Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Os
ilustres autores do Tesouro de Oratória Sagrada assim nos apresentam o encanto
dos espíritos celestiais, diante da Santíssima Virgem:
“Nunca
se poderá negar que Maria é superior aos Anjos em graça e em glória. E, por
isso mesmo, também não se poderá negar que, sob ambos aspectos, deve-se chamar
Rainha de todas as inteligências angélicas. [...]
“E os
Anjos que A vêem constituída, por sua glória e por sua graça, sobre a esfera
deles, arrebatados pela divina beleza que resplandece em seu rosto, e submissos
ante a divina grandeza de que está Ela revestida, executam seus mandatos,
veneram seu nome e celebram sua dignidade.
“Não
por isso se pense que somente quando os Anjos viram a Maria no Céu e sentada no
trono da glória, A saudaram como Rainha. Não. Desde o primeiro instante de sua
vida já Lhe tributaram os devidos obséquios, pelo fato mesmo de que, desde
então, transportados em êxtase de admiração, suspiravam por esta Mulher
singularíssima, que embora vinda de um deserto, se apresentava cheia de graça e
de grandeza. Por conseguinte, perguntando-se uns aos outros, e pedindo-se
mutuamente a explicação deste grande acontecimento, deste fato único nos anais
dos fatos mais extraordinários e solenes, desta indizível maravilha, exclamavam
(Cânt. VIII, 5): «Quem é esta que sobe do deserto, inebriada de delícias?»
[...]
“Assim,
se ainda quando Maria andava como peregrina pelos ásperos caminhos deste vale
de misérias, os Anjos Lhe serviram de criados e de ministros, o que não farão
agora, que A vêem ascender da Terra ao Céu, e aí colocada esplendidamente sobre
todas as suas ordens e coros? [...]
“Reconhecendo-A
por Rainha, dançam em sua presença os Anjos, aplaudem-Na os Arcanjos, as
Virtudes A glorificam, os Principados A enaltecem, regozijam-se as
Dominações, alegram-se as Potestades, festejam-Na os Tronos, cantam-Lhe louvores
os Querubins e celebram seus privilégios os Serafins!” 1
1)
TESORO DE ORATORIA SAGRADA. 2. ed. BULDÚ, Ramon (Dir.). Barcelona: Pons, 1883.
p. 323-324; 326-328 e 330, Vol. IV.