segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Maria: Templo erigido pelo poder divino II

Continuação dos comentários ao Pequeno Ofício da Imaculada Conceição
Templo adornado pela divina sabedoria
“Em segundo lugar, é templo a quem a divina sabedoria adornou, podendo-se aplicar a Ela o que diz o capítulo IV do livro primeiro dos Macabeus: «E adornaram a fachada do templo com coroas de ouro».
Por fachada, com efeito, entende-se a mente; por brilho do ouro, o conhecimento, e por coroa, a eternidade. E, na verdade, a fachada do templo foi adornada com coroas de ouro quando a mente da Virgem foi iluminada para conhecer as coisas eternas; escreve-se no capítulo XXI do Eclesiástico: «A ciência é para o homem prudente um ornamento de ouro». Por conseguinte, como a Mãe de Deus foi Virgem prudentíssima, assim, como com áureos adornos, foi enriquecida de muitas e admiráveis maneiras pela divina sabedoria, como bem se expressa no capítulo VI do livro terceiro dos Reis: «Não havia parte alguma dentro do templo que não estivesse coberta de ouro»; e pouco depois: «Cobriu também de ouro os Querubins. E fez adornar todas as paredes ao redor do templo com várias molduras e relevos».
Templo dedicado pela divina graça

“Em terceiro lugar, é também templo dedicado pela divina graça, segundo se insinua no capítulo VII do livro segundo dos Paralipômenos, onde se diz; «Salomão consagrou também o meio do átrio diante do templo do Senhor». No qual se nos dá a entender que a graça da santificação desceu sobre a Virgem com tanta abundância, que A santificou e adornou, não só interiormente, quanto à alma, mas também exteriormente, quanto ao corpo, segundo as palavras do Anjo no capítulo I de São Lucas: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com sua sombra». E é que, pelo fogo do divino amor, foi dilatada e aperfeiçoada na graça, coberta da virtude do Altíssimo e purificada de toda concupiscência. E isto é o que insinua o Espírito Santo no capítulo II do livro segundo dos Macabeus: «Ofereceu Salomão o sacrifício da dedicação e santificação do templo». Na oferta desse sacrifício desceu fogo do céu e uma nuvem encheu o templo, segundo se diz no capítulo VII do livro segundo dos Paralipômenos, no que se nos dá a entender o incêndio da graça do Espírito Santo e a sombra da virtude do Altíssimo, por cujo concurso foi dedicada a Virgem Maria para ser idôneo templo de Cristo.