sexta-feira, 31 de julho de 2015

Nossa Senhora da Esperança e a descoberta do Brasil

Afirma o grande santo mariano São Luís Maria Grignion de Monfort que depois de Nossa Senhora ter sido criada, Deus nada fez sem o seu concurso, pois “tendo Deus querido começar e acabar as suas maiores obras pela Virgem Santíssima depois de a formar, digo que é de crer que não mudará de procedimento em todos os séculos”.
As maiores obras de Deus, a Encarnação do Verbo e a Redenção das almas operada na cruz, só se deram devido ao sim de Maria, o que demonstra como Deus quis e continua a querer associar sua Santíssima Mãe aos maiores acontecimentos da história. Esse princípio pode ser constatado em vários factos grandiosos realizados por intermediação de Maria, como dão exemplo a expansão da Fé Católica para o novo mundo, por meio das frágeis caravelas, e toda a renovação espiritual a partir das aparições de Fátima.
Assim, no momento da descoberta da nação-continente chamada Brasil — que hoje é a maior nação católica da terra — Deus quis, uma vez mais, ter como embaixadora sua própria Mãe, sob a invocação de Senhora da Esperança.
Foi na tarde do 22 de Abril de 1500 que a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral avistou a terra à qual deu o nome de Vera Cruz. Era um momento emblemático da epopeia marítima portuguesa, no qual Portugal dava “novos mundos ao mundo”, aventurando-se “por mares nunca d’antes navegados”, como canta Camões.
A partida das naus de Lisboa foi precedida por cerimônias religiosas  realizadas diante da imagem de S. Maria de Belém. Foi de lá que, a 9 de março, Pedro Álvares Cabral partiu rumo à Índia, após ter participado da Eucaristia celebrada pelo bispo de Ceuta, D. Diogo Ortiz.
Durante a perigosa travessia do Atlântico, Pedro Álvares Cabral levava na nau capitânia uma imagem de Nossa Senhora da Esperança. Foi diante desta imagem que ele se ajoelhou para agradecer a Deus no momento em celebrava, com toda a tripulação, o descobrimento do Brasil. Dias depois, foi esta mesma imagem colocada no altar sobre o qual frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa em terras brasileiras.
Ao todo participavam 13 embarcações na expedição, apesar de que somente quatro conseguiram retornar a Portugal. As demais foram tragadas pelo mar. E foi assim que no dia 23 de junho de 1501, após um ano, três meses e 14 dias de viagem, chegou Pedro Álvares Cabral novamente a Portugal.
Após o seu retorno, ele quis agradecer a Maria pelo bom êxito da empresa, mandando construir uma capela em louvor da Senhora da Esperança, a imagem que o conduzira são e salvo pelo meio das borrascas do oceano.
A imagem encontra-se hoje na igreja matriz de Belmonte, sua terra natal. Ela é feita de pedra de Ançã policromada, tendo cerca de 1,10 m. No braço esquerdo está o Menino Deus e no direito uma pomba, símbolo teológico da Esperança. Na cabeça tem a coroa dos quatro arcos imperiais, da dinastia portuguesa dos descobrimentos.
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Causa admiração como a nação portuguesa, que então contava com pouco mais de 1 milhão de habitantes, tenha ousado aventurar-se na expansão da Fé e do Império pelos cinco continentes. Essa é a fé do povo português, representada na cruz de Cristo que as caravelas portavam com ufania, à medida que singravam as vastidões oceânicas. Peçamos a Maria que aumente cada vez mais nossa fé, sobretudo nos dias tormentosos pelos quais passamos.