terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Perfeita prática do Primeiro Mandamento

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Considerando a ardente caridade de Nossa Senhora, escreve Santo Afonso de Ligório, firmado no sentir comum dos teólogos:
“Diz Santo Alberto Magno: Quanto é grande a pureza, é também grande o amor. Quanto mais um coração é puro e vazio de si mesmo, tanto mais cheio é de caridade para com Deus. Assim Maria, sendo sumamente humilde e vazia de si, foi cheia do divino amor e neste excedeu a todos os Anjos e homens, como disse São Bernardino de Siena. Com razão, A chama São Francisco de Sales: Rainha do amor.
“Deu o Senhor aos homens o preceito: «Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração» (Mt. XXII, 37). Entretanto, os homens, diz São Tomás, não na Terra, mas no Céu, poderão cumpri-lo perfeitamente. Na opinião de Santo Alberto Magno, semelhante preceito, por ninguém cumprido com perfeição, de certo modo teria sido indecoro so ao Senhor, que o decretou, se não houvesse existido sua santa Mãe que o cumpriu perfeitamente.
“Tal pensamento é confirmado por Ricardo de São Vítor: A Mãe de nosso Emanuel em todo sentido praticou as virtudes com consumada perfeição. Quem como Ela cumpriu o preceito de amar a Deus de todo o coração? Tão intenso era n’Ela o incêndio do amor divino, que não restava lugar para a menor imperfeição. De tal modo o amor divi no feriu a alma de Maria, observa São Bernardo, que não Lhe deixou parte alguma que não fosse ferida de amor. Deste modo, pois, cumpriu a Senhora perfeitamente o primeiro preceito divino. [...]
Caridade que põe em fuga os demônios
“Deus é o amor (I Jo. IV, 16) e à Terra veio para atear em todos os corações a chama de seu amor. Mas, como o de Maria, não inflamou nenhum outro. Puro completamente de afetos terrenos, estava ele preparadíssimo para arder nesse bem-aventurado fogo. Daí então as palavras do Pseudo-Jerônimo: Tanto A abrasou o amor divino, que nada de terreno Lhe prendia as inclinações. Ardia, completa e totalmente, no amor divino e dele estava inebriada. Sobre esse amor lê-se nos Cânticos: Seus abrasamentos são de fogo, chamas do Senhor (VIII, 6).
“Fogo e chamas tão somente era, pois, o coração de Maria. Fogo, porque ardia inteiramente pelo amor, como fala um texto atribuído a Santo Anselmo. Chamas, porque resplandecia externamente pelo exercício das virtudes. [...] Sobre isso apóia-se o pensamento de São Bernardino de Siena, de que Maria nunca foi tentada pelo Inferno.

Eis as suas palavras: Assim como de um intenso fogo fogem as moscas, assim do coração de Maria, fogueira de caridade, eram expulsos os demônios, de modo que nem tentavam aproximar-se dele. [...]