sábado, 10 de dezembro de 2011

Invoca Maria

Cada manhã, o girassol volta-se espontaneamente em direção ao astro-rei e, até que venha a noite, acompanha minuto a minuto a trajetória da esfera de fogo pelo firmamento.
Este fenômeno, dos mais curiosos no mundo da botânica, não é exclusivo do girassol. Em maior ou em menor grau, todas as plantas se orientam de acordo com o movimento do sol. Em regiões muito arborizadas, podemos perceber como as plantas tomam formas diversas, à procura de uma posição que lhes garanta uma maior incidência de raios solares.
A isto denomina-se heliotropismo, termo formado por duas palavras derivadas do grego: hélio (sol) e tropismo (desviar; virar-se para).
Para ilustrar certos movimentos de alma podemos denominá-los de tropismos. O mais importante deles, presente no espírito humano e multiplicado pela ação da graça, é o teotropismo, o estar constantemente à procura de Deus.
Podemos dizer que, subordinado a este teotropismo e a ele conducente, existe um mariotropismo a contínua procura de Maria, do que os santos são modelos.
Verificando as hagiografias de qualquer época e lugar, constataremos que pregadores, estadistas, evangelizadores, donas-de-casa, pontífices, intelectuais, camponesas, guerreiros, artistas, princesas, esmoleres, etc. não importa qual tenha sido a nota distintiva da vida dos que andaram nos caminhos do Senhor, nunca falta neles esse movimento de alma em busca da Santíssima Virgem.
O viver continuamente voltado para Nossa Senhora não é um privilégio das pessoas virtuosas, mas um dom de Deus para a humanidade do qual ninguém está excluído: Neste vale de lágrimas em que vivemos expiando o pecado original e nossos pecados atuais, não deixemos de pôr os olhos na estrela que é Nossa Senhora.
Ora, pensará alguém definitivamente, esses tropismos são para os santos, para as almas puras, e não para um espírito calejado como o meu.
Engano! Precisamente são as almas mirradas e esquálidas as que mais devem procurar a misericordiosa e maternal luz da Santíssima Virgem. E para nos impelir a imitarmos o girassol em relação ao astro diurno, repetir-nos-á o apelo de São Bernardo:
Ó tu, quem quer que sejas, que te sentes longe da terra firme, arrastado pelas ondas deste mundo, no meio das borrascas e tempestades, se não quiseres soçobrar, não tires os olhos do fulgor desta estrela. Se, perturbado pela lembrança da enormidade de teus crimes, confuso à vista das torpezas de tua consciência, aterrorizado pelo medo do Juízo, começas a te deixar arrastar pelo turbilhão da tristeza, a despenhar no abismo do desespero, pensa em Maria. Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria!