Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício de Nossa Senhora
Fostes do
vero David Mãe terna, Mãe carinhosa
O
verdadeiro David é Nosso Senhor Jesus Cristo, do qual foi admirável prefigura
aquele Rei e Profeta de Israel. Para com seu Divino Filho, teve Nossa Senhora o
mais entranhado, sublime e inexcedível amor materno.
Excelência do amor materno
“O auge
da perfeição de uma pura criatura nesta vida está cifrada no amor a Deus”,
ensina São Tomás de Villanueva. “E não há entre todos os amores da vida
presente, amor semelhante ao que tem a mãe ao filho. Mais ainda, t...] costumam
as mães amar com certa força natural até mesmo os filhos disformes e
indolentes, os mais feios e abomináveis, nos quais parece não haver motivo
algum de amor; e não as detêm muitas torpezas de seus filhos, pois amam com um
extraordinário amor aqueles que engendraram de suas próprias entranhas.
Ardoroso amor de Maria por seu
Filho
“Por
conseguinte, que amor havemos de pensar professava a piedosíssima Virgem a seu
único Filho, o mais encantador, o mais formoso, sábio, obediente, o melhor,
inebriado de todas as graças e dons, resplandecente em todas as virtudes e ciência,
o mais perfeito que podemos imaginar em todos os bens apetecíveis ao homem?
“Não
conhecia Ela, com toda segurança e clareza, que, acima de tudo isso, era Ele
verdadeiro Deus e Criador seu e de todas as coisas? Que ardores e labaredas não
irradiaria daquele inato fogo em suas entranhas,
quando levava em seu regaço a tal Filho, nutrindo-O de seu leite? [...] Em que
amor se abrasaria, ao vê-Lo já com três ou quatro anos brincando diante de si,
sorrindo-Lhe com semblante encantador, acariciando-A com filial gentileza?
[...]
“E não
era [Marial como as outras mães, não tinha um filho comum com um varão, pois
que sem concurso humano O havia concebido e gerado: sob todos os aspectos era
seu, engendrado totalmente de suas entranhas. Não tinha Ele pai algum sobre a
Terra, não conhecia Ela quem tivesse parte no Filho: era só Ela para Ele, e Ele
era só para Ela. Não tinha um filho comum com o homem, mas com Deus. Era mãe na
Terra d’Aquele que tinha a Deus por pai no Céu. Oh! inestimável caridade da
Virgem! Oh! incompreensível elevação da terna Donzela!” 1
1)
VILLANUEVA, Tomas de. Obras. Madrid: BAC, 1952. p. 198 e 421.
Continua