Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Em
páginas de admirável fervor marial, São João Eudes condensou o pensamento dos
Santos e dos doutores acerca da imaculada formosura de Nossa Senhora.
Ouçamo-lo:
“Quereis
conhecer as perfeições com que Deus adornou o corpo virginal [de Maria]?
Escutai o que sobre esta matéria dizem os santos doutores: São Boaventura,
Santo Antonino, Ricardo de São Vítor, Dionísio o Cartuxo, o douto e pio Suárez
e os demais teólogos afirmam comumente que, entre todos os corpos humanos,
nunca houve tão perfeito e formoso, depois do corpo adorável de Jesus, como o puríssimo
corpo de Maria. As razões disto são evidentes.
“Porque,
em primeiro lugar, é um corpo que, segundo São Jerônimo, São João Damasceno,
Santo Epifânio e São Gregório Niseno, foi formado miraculosamente e por virtude
sobrenatural, sendo por conseguinte obra do Espírito Santo, que não omitiu
nenhuma das qualidades mais excelentes com que podia adornar convenientemente o
corpo virginal de sua digníssima Esposa. «É uma estátua talhada pela mão de
Deus», diz Santo André de Jerusalém.
“É um
corpo que nada tem da maldição do pecado com que são feridos todos os corpos
dos demais filhos de Adão. É o corpo da destinada a ser Mãe do Salvador e deve
ter, portanto, uma perfeita semelhança com o corpo de seu Filho que será
formado de seu puríssimo sangue.
“Foi
também revelado a Santa Brígida que o Filho e a Mãe se pareciam tão
perfeitamente, na figura e nos traços do semblante, no tamanho e composição do
corpo, que quem visse um, via a outra.
“É um
corpo feito para estar unido à mais bela e santa alma que jamais existiu nem
existirá, depois da alma deífica do Salvador.
“É um
corpo em que Deus é muito mais glorificado do que no Céu empíreo.
“É um
corpo feito para ser o mais verdadeiro templo do Espírito Santo e o mais
augusto santuário da Santíssima Trindade, depois do corpo adorável de Jesus, e
para ser um Céu vivente, no qual habitará corporalmente toda a plenitude da
Divindade.
“É um
corpo que foi criado para que servisse a dar cumprimento aos maiores desígnios
de Deus, no qual e do qual sua onipotente bondade obraria o maior e mais
admirável de seus mistérios, que é o inestimável mistério da Encarnação.