terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O divino olhar de Jesus

Procuremos imaginar o olhar de Nosso Senhor Jesus Cristo, por toda a eternidade, pousando complacente sobre cada um de nós, enchendo-nos continuamente de todo o gáudio de que somos capazes! É tanto, que seríamos propensos a dizer:
“Senhor, para que mais? Não aguento felicidade maior do que essa! Vós me falais do céu empíreo, Vós me fazeis ver a pradaria que extasiou São João Bosco; mas, Senhor, eu me ponho de joelhos e Vos digo: um olhar vosso... Pudesse eu apenas ver um olhar vosso, e em condições tais que, fitando-o, eu visse nele a Vós e a mim, e me sentisse amado por Vós. O que mais, meu Deus? Eu poderia suportar tanto? Custa-me crer que, na minha limitação de criatura humana, eu seja capaz de aguentar durante toda a eternidade esse oceano de perfeições e delícias que é o vosso olhar límpido, profundo, tranquilo, possante, cambiante de impressões... Um universo, o vosso olhar, movendo-se continuamente diante de mim.
Meu Deus, o que são os vitrais das catedrais, o que são as estrelas do céu, o que são os reflexos do firmamento sobre as águas do mar em comparação com somente um minuto dessa visão do vosso olhar? Se, como reza o Evangelho, uma só palavra vossa e minha alma será salva, se tanto pode uma palavra meu Deus! quanto não poderá o vosso olhar?! Senhor, um único olhar vosso para mim, e minha alma estará salva.
Só isso? Nos momentos em que eu me sentisse pequenino para esse olhar, vê-lo se dirigir a Nossa Senhora; vê-Los, Mãe e Filho, fitarem-se mutuamente e se perderem um no olhar do outro que cena! Perceber o eterno e incessante co-relacionamento de ambos, não apenas nas expressões de alma, mas também nos gestos e atitudes de seus corpos gloriosamente ressurgidos, transmitindo extraordinárias impressões que meus olhos materiais e todo o meu ser, extasiados, também poderão contemplar!
Quem é capaz de conceber semelhante ventura? Nossa Senhora sentada em um trono próximo ao de Jesus, prolongando pela eternidade os colóquios que mantinham em Nazaré, em Belém, e naqueles nove meses em que Ela era o sacrário ambulante onde Ele morava! Quem, repito, pode descrever igual maravilha?
Pois essas são as alegrias que nos estão reservadas no Céu. Ao lado do gáudio ainda mais incomparável de ver Deus face a face, na sua natureza de puro espírito, eterno e perfeito.