sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Filha da bênção, e não da cólera

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora 
É o que também afirma o Pe. Thiébaud:
“Todos os homens foram resgatados a grande preço, porque eram culpados; Maria, a primeira, será também resgatada a grande preço, mas para não se tornar culpada. Quer dizer, fomos todos resgatados por uma Redenção purgativa e sanificadora, enquanto que Maria, e só Ela, foi resgatada por uma Redenção preservadora e protetora.
“Em duas palavras, o mérito da Redenção para Maria não foi o de ter sido arrancada, como nós, da maldição geral, mas — o que é infinitamente mais precioso para Ela — é o de ter sido preservada da mesma, por antecipação. Nascemos todos filhos da cólera; somente Maria nascerá filha da bênção. Mal atingiu Ela o nível das menores criaturas da Terra, e já se elevou acima das mais augustas dignidades do Céu.
Quando Deus pensava em reerguer o gênero humano, cogitava em impedir que Maria caísse; e Ele adianta de tal maneira em favor d’Ela o cumprimento de suas promessas, que o primeiro dia da desgraça de Adão é precisamente o primeiro dia da glória de Maria. Ela começa sua santificação por onde os maiores Santos não podem terminar a deles. Numa palavra, a Redenção do mundo ainda não havia chegado, e a de Maria já estava assegurada.
“É assim que a ideia da Imaculada Conceição de Maria transporta a alma para um mundo sobrenatural, e nos introduz nos mais impenetráveis segredos do Deus três vezes santo.

“Compreende-se que Deus se devia a si mesmo esta maravilhosa isenção, e que a devia também à sua divina Mãe. A santidade do próprio Deus assim o exigia, como sendo de indispensável e total conveniência” 1
1) THIEBAUD. Les Litanies de La Sainte Vierge expliquées et commentées. 3. ed. Paris: Jacques Lecoifre, 1864. Vol. I. p. 103-104.