Comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Sois o consolo dos tristes
Consolo e exemplo que alivia as
tristezas
Entre
as principais manifestações da misericórdia de Nossa Senhora encontra-se o
consolo que Ela prodigaliza aos homens atribulados. Ouçamos o que sobre isso
nos diz um dos grandes mariólogos do século XX, Fr. Garrigou-Lagrange, O. P.:
“Consoladora dos aflitos, Nossa Senhora o foi já durante sua vida terrena: em
relação a Jesus, sobretudo no Calvário; em relação aos Apóstolos, depois da
Ascensão, em meio às imensas dificuldades que eles encontraram para a conversão
do mundo pagão. Ela lhes obteve de Deus, o espírito de força e uma santa
alegria no sofrimento. Durante a lapidação de Santo Estevão, primeiro mártir, Ela
o deve ter assistido espiritualmente, com suas orações.
“Nossa
Senhora, vendo tudo o que ameaçava a Igreja nascente, permanecia firme,
guardando um semblante sempre sereno, expressão da tranquilidade de sua alma,
de sua confiança em Deus. A tristeza não se apoderava jamais de seu coração. O
que conhecemos da força de seu amor a Deus faz pensar, dizem piedosos autores,
que Ela permanecia alegre nas aflições, que não se lamentava da indigência e do
despojamento, e que as injúrias não podiam tisnar os encantos de sua doçura. Só
com seu exemplo, Ela aliviava sobremaneira os infelizes acabrunhados de
tristeza. [...]
Consoladora
dos indigentes de corpo e de alma
“O
Espirito Santo é chamado Consolador, sobretudo porque Ele faz derramar lágrimas
de contrição, que lavam nossos pecados e nos devolvem a alegria da reconciliação
com Deus. Pela mesma razão, a Santa Virgem é consoladora dos aflitos, fazendo
com que estes chorem santamente suas faltas. Não somente Ela consola os pobres
pelo exemplo de sua pobreza e por seu socorro, mas é particularmente atenta à
nossa pobreza oculta: Ela compreende a secreta penúria de nosso coração e nesta
nos assiste. Ela tem conhecimento de todas as nossas necessidades, e proporciona
o alimento do corpo e da alma aos indigentes que o imploram. Consoladora dos
agonizantes e das almas dos fiéis defuntos
“Ela
consola os cristãos durante as perseguições, liberta os possessos e as almas
tentadas, salva da angústia os náufragos; Ela assiste e fortifica os
agonizantes, recordando-lhes os méritos infinitos de seu Filho. Ela recebe
também as almas após a morte. São João Damasceno diz em seu sermão sobre a
Assunção: «Não é a morte, 6 Maria, que Vos tomou bem-aventurada, sois Vós que a
embelezastes e a tomastes graciosa, despojando-a do que ela tinha de lúgubre».
“Ela
suaviza os rigores do Purgatório, e obtém para aqueles que aí sofrem, as
orações dos fiéis, aos quais Ela inspira o fazerem celebrar missas pelos
defuntos” 1
1)
GARRIGOU-LAGRANGE, Reginald. La Mère du Sauveur et notre vie intérieure. Paris:
Du Cerf, 1948. P. 273-275.