sábado, 8 de dezembro de 2012

A Imaculada Conceição

Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”.
A Ela foram dados, portanto, dotes naturais, dotes humanos, dotes intelectuais, dotes volitivos, dotes, enfim, para ser Mãe de Deus.
No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”.
“Cheia de graça” aqui é que naquele momento Ela possuía todas as graças que eram necessárias para Ela, todas na plenitude. Mas a cada momento Ela ia de plenitude em plenitude, cada vez ia sendo mais plena, mais plena, mais plena, mais plena até chegar um determinado momento que não dava mais, o corpo não dá mais. Santa Teresa em determinado momento diz a Nosso Senhor:
— Senhor, Senhor, assim não dá, alargai o corpo porque a alma não cabe mais dentro.
Tinha que alargar o corpo porque a alma não cabia mais. Nossa Senhora chegou um determinado momento em que disse a Deus:
— Não cabe mais, não dá mais.
E Deus disse:
— Eu também cheguei num limite, não dá mais, venha!
Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob a moção da graça de Deus.
Ela precisava ser sobrenaturalizada ao máximo, não podia ser que n’Ela faltasse alguma coisa, Ela havia de estar completa, completíssima, repleta, repletíssima de todas as graças, não podia ser menos.
Ao longo dos séculos, a Igreja tomou consciência de que Maria, “cumulada de graça” por Deus, foi redimida desde a concepção.
É isso que confessa o dogma da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX:
A beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha do pecado original.
O catecismo, portanto, sintetiza a bula “Ineffabilis Deus” que está citada aqui DS 2803.
Esta “santidade resplandecente, absolutamente única” da qual Maria é “enriquecida desde o primeiro instante de sua conceição” lhe vem inteiramente de Cristo: ...
 Ele é quem deu a Ela, perfeito.
“Em vista dos méritos de seu Filho, foi redimida de um modo mais sublime “. Mais do que qualquer outra pessoa criada, o Pai a “abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais, nos céus, em Cristo” (Ef 1,3). Ele a “escolheu nele (Cristo), desde antes da fundação do mundo, para ser santa e imaculada em sua presença, no amor” (Ef 1,4).
Os Padres da tradição oriental chamam a Mãe de Deus “a toda santa” (“Pan-hagia”; pronuncie “pan-haguía”),
celebram-na como “imune de toda mancha de pecado, tendo sido plasmada pelo Espírito Santo, e formada como uma nova criatura”. Pela graça de Deus, Maria permaneceu pura de todo pecado pessoal ao longo de toda a sua vida.
É sintético, mas eu acho que para nós é um ponto tão importante, tão fundamental porque nós precisamos marcar, mas marcar nossa mariologia, nossa devoção mariológica muito porque ao longo dos tempos dentro de certo veio católico foi-se criando uma espécie de respeito humano em relação a Maria. Se Ela é esta criatura tão excelsa, tão poderosa como nós vamos ver ainda muito mais no dia de hoje e, se tempo houvesse, nós passaríamos o resto da vida falando d’Ela. Ela é tão extraordinária, Ela sozinha esmagou todas as heresias.
O demônio teme mais do que todas as orações feitas por todos os justos, por todos os santos de toda a História, por todos os anjos dos Céus, por todo o sangue dos mártires, por todos os tormentos dos confessores, ele tem pânico, pânico muito mais do que tudo isso de um olhar de Nossa Senhora.
Um olhar de Maria vale mais do que tudo isto junto, de maneira que nós não podemos ter respeito humano em relação a Nossa Senhora, nós precisamos conhecer Nossa Senhora a fundo, nós precisamos ter em relação a Ela um amor, uma devoção muito entranhada.
Na Bula “Ineffabilis Deus” há um trecho que diz o seguinte:
Contanto que não se diga que Maria é Deus, d’Ela pode-se dizer tudo.
Pode-se dizer “tudo” porque Ela tem tudo, Nossa Senhora tem tudo, desde que não se diga que Ela é Deus, pode-se dizer todo o resto. Portanto, está consagrado por um papa e numa bula infalível de que de Maria pode-se dizer tudo, menos que seja Deus.
A Definição do Dogma
  “Por isto, depois de na humildade e no jejum, oferecermos sem interrupção as Nossas preces particulares, e as públicas da Igreja, a Deus Padre, por meio de seu Filho, a fim de que se dignasse de dirigir e sustentar a Nossa mente com a virtude do Espírito Santo; depois de implorarmos o socorro de toda a corte celeste, e invocarmos com gemidos o Espírito consolador; por sua inspiração, em honra da santa e indivisível Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Bem aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos:
 “A doutrina que sustenta que a Beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Conceição, por singular graça e privilégio de Deus Onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus, e por isto deve ser crida firme e inviolavelmente por todos os fiéis.
 “Portanto, se alguém (que Deus não permita!) deliberadamente entende de pensar diversamente de quanto por Nós foi definido, conheça e saiba que está condenado pelo seu próprio juízo, que naufragou na fé, que se separou da unidade da Igreja, e que, além disso, incorreu por si, ipso facto, nas penas estabelecidas pelas leis contra aquele que ousa manifestar oralmente ou por escrito, ou de qualquer outro modo externo, os erros que pensa no seu coração.
Ainda ele faz uma exortação por onde ele manifesta os sentimentos de esperança dele ao proclamar esse dogma e termina assim:
“Ninguém, portanto, se permita infringir este texto da Nossa declaração, proclamação e definição,nem contrariá-lo e contravir-lhe. E, se alguém tivesse a ousadia de tentá-lo, saiba que incorre na indignação de Deus Onipotente e dos Bem aventurados Pedro e Paulo, seus Apóstolos.
 “Dado em Roma, junto a São Pedro…
Vamos ver as consequências, uma vez que Nossa Senhora é Imaculada, é de Conceição Imaculada, vamos ver que consequências isso traz.
Isenta da raiz de todos os nossos males, Maria devia ser criada por Deus deslumbrante daquela grandeza sobrenatural que constituía a incomparável glória do homem inocente. A natureza humana, manchada em todos os outros filhos de Adão, readquiria sua ideal beleza em Maria. Pela Imaculada Conceição, os lindos dias do Éden voltavam à Terra.
Tudo aquilo que tinha sido prometido no Paraíso Terrestre, tendo sido perdido pelo pecado, voltou à terra com Nossa Senhora.
“Todos os teólogos são unânimes em admitir que a graça recebida por Maria no próprio ato de sua conceição, foi de extraordinária magnitude, precisamente porque extraordinário foi o amor que Deus, desde o início, tributou Àquela que deveria ser sua futura mãe.
“A graça nunca está só na alma, mas sempre acompanhada de virtudes infusas; é de fé que Deus com a graça concede também as virtudes teologais (fé, esperança e caridade). A estas se acrescentam, como necessário complemento, os dons do Espírito Santo. Ninguém ousaria negar que as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo tenham sido outorgados por Deus a Maria, em sua Conceição, numa medida proporcionada à imensa graça de que foi ornada.
 “É sentimento predominante entre os teólogos que Maria, no primeiro instante de sua existência, teve o uso da razão, formou de Deus um conceito bastante preciso, e teve consciência do insigne privilégio que Lhe era concedido.