Afirma
o grande santo mariano São Luís Maria Grignion de Monfort que depois de Nossa
Senhora ter sido criada, Deus nada fez sem o seu concurso, pois “tendo Deus
querido começar e acabar as suas maiores obras pela Virgem Santíssima depois de
a formar, digo que é de crer que não mudará de procedimento em todos os
séculos”.
As maiores
obras de Deus, a Encarnação do Verbo e a Redenção das almas operada na cruz, só
se deram devido ao sim de Maria, o que demonstra como Deus quis e continua a
querer associar sua Santíssima Mãe aos maiores acontecimentos da história. Esse
princípio pode ser constatado em vários factos grandiosos realizados por
intermediação de Maria, como dão exemplo a expansão da Fé Católica para o novo mundo,
por meio das frágeis caravelas, e toda a renovação espiritual a partir das
aparições de Fátima.
Assim,
no momento da descoberta da nação-continente chamada Brasil — que hoje é a
maior nação católica da terra — Deus quis, uma vez mais, ter como embaixadora sua
própria Mãe, sob a invocação de Senhora da Esperança.
Foi na
tarde do 22 de Abril de 1500 que a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral
avistou a terra à qual deu o nome de Vera Cruz. Era um momento emblemático da
epopeia marítima portuguesa, no qual Portugal dava “novos mundos ao mundo”,
aventurando-se “por mares nunca d’antes navegados”, como canta Camões.
A
partida das naus de Lisboa foi precedida por cerimônias religiosas realizadas diante da imagem de S. Maria de
Belém. Foi de lá que, a 9 de março, Pedro Álvares Cabral partiu rumo à Índia,
após ter participado da Eucaristia celebrada pelo bispo de Ceuta, D. Diogo
Ortiz.
Durante
a perigosa travessia do Atlântico, Pedro Álvares Cabral levava na nau capitânia
uma imagem de Nossa Senhora da Esperança. Foi diante desta imagem que ele se
ajoelhou para agradecer a Deus no momento em celebrava, com toda a tripulação,
o descobrimento do Brasil. Dias depois, foi esta mesma imagem colocada no altar
sobre o qual frei Henrique de Coimbra celebrou a primeira missa em terras brasileiras.
Ao todo
participavam 13 embarcações na expedição, apesar de que somente quatro
conseguiram retornar a Portugal. As demais foram tragadas pelo mar. E foi assim
que no dia 23 de junho de 1501, após um ano, três meses e 14 dias de viagem,
chegou Pedro Álvares Cabral novamente a Portugal.
Após o
seu retorno, ele quis agradecer a Maria pelo bom êxito da empresa, mandando
construir uma capela em louvor da Senhora da Esperança, a imagem que o
conduzira são e salvo pelo meio das borrascas do oceano.
A
imagem encontra-se hoje na igreja matriz de Belmonte, sua terra natal. Ela é
feita de pedra de Ançã policromada, tendo cerca de 1,10 m. No braço esquerdo
está o Menino Deus e no direito uma pomba, símbolo teológico da Esperança. Na cabeça
tem a coroa dos quatro arcos imperiais, da dinastia portuguesa dos
descobrimentos.
* * *
Causa
admiração como a nação portuguesa, que então contava com pouco mais de 1 milhão
de habitantes, tenha ousado aventurar-se na expansão da Fé e do Império pelos
cinco continentes. Essa é a fé do povo português, representada na cruz de
Cristo que as caravelas portavam com ufania, à medida que singravam as
vastidões oceânicas. Peçamos a Maria que aumente cada vez mais nossa fé,
sobretudo nos dias tormentosos pelos quais passamos.