Continuação dos comentários ao Pequeno Oficio de Nossa Senhora
Formadora
do coração sacerdotal do Divino Redentor
Outro
eminente mariólogo contemporâneo, Fr. Armando Bandera, O. P., considera o papel
de Maria Santíssima na “formação do coração sacerdotal de Nosso Senhor Jesus
Cristo”. Concluindo seu criterioso estudo, escreve o douto dominicano: “A
Virgem cumpre sua função educadora enquanto Mãe de Cristo e precisamente por
ser sua Mãe. Esta ação maternal penetra no próprio núcleo da Redenção, uma vez
que toca no aspecto primário desta, que é o de sacrifício. Portanto, para
compreender o conteúdo do sacrifício de Cristo, é necessário relacioná-lo com a
Virgem. Cristo imolou um «coração» que havia sido formado pela Virgem, e que
aceitou, também no momento supremo, todo o influxo d’Ela recebido, para
convertê-lo em fonte de salvação.
“Se, ao
estudar o mistério da Redenção, prescinde-se da Virgem, mutila-se o conteúdo da
obra do próprio Cristo. [...] A influência salvífica da Virgem não só não entra
em colisão com Cristo, como nos é transmitida sobretudo através de seu
sacrifício, pelo que este não pode ser aceito com plenitude, se alguém o
desliga dos vínculos que tem com a Virgem Maria”
Poder incomparavelmente superior
ao do sacerdote
Assim,
vem a propósito este ardoroso comentário do Pe. Júlio- Maria, Missionário de
Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento:
“Sem
dúvida, a Virgem não possui o poder de consagrar. Mas, considerando-se tudo, a
consagração não dá a Jesus um ser novo, uma natureza nova; torna-O somente presente
sob as espécies do pão e do vinho, nesta maneira própria à Eucaristia, que se
chama o estado sacramental; enquanto que Maria deu ao Verbo seu ser humano, uma
outra natureza, sem a qual não haveria nem Sacramento, nem sacrifício. Nossa
Senhora, por sua palavra, por seu fiat, produziu-O em seu seio, sobre o altar
íntimo de seu coração. Ela O produziu de sua própria substância, de seu próprio
sangue; revestiu seu Filho com esta carne sagrada, destinada ao sacrifício por
Deus que a devia aceitar, e graças à qual, providenciada a Vítima que Lhe
faltava, nosso Pontífice pôde exercer seu sacerdócio.
“Poder
maravilhoso, divino, incomparavelmente superior ao sacerdote, pois que é mil
vezes mais prodigioso, na ordem do sacrifício, o formar a vítima e fornecê-la
ao mundo, do que torná-la simplesmente presente pela consagração do pão e do
vinho”