sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A escravidão de amor à Mãe de Deus

Deus, Senhor absoluto de todas as suas criaturas, poderia ordenar pura e simplesmente. Mas não. Quis Ele depender do consentimento de Maria. A Redenção ficou, pois, pendente do amor d’Ela, da sua vontade, dos seus lábios virginais.
E esses lábios pronunciaram o “Sim!” que desencadeou o processo irreversível: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Tudo quanto veio depois, e ainda virá, é consequência desse “Faça-se”, inclusive a fundação da Igreja e sua trajetória ao longo dos séculos.
A escravidão de amor à Mãe de Deus
Dele decorre também o mais elevado título de Nossa Senhora: Mãe de Deus. A humilde Virgem Maria, cuja maior glória consistia em proclamar-se “escrava do Senhor”, gerou em suas virginais entranhas o Criador do universo!
Este é o motivo pelo qual a Igreja presta à Virgem Maria um culto superior ao de todos os Anjos e Santos juntos: porque Ela é Mãe de Deus.
Por isto São Luís Grignion de Montfort incentiva com ardor a devoção ao mistério da Encarnação, explicando ser esta uma devoção inspirada pelo Espírito Santo “para honrar e imitar a dependência em que Deus Filho quis estar de Maria, para glória de Deus seu Pai e para nossa Salvação”. E acrescenta: “Dependência que transparece particularmente neste mistério em que Jesus Cristo se torna cativo e escravo no seio de Maria Santíssima, aí dependendo d’Ela em tudo”.1
Portanto, esse grande Santo não hesita em afirmar que o primeiro escravo da Mãe de Deus foi o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo.
Qual terá sido o segundo? São João Evangelista? Não sabemos.
O fato é que milhares e milhares de fiéis ao longo dos séculos — entre os quais numerosos Santos — imitaram o exemplo de Jesus, consagrando-se à sua Santíssima Mãe como escravos de amor. E o Papa João Paulo II não perde oportunidade de incentivar com ardor e entusiasmo essa consagração, que ele próprio fez em sua juventude.
Consagrar-se a Maria como escravo de amor, este é o primeiro passo para tornar-se um devoto de Maria.
Qual é o nosso papel nesse episódio?
Desde toda a eternidade, Deus teve em mente criar a Virgem Maria para ser a Mãe do Redentor. Ele nada cria “por acaso”, ou “por distração”. Assim como Maria, todo ser humano — você também, leitor — tem uma missão pessoal a cumprir nesta terra.
Deus tem poder absoluto para obrigar cada homem a cumprir a finalidade para a qual foi criado. Ele, porém, não quer forçar nossa vontade. Quer nosso consentimento amoroso para a realização de seus divinos planos.
Coisa inefável e, ao mesmo tempo, terrível: nós temos a liberdade de dizer “sim” ou “não” a Deus! Os santos — no sentido amplo da palavra, ou seja, aqueles que estão no Céu — disseram “sim”, como Maria. Os condenados ao inferno disseram “não”, como Lúcifer.
Em qual dessas categorias estarei eu... estará você, leitor? No alto do Calvário, junto à Cruz, a Mãe das Dores foi solicitada a confirmar o “Fiat” proferido na Anunciação. E repetiu seu consentimento: morra meu Filho Divino, para redimir todos os homens. Nessa hora suprema, tinha Ela conhecimento de todas as almas que, até o último dia do mundo, seriam beneficiadas pela Redenção. Portanto, Ela pensou em mim, pensou em você também.
Pensemos, pois, n’Ela! E peçamos-Lhe que nos livre da desgraça de dizer “não” à voz da graça em nossa alma. Para nos atender, Ela só está à espera de nosso pedido.
1) Tratado da Verdadeira Devoção, nº 243.