“Como
convinha à Mãe de Deus, em tudo era Maria grave e circunspecta, nunca rindo,
falando pouco, dizendo somente o necessário, escutando facilmente, sempre
afável com todo o mundo.
“Sua
esbelta estatura era, talvez, um pouco acima da mediana e é por isso que no
livro do Eclesiástico Ela é comparada à palmeira de Cades.
“Verdadeiramente
branca e resplandecente de frescor, e eleita entre mil, a flor do mais puro frumento
era menos alva que sua pele; seus cabelos eram de um fulvo dourado; suas
sobrancelhas, de um castanho quase escuro, arqueavam-se graciosamente. Seus
olhos cor de azeite novo, reluziam do mais vivo fulgor; seu nariz um pouco
comprido se harmonizava perfeitamente com seu rosto do mais puro oval. Seus
lábios corados, semelhantes a uma fita de escarlate, deixavam escapar palavras
cheias de suavidade. Suas mãos eram esguias; seus dedos, finos.
“Seu
traje correspondia ao conjunto de sua pessoa. Maria era simples, sem
ostentação, não usava adornos, e as cores de seus vestidos nada deviam à arte
do tintureiro.
“Numa
palavra, nada havia n’Ela que denotasse leviandade; nada que não respirasse a
mais perfeita modéstia. E um ar de inefável santidade que envolvia sua pessoa,
suscitava em todos os que A fitavam, o respeito e a veneração.”
LE MULIER,
Henry. De la Très-Sainte Vierge d ‘aprés les Saintes Écritures el les Pères de
l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 372-373.
* Esta
descrição do aspecto físico de Nossa Senhora, baseada no testemunho de antigos
autores, serviu de modelo a todos os pintores, tipógrafos, esmaltadores e
escultores da Idade Média. Existem outras que, sem diferir essencialmente
desta, oferecem entretanto alguns detalhesparticulares. Embora a Igreja não
considere nenhum desses retratos como autênticos, sem embargo, o verniz de sua
antiguidade possui um reflexo de tradição apostólica que lhes obtém as
simpatias da fé. Cfr. THIEBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et
commentées. 3. ed. Paris: Jacques Lecoffre, 1864. Vol. I. p. 342, nota 1.