sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Necessidade da Redenção preventiva de Maria

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
O douto e pio Nicolas assim explica a Redenção preventiva de Nossa Senhora:
“Esta isenção [do pecado original em Maria], verificou-se pela graça de Jesus Cristo. Esta mesma graça, que libertou o gênero humano inteiro do pecado original, bem pôde preservar desta culpa a Maria, aplicando-Lhe como antídoto o que ela, por sua vez, nos administra como remédio. E ainda se pode afirmar que isto foi necessário. Deus, para maior glória de Jesus Cristo, devia manifestar n’Ele, e por seus méritos, esta eficácia preservadora. É inadmissível que a virtude do sangue divino tenha limites. Sem dúvida por um plano cuja sabedoria foi reiteradas vezes manifestada, esta virtude quis limitar-se a nos purificar da mancha com que nascemos.
“Em certos personagens ilustres, como Jeremias e São João Batista, elevou-se mais alto, pois os santificou antes de seu nascimento e no próprio seio de suas mães, onde foram concebidos no pecado. Porém, o mal ainda possuía uma fortaleza — a partir da qual podia protestar contra a eficácia soberana do sangue de Jesus Cristo — nesta mesma concepção em que [ele, mal], se une à vida humana pelo ato que a transmite, imprimindo seu [funesto] selo sobre nossa origem.
“Convinha, pois, que esse último entrincheiramento do pecado fosse destruído por uma concepção imaculada, que desse testemunho, com um solene e decisivo exemplo, da onipotência absoluta dos méritos de Jesus Cristo. «Seu sangue, que tanto poder tem para nos livrar do mal, disse Bossuet não o terá para nos preservar dele? E se tem esta virtude, deixá-la-á inútil eternamente? Não haverá uma só criatura em que [dita virtude] se manifeste? E qual será esta criatura, senão Maria?»

“Este sangue divino não deveria, por seu próprio decoro, purificar a concepção de Maria, que foi sua primeira origem? «Com efeito, acrescenta magnificamente Bossuet é a partir d’Ela que começa a se estender este formoso rio, este rio de graças que corre em nossas veias pelos Sacramentos, e que leva o espírito de vida a todo o corpo da Igreja. E assim como as fontes, sempre se lembrando de seus mananciais, lançam suas águas a grandes alturas, como se procurassem suas nascentes no meio do ar; da mesma sorte podemos assegurar que o sangue de nosso Salvador fará subir sua virtude até à concepção de sua Mãe, para honrar o lugar de onde saiu»”1 .

1) NICOLAS, Augusto. La Virgen María y el Plan Divino. Barcelona: Religiosa, 1866. Vol. II. p. 109-110.