segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A obediência - O mais belo título de glória de Maria

Nossa Senhora mereceu mais por sua obediência do que pelo fato de ser a Mãe de Deus. Quem nos ensina esta verdade é o próprio Cristo Jesus, conforme se vê neste artigo da revista católica francesa “L’Ami du Clergé”.
Certo dia em que Jesus tinha curado um possesso, os fariseus O acusaram de fazer milagres em nome de Belzebu. O Divino Salvador estava rebatendo vitoriosamente essa odiosa calúnia quando de repente, no meio da multidão, uma mulher disse em alta voz: “Bem-aventurado o ventre que Te trouxe, e os peitos que Te amamentaram”. Jesus, porém, retrucou: “Antes bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 27-28). Nessa resposta, de fato, Nosso Senhor proclamou para todas as gerações que a Virgem Maria seria glorificada não tanto por seus privilégios e sua dignidade de Mãe de Deus, quanto por haver ouvido e praticado integralmente a palavra e as ordens de Deus.
Ter tomado como lei a vontade divina e cumprido com fidelidade e à custa de todos os sacrifícios os desígnios do Pai Celeste, eis — como disse Santo Agostinho — o mais belo título de glória de Maria.
A desobediência de Eva, a obediência de Maria
A desobediência da primeira Eva introduziu no mundo o pecado e a morte, e foi a obediência de Maria, a segunda Eva, que restituiu aos filhos dos homens a vida eterna e a salvação.
Analisemos esta afirmação. No solene momento do cumprimento das promessas messiânicas, Deus deitou um olhar de complacência sobre a humilde Virgem de Nazaré e, nos segredos de sua infinita misericórdia, escolheu-A para ser Mãe do Verbo Eterno, confiando ao Anjo Gabriel a delicada missão de Lhe comunicar sua vontade.
No Paraíso Terrestre, o próprio Deus fez à primeira Eva uma proibição expressa, com a ameaça de uma terrível sanção: “Não comas do fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque, em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente” (Gn 2, 17). Contudo, a infortunada mãe dos homens desobedeceu a seu Criador.
A Maria, pelo contrário, por seu mensageiro celeste, Deus Se limita a exprimir um desejo do qual Ela poderia eximir-Se sem incorrer em sua maldição: “Achaste graça diante de Deus; eis que conceberás no teu seio e darás à luz um filho, a Quem colocarás o nome de Jesus” (Lc 1, 30-31). Ora, se vemos a doce Virgem ficar atônita por um instante, não é pela hesitação diante da vontade de Deus, pois somente sua incomparável humildade e delicada pureza A fazem temer a insigne honra da maternidade divina.
Ó Virgem bendita, apressai-Vos em responder à voz de Deus! A terra, o próprio Céu, estão ansiosos, esperando a palavra de salvação que deve brotar de vossos lábios. Deixai de temer, ó prisioneiros da morte e do pecado!
Maria obedeceu e, inclinando-Se num ato de adoração e de amor, disse: “Fiat mihi secundum verbum tuum”. “Faça-se em Mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38). E então, o Verbo Se encarnou e a salvação habitou entre nós.

Continua no próximo post.