Dizei-me,
Senhora, dizei-me:
Quando
eu partir desta terra,
Lembrar-Vos-eis
de mim?
Quando
forem divulgados
Meus
tempos no mal gastados
E
todos os pecados
Que
eu, mesquinho, cometi,
Lembrar-Vos-eis
de mim?
Quando
o momento chegar
Do
juízo de aterrar,
Remédio
espero alcançar
De
vossos doces rogos:
Lembrar-Vos-eis
de mim?
Quando
estiver na afronta
De
prestar rigorosa conta
Dos
muitos bens que de Vós
E de
vosso Filho recebi,
Lembrar-Vos-eis
de mim?
Quando
minha alma aterrada,
Temendo
ser condenada
Por
se ver muito culpada,
Tiver
mil queixas de si,
Lembrar-Vos-eis
de mim?
Dizei-me,
Senhora, dizei-me:
Quando
eu partir desta terra,
Lembrar-Vos-eis
de mim?
(Tradução do poema “Dime,
Señora”, de Juan Álvarez Gato, 1445-1510)