quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Ninguém pode compreender por inteiro a excelsitude da Mãe de Deus

São Luís Maria Grignion de Montfort afirma que Maria Santíssima é desconhecida. Ou seja, Ela é muito menos conhecida do que suas excelências e seus admiráveis predicados exigem. Ele explicará o motivo pelo qual Ela quase não é mencionada nos Evangelhos.
“Para atender aos pedidos que Ela Lhe fez de escondê-La, empobrecê-La e humilhá-La, aprouve a Deus mantê-La oculta aos olhares de quase todas as criaturas humanas, em seu nascimento, em sua vida, em seus mistérios, em sua ressurreição e assunção. Seus próprios parentes não A conheciam; e com frequência os anjos perguntavam-se uns aos outros: ‘Quæ est ista? — Quem é esta? (Ct 3, 6; 8, 5), pois o Altíssimo A escondia; ou, se algo lhes revelava, ocultava-lhes infinitamente mais”.29 Os Santos Evangelhos quase não se referem a Ela. Por isso a teologia precisou fazer, através dos séculos, um admirável trabalho de dedução das verdades contidas na Escritura, para ressaltar o papel da Mãe de Deus.
Montfort dá duas razões pelas quais Maria passou sua vida praticamente sem aparecer nos Evangelhos: sua humildade e sua transcendência.
Humildade: “Com efeito, Maria é a mulher ideal, e como tal, Ela devia ter assinalada predileção pela modéstia, o mais belo ornato da mulher. Ela é ademais a santa por excelência, e então a humildade se impõe absolutamente. Quanto mais se eleva o edifício da santidade, mais profundas devem ser as bases da humildade”.
Transcendência: Ela é única na ordem da graça, foi predestinada desde toda a eternidade para uma missão singular e exclusiva: ser a digna Mãe do Redentor. Maria é Imaculada, suas relações com a Santíssima Trindade são especialíssimas, e seu papel na História da Salvação é capital.
“Ela pertence a uma ordem especial, única no mundo sobrenatural, a ordem da maternidade divina, intermediária entre a da união hipostática e a da graça e da glória. É, pois, impossível aplicar-Lhe os métodos ordinários do raciocínio humano, por via de deduções rigorosas. Ela é domínio exclusivo da soberana liberalidade e da onipotente liberdade de Deus. Nosso dever é somente admirar e mostrar a conveniência do que aprouve a Deus fazer. Montfort adota a posição dos que A admiram. Mais ainda, ele afirma que, exceto Deus, ninguém pode compreender Maria tanto quanto é possível compreendê-La”.