terça-feira, 8 de julho de 2014

Fecundidade de Nossa Senhora

Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio de Nossa Senhora

Terra de fertilíssima fecundidade
“A Santíssima Virgem Maria foi terra de fertilíssima fecundidade em razão de sua concepção frutuosíssima, segundo o que diz o capítulo XLV de Isaías: «Derramai, á céus, dessas alturas o vosso orvalho, as nuvens façam chover o justo; abra-se a terra, e brote o Salvador».
“Os céus derramaram seu rocio na anunciação do Anjo e na missão do Espírito Santo; a terra se abriu ao dar a Virgem seu consentimento, e brotou o Salvador quando foi concebido o Filho de Deus, unicamente por mandato divino, como só por este germinou a terra desde seus começos, segundo consta no capítulo I do Gênese:
“«Produza a terra erva verde, e que dê semente e árvores frutíferas, que deem fruto conforme a sua espécie, cuja semente esteja nelas mesmas (para se reproduzirem) sobre a terra».
“Aquela planta frutífera é Cristo concebido pela Virgem Maria, que havia produzido de antemão a erva de santos pensamentos, afetos, palavras e ações.
“Por conseguinte — conclui São Boaventura —, o homem que deseje ter a Cristo dentro de si, por bênção celeste, convém que produza essas ervas de si mesmo, com plena vontade. [...] Portanto, não sejamos semelhantes a Eva, por culpa de quem se disse a Adão: «A terra será maldita por tua causa», etc. Sejamos mais parecidos com Maria, de quem disse o Salmista: «Abençoaste, Senhor a tua terra», etc. Bendita, porquanto foi fecundada para produzir um fruto nobilíssimo” 1
Terra quatro vezes bendita
Por sua vez, escreve Henry Le Mulier:
“Maria é terra generosa e fecunda, não tendo produzido jamais abrolhos, nem espinhos, nem qualquer desses frutos malditos que, abandonados ao livre arbítrio, engendraram a desobediência e a morte. Terra rica e fértil que, sem cultivo, sem sementes, sem outra preparação que o rocio celeste, gerou, na obediência, o fruto bendito, o fruto de vida, a salvação das nações.
“Terra de justiça e de glória, que o Senhor cuida com suas próprias mãos, e que Ele governa como um rei ao seu reino. [...]

“Terra quatro vezes bendita, do seio da qual brotou essa fonte de salvação, que, dividindo-se em quatro rios imensos, que são os quatro Evangelhos, levou a luz e a vida até aos confins do mundo!”2
1) BOAVENTURA. Obras Completas. Madrid: BAC, 1947. p. 763-765.
2) LE MULlER, Henry. Dela Très-Sainte Vierge d’aprés les Saintes Écritures et les Pères de l’Eglise. Paris: Pilon, 1854. Vol. I. p. 33-34.