Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Modelo
de castidade
“Depois
da queda de Adão — escreve Santo Afonso de Ligório —, rebelaram-se os sentidos
contra a razão, e não há para o homem mais difícil virtude a praticar do que a
castidade. Conforme o Pseudo-Agostinho, por ela se luta todos os dias, mas
raramente se ganha a vitória.
Contudo,
o Senhor nos deu em Maria um grande modelo dessa virtude.
“Ela,
com razão, é chamada Virgem das virgens, lemos em Santo Alberto; e isso porque
sem conselho, nem exemplo de outros, foi a primeira a oferecer sua virgindade a
Deus. [...] Sem conselho nem exemplo, digo eu, firmado em São Bernardo.
“O
Virgem — pergunta o Santo — quem Vos ensinou a agradar a Deus pela virgindade,
levando na Terra uma vida angélica? Ah! torna o Pseudo-Jerônimo, certamente
Deus escolheu para sua Mãe esta Virgem puríssima, para que servisse a todos de
exemplo de castidade.
Eis a
razão por que Santo Ambrósio a chama deporta-bandeira da virgindade” 1.
Aquela que sempre inspira
castidade
Um
piedoso autor do século XIX assim descreve a castidade de Nossa Senhora: “A
Virgem Maria conservou durante toda a sua vida uma puríssima castidade. [...]
Nunca teve Ela o mais leve pensamento, ainda que breve e fugaz, nem imaginação,
nem desejo, nem pendor, nem primeiríssimo movimento na alma que fosse ou
pudesse chegar a ser contrário à formosa virtude.
“Manteve
Ela, sempre, todos os seus pensamentos, afetos e desejos fixos e absortos em
Deus. [...] De onde nasceu em Maria aquela serena compostura, aquela suave
modéstia, aquela casta. gentileza em seu semblante e em toda a sua pessoa, que
arrebatava o coração só de olhá-La; [...] aquele atraente candor que admiramos
em suas imagens, e que basta, amiúde, para operar entre os infiéis e entre os
mais endurecidos pecadores, milagrosas conversões; que basta para pôr em fuga o
demônio, para rejeitar todo afeto e desejo, toda imaginação e pensamento menos
honesto.
“Fixai
os olhos numa imagem do Crucificado e vos inspirará compunção. Fixai-os numa
imagem de Maria, e percebereis brotar em vosso coração sentimentos e afetos de
castidade. Nunca pôde nada contra Maria o hálito pestilencial do demônio, cuja
orgulhosa e asquerosa cabeça Ela esmagou” 2
1)
LIGÓRIO, Afonso Maria de. Glórias de Maria Santíssima. 6. ed. Petrópolis:
Vozes, 1964. P. 348-349.
2)
CAVATONI, Angel. Letanía de la Santísima Virgen. Barcelona: Litúrgica Española,
1953. p. 91.