quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nossa Senhora e o símbolo da torre

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Recolhendo o ensinamento dos Santos e doutores eclesiásticos, o Pe. Jourdain nos apresenta Maria Santíssima simbolizada pela torre:
“O Padre Eterno nos deu uma torre que se eleva até o mais alto dos céus, uma torre que é a glória da humanidade, e onde todos os homens, sem exceção, podem encontrar refúgio contra seus inimigos e contra a cólera do próprio Deus. E a augusta Virgem Maria, a Torre de David e a Torre de Marfim, como as almas fiéis se comprazem em chamá-La.
 Alicerces da Torre de David
“A Bem-aventurada Virgem é comparada a uma torre e recebe esse nome por várias razões.
“A primeira se tira de sua humildade.
“Uma torre é um edifício cuja massa é considerável, cuja solidez deve ser a toda prova, e que, em consequência, exige alicerces profundamente cavados e repousando sobre a rocha viva. A admirável humildade de Maria, que atraiu sobre Ela os favores do Altíssimo, como Ela o proclama em seu cântico, foi o fundamento da torre maravilhosa que Deus quis construir. [...]
“Pode-se dizer também que o fundamento da torre mística é a fé da augusta Virgem, posto que esta virtude é a base de todo bem espiritual, como o alicerce é o começo do edifício. Ou ainda, são as principais virtudes de Maria, que, semelhantes a pedras de dimensões inusitadas, são perfeitamente próprias a sustentar o incomensurável peso do monumento que Deus prepara. [...]
 Sublime elevação de alma
“Em segundo lugar, Maria é uma torre pela sublimidade de sua perfeição. Tanto na vida ativa como na contemplativa, nada há de comparável à Mãe de Deus. Como uma torre domina todos os objetos que a cercam, assim a augusta Virgem se eleva, pela contemplação e pela ciência das coisas divinas, pela prática das mais heróicas virtudes, como também das mais humildes e desconhecidas, acima dos mais ilustres Santos, acima dos próprios Querubins e Serafins. [...]
Força invencível
“Em terceiro lugar, Maria é semelhante a uma torre por sua força invencível. Ela é a mulher forte de que fala a Escritura, e é sua mão que sustenta a Igreja militante em meios às lutas e provas de cada dia.
“Foi particularmente no momento da Paixão de seu Divino Filho e durante as longas horas da permanência de seu corpo no sepulcro, que se manifestou a força desta Mãe de dores. [...] Ela seguiu sem esmorecer seu adorável Jesus, até o alto do Calvário; deu seu consentimento para o sacrifício da Redenção, ficou ao pé da Cruz durante todo o tempo que seu Filho nela esteve pregado, e esperou, com a mais viva e inabalável fé, o feliz momento de sua Ressurreição. E agora é Ela que transmite a virtude da fortaleza a todos aqueles que dela necessitam e que recorrem confiantes à sua maternal proteção.
“Os Apóstolos e os primeiros cristãos foram amparados por Maria, em meio às provações suscitadas pelo ódio dos judeus e de outros per-seguidores; foram Sustentados nos combates interiores, muitas vezes mais penosos e perigosos que as lutas exteriores. Ela era a torre poderosa que lhes dava abrigo e os tornava fortes e invencíveis, defendendo-os contra todo ataque. O que Ela foi para eles, não cessou de ser, e aqueles que recorrem a seu poderoso auxílio, triunfarão de seus inimigos. [...]
Refúgio dos soldados da Igreja
“Uma torre é o refúgio dos soldados: é lá que eles se põem em segurança contra os adversários. Assim a Bem-aventurada Virgem Maria é nosso refúgio, porque nós somos soldados e temos de combater inimigos muito fortes e cruéis. Mas nesta torre somos defendidos e protegidos, quando nela procuramos asilo.

“As torres são destinadas à defesa de um campo ou de uma praça. São Construídas para que, a partir delas, mais facilmente se possa repelir o choque dos inimigos. Maria é destinada à nossa defesa por que Ela nos foi dada, de maneira especial, como Mãe, como Padroeira, como Advogada, para socorrer eficazmente seus filhos muito queridos, com afeto todo maternal; para nos obter os auxílios da graça divina contra todas as tentações; para que, no último momento de nossa vida, Ela nos assista; enfim, para que Ela expulse os demônios, nossos maiores inimigos, e nos conduza à pátria celestial!” 1
1) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Made. Paris: Hippolyte Walzer, 1900. Vol. III. p. 233-234 e 236-239.
Continua