sexta-feira, 14 de março de 2014

Agasalho da castidade

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Modelo de castidade
“Depois da queda de Adão — escreve Santo Afonso de Ligório —, rebelaram-se os sentidos contra a razão, e não há para o homem mais difícil virtude a praticar do que a castidade. Conforme o Pseudo-Agostinho, por ela se luta todos os dias, mas raramente se ganha a vitória.
Contudo, o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtude.
“Ela, com razão, é chamada Virgem das virgens, lemos em Santo Alberto; e isso porque sem conselho, nem exemplo de outros, foi a primeira a oferecer sua virgindade a Deus. [...] Sem conselho nem exemplo, digo eu, firmado em São Bernardo.
“O Virgem — pergunta o Santo — quem Vos ensinou a agradar a Deus pela virgindade, levando na Terra uma vida angélica? Ah! torna o Pseudo-Jerônimo, certamente Deus escolheu para sua Mãe esta Virgem puríssima, para que servisse a todos de exemplo de castidade.
Eis a razão por que Santo Ambrósio a chama deporta-bandeira da virgindade” 1.
Aquela que sempre inspira castidade
Um piedoso autor do século XIX assim descreve a castidade de Nossa Senhora: “A Virgem Maria conservou durante toda a sua vida uma puríssima castidade. [...] Nunca teve Ela o mais leve pensamento, ainda que breve e fugaz, nem imaginação, nem desejo, nem pendor, nem primeiríssimo movimento na alma que fosse ou pudesse chegar a ser contrário à formosa virtude.
“Manteve Ela, sempre, todos os seus pensamentos, afetos e desejos fixos e absortos em Deus. [...] De onde nasceu em Maria aquela serena compostura, aquela suave modéstia, aquela casta. gentileza em seu semblante e em toda a sua pessoa, que arrebatava o coração só de olhá-La; [...] aquele atraente candor que admiramos em suas imagens, e que basta, amiúde, para operar entre os infiéis e entre os mais endurecidos pecadores, milagrosas conversões; que basta para pôr em fuga o demônio, para rejeitar todo afeto e desejo, toda imaginação e pensamento menos honesto.

“Fixai os olhos numa imagem do Crucificado e vos inspirará compunção. Fixai-os numa imagem de Maria, e percebereis brotar em vosso coração sentimentos e afetos de castidade. Nunca pôde nada contra Maria o hálito pestilencial do demônio, cuja orgulhosa e asquerosa cabeça Ela esmagou” 2

1) LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 1964. P. 348-349.
2) CAVATONI, Angel. Letanía de la Santísima Virgen. Barcelona: Litúrgica Española, 1953. p. 91.