhos da ira. E como a amizade e graça de Deus para com suas criaturas seja a primeira causa de todos os bens das mesmas, faltando esta, faltavam também os benefícios que desta amizade procediam. [...]
“Estando, pois, os homens nesta desgraça com seu Rei e era necessário o que geralmente se faz quando as partes desavença: um bom e terceiro mediador que as reduza à concórdia.
O Homem-Deus, Mediador perfeitíssimo
“Este não podia ser mais conveniente que o mesmo Filho de Deus humanado. [...] Pois, quem mais fiel para com Deus do que o próprio Deus? E quem mais fiel para com o homem do que o próprio homem? E quem mais amigo de ambas as naturezas do que aquele que as tinha em si reunidas? De maneira que os dois negócios tomava por seus: o de Deus, porque era Deus verdadeiro, e o do homem, porque era verdadeiro homem. Portanto, para este fim nenhuma coisa se podia, não digo ordenar, mas nem imaginar nem desejar mais a propósito. [...]
‘Ademais, quem havia de ter tão grandes e tão gerais amizades, quem havia de apagar a chama deste ódio, quem havia de fazer amigos de tantos inimigos como eram todos os séculos presentes, passados e vindouros, necessariamente havia de ser amicíssimo e gratíssimo aos olhos de Deus, para que com a abundância de suas graças se desfizessem tantas desgraças, e com a grandeza de sua amizade se olvidas sem tantas inimizades. [...]
“Quem podia ser para isto mais conveniente que o unigénito Filho de Deus, infinitamente amado de seu Eterno Pai? A este, pois, deu-nos a imensa bondade de Deus por mediador e reconciliador, [...J por quem alcançamos a redenção e perdão de nossos pecados”92


92) GRANADA Luís de. Obra Selecta. Madri: BAC, 1952. p. 706-708.