sábado, 1 de junho de 2013

Maria e o simbolismo da Aurora

Ouvistes, sem dúvida, os amantes da bela natureza se extasiarem sobre o maravilhoso efeito do nascer do dia. Viste-os empreender longas viagens e passar noites inteiras no cimo de montanhas glaciais, a fim de se encontrarem, pela manhã, prontos a desfrutar do radioso espetáculo de uma bela aurora.
O Sol ainda não se levantou; não se distingue nem um de seus raios, e, entretanto, uma certa luz intermediária, semelhante à da alegria, já faz renascer a natureza. Há, então, entre a noite e o dia, alguns instantes de luta. Logo o horizonte se colore de mil matizes, e o lado do Oriente aparece todo em fogo. É então que acreditareis ver cada criatura retomar sua vida, sua cor, sua inteligência, como se retoma um traje de gala após a noite onde tudo é sombrio e incolor. [...]
Os esplêndidos fulgores de um meio-dia de verão não têm o encanto desta aparição resplandecente, que exerce sobre a natureza um tão grande domínio.
Digno de lástima seria aquele que permanecesse indiferente a este imponente quadro, e que, podendo ser testemunha de um tão belo espetáculo, não sentisse seu coração disposto a glorificar, reconhecido, a majestade das obras de Deus!
Mas, quanta distância há entre todas essas belezas da Terra e as belezas espirituais que Maria nos veio trazer! É Ela que, no dia de seu nascimento, foi um presságio de misericórdia que antecedeu somente de algum tempo ao Sol de Justiça, o desejado das nações. É Ela que precede a marcha desse gigante dos Céus, como para preparar nossos olhos à luz divina, que logo inundará a Terra.
À sua vista, comprazemo-nos em exclamar com o Espírito de Deus:
Ó Homens, [...] alegrai-vos; a hora da esperança chegou: já a noite passou com seus terrores e seus espantos; ele se aproxima, esse belo dia prometido há tanto tempo. É Maria, verdadeira aurora da salvação, que nos aparece hoje, [...] radiosa, Ela própria, da felicidade que nos traz”.1
1 THIÉBAUD. Victor-Joseph. Les Litanies de la Sainte Vierge expliquées et commentées, apud CLÁ DIAS, EP, João Scognamiglio. Pequeno Ofício da Imaculada Conceição comentado. 2.ed. São Paulo: Associação Católica Nossa Senhora de Fátima, 2010, p.343-344.