quarta-feira, 29 de julho de 2015

Retrato da Santíssima Virgem

“Como convinha à Mãe de Deus, em tudo era Maria grave e circunspecta, nunca rindo, falando pouco, dizendo somente o necessário, escutando facilmente, sempre afável com todo o mundo.
“Sua esbelta estatura era, talvez, um pouco acima da mediana e é por isso que no livro do Eclesiástico Ela é comparada à palmeira de Cades.
“Verdadeiramente branca e resplandecente de frescor, e eleita entre mil, a flor do mais puro frumento era menos alva que sua pele; seus cabelos eram de um fulvo dourado; suas sobrancelhas, de um castanho quase escuro, arqueavam-se graciosamente. Seus olhos cor de azeite novo, reluziam do mais vivo fulgor; seu nariz um pouco comprido se harmonizava perfeitamente com seu rosto do mais puro oval. Seus lábios corados, semelhantes a uma fita de escarlate, deixavam escapar palavras cheias de suavidade. Suas mãos eram esguias; seus dedos, finos.
“Seu traje correspondia ao conjunto de sua pessoa. Maria era simples, sem ostentação, não usava adornos, e as cores de seus vestidos nada deviam à arte do tintureiro.
“Numa palavra, nada havia n’Ela que denotasse leviandade; nada que não respirasse a mais perfeita modéstia. E um ar de inefável santidade que envolvia sua pessoa, suscitava em todos os que A fitavam, o respeito e a veneração.”
LE MULIER, Henry. De la Très-Sainte Vierge d ‘aprés les Saintes Écritures el les Pères de l’Église. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 372-373.

* Esta descrição do aspecto físico de Nossa Senhora, baseada no testemunho de antigos autores, serviu de modelo a todos os pintores, tipógrafos, esmaltadores e escultores da Idade Média. Existem outras que, sem diferir essencialmente desta, oferecem entretanto alguns detalhesparticulares. Embora a Igreja não considere nenhum desses retratos como autênticos, sem embargo, o verniz de sua antiguidade possui um reflexo de tradição apostólica que lhes obtém as simpatias da fé. Cfr. THIEBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées. 3. ed. Paris: Jacques Lecoffre, 1864. Vol. I. p. 342, nota 1.