Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada
Recolhendo
o ensinamento dos Santos e doutores eclesiásticos, o Pe. Jourdain nos apresenta
Maria Santíssima simbolizada pela torre:
“O
Padre Eterno nos deu uma torre que se eleva até o mais alto dos céus, uma torre
que é a glória da humanidade, e onde todos os homens, sem exceção, podem
encontrar refúgio contra seus inimigos e contra a cólera do próprio Deus. E a
augusta Virgem Maria, a Torre de David e a Torre de Marfim, como as almas fiéis
se comprazem em chamá-La.
Alicerces da Torre de David
“A
Bem-aventurada Virgem é comparada a uma torre e recebe esse nome por várias
razões.
“A
primeira se tira de sua humildade.
“Uma
torre é um edifício cuja massa é considerável, cuja solidez deve ser a toda
prova, e que, em consequência, exige alicerces profundamente cavados e
repousando sobre a rocha viva. A admirável humildade de Maria, que atraiu sobre
Ela os favores do Altíssimo, como Ela o proclama em seu cântico, foi o
fundamento da torre maravilhosa que Deus quis construir. [...]
“Pode-se
dizer também que o fundamento da torre mística é a fé da augusta Virgem, posto
que esta virtude é a base de todo bem espiritual, como o alicerce é o começo do
edifício. Ou ainda, são as principais virtudes de Maria, que, semelhantes a
pedras de dimensões inusitadas, são perfeitamente próprias a sustentar o
incomensurável peso do monumento que Deus prepara. [...]
Sublime elevação de alma
“Em
segundo lugar, Maria é uma torre pela sublimidade de sua perfeição. Tanto na
vida ativa como na contemplativa, nada há de comparável à Mãe de Deus. Como uma
torre domina todos os objetos que a cercam, assim a augusta Virgem se eleva,
pela contemplação e pela ciência das coisas divinas, pela prática das mais
heróicas virtudes, como também das mais humildes e desconhecidas, acima dos mais
ilustres Santos, acima dos próprios Querubins e Serafins. [...]
Força invencível
“Em
terceiro lugar, Maria é semelhante a uma torre por sua força invencível. Ela é
a mulher forte de que fala a Escritura, e é sua mão que sustenta a Igreja
militante em meios às lutas e provas de cada dia.
“Foi
particularmente no momento da Paixão de seu Divino Filho e durante as longas
horas da permanência de seu corpo no sepulcro, que se manifestou a força desta
Mãe de dores. [...] Ela seguiu sem esmorecer seu adorável Jesus, até o alto do
Calvário; deu seu consentimento para o sacrifício da Redenção, ficou ao pé da
Cruz durante todo o tempo que seu Filho nela esteve pregado, e esperou, com a
mais viva e inabalável fé, o feliz momento de sua Ressurreição. E agora é Ela
que transmite a virtude da fortaleza a todos aqueles que dela necessitam e que
recorrem confiantes à sua maternal proteção.
“Os
Apóstolos e os primeiros cristãos foram amparados por Maria, em meio às
provações suscitadas pelo ódio dos judeus e de outros per-seguidores; foram
Sustentados nos combates interiores, muitas vezes mais penosos e perigosos que
as lutas exteriores. Ela era a torre poderosa que lhes dava abrigo e os tornava
fortes e invencíveis, defendendo-os contra todo ataque. O que Ela foi para eles,
não cessou de ser, e aqueles que recorrem a seu poderoso auxílio, triunfarão de
seus inimigos. [...]
Refúgio dos soldados da Igreja
“Uma
torre é o refúgio dos soldados: é lá que eles se põem em segurança contra os
adversários. Assim a Bem-aventurada Virgem Maria é nosso refúgio, porque nós somos
soldados e temos de combater inimigos muito fortes e cruéis. Mas nesta torre
somos defendidos e protegidos, quando nela procuramos asilo.
“As
torres são destinadas à defesa de um campo ou de uma praça. São Construídas
para que, a partir delas, mais facilmente se possa repelir o choque dos
inimigos. Maria é destinada à nossa defesa por que Ela nos foi dada, de maneira
especial, como Mãe, como Padroeira, como Advogada, para socorrer eficazmente
seus filhos muito queridos, com afeto todo maternal; para nos obter os auxílios
da graça divina contra todas as tentações; para que, no último momento de nossa
vida, Ela nos assista; enfim, para que Ela expulse os demônios, nossos maiores
inimigos, e nos conduza à pátria celestial!” 1
1) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Made. Paris:
Hippolyte Walzer, 1900. Vol. III. p. 233-234 e 236-239.
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