Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
E o
grande Santo Ambrósio, também contemplando o sublime mistério da Encarnação,
traçou este eloquente paralelo entre a humilhação do Verbo e a exaltação do
homem:
“[O
Filho de Deus] se fez pequeno, foi menino, para que tu possas ser varão
perfeito; Ele foi envolto em faixas, para que tu possas ser desligado dos laços
da morte; Ele foi reclinado num presépio, para que tu possas ser colocado nos
altares; Ele foi posto na terra, para que tu possas estar entre as estrelas; Ele
não teve lugar na estalagem, para que tu tenhas muitas mansões nos Céus (Jo.
XIV, 2). «Ele, sendo rico, fez-se pobre por vosso amor a fim de que vós fôsseis
ricos pela sua pobreza» (II Cor. VIII, 9). Logo, meu patrimônio é aquela
pobreza, e a debilidade do Senhor, minha fortaleza. Preferiu Ele para si a
indigência, a fim de ser pródigo para todos” “.
Podemos,
pois, concluir com Santo Agostinho:
“[No
mistério da Encarnação se verificou uma] singular elevação do homem, realizada
de maneira inefável pelo Verbo Divino, para que Jesus Cristo fosse chamado, a
um tempo, verdadeira e propriamente Filho de Deus e Filho do homem. [...]
‘Assim
foi predestinada aquela humana natureza a tão grandiosa, excelsa e sublime
dignidade, não sendo possível uma maior elevação da mesma; como também a divindade
não pôde descer nem se humilhar mais por nós, do que tomando nossa natureza,
com todas as suas debilidades, até à morte de Cruz” 12