quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Aurora da confiança

Em geral, a devoção viva e verdadeira a Nossa Senhora se inicia por uma espécie de permuta de bons ofícios entre ela e o fiel.
Vendo-se em apuros, a pessoa pede a Nossa Senhora para ser salva. E a Mãe de Misericórdia, ao ajudar, opera algo – na ordem da graça – na alma do socorrido, fazendo-a adquirir uma vivência da sua solicitude maternal, risonha, afável e bondosa. Assim, nasce no espírito do fiel a fervorosa esperança de ser novamente atendido em outras circunstâncias difíceis.
Esse insistente suplicar de graças – sobretudo a do perfeito amor a Deus – vai num crescendo, em que Nossa Senhora se torna sempre mais exorável, mais materna, de uma assistência mais meticulosa, à medida que a pessoa progride no contato com essa providência risonha e afável d’Ela para com cada um de nós.
Às vezes, pedimos a Nossa Senhora verdadeiras bagatelas, ninharias, que Ela nos concede como a mãe que deseja dar a seus filhos coisas grandes e pequenas, e tem um sorriso particularmente afectuoso para as menores solicitações.
Inicia-se então uma espécie de aurora da confiança, da profunda compreensão de nossas relações com Nossa Senhora. E ainda que a alma passe por longas e duras provações, por extensos períodos de aridez e dificuldades, algo dessa compreensão e dessa confiança permanece imutável. É como uma luz que nos acompanha a vida inteira, até a hora da morte, e mesmo nos últimos e mais amargos transes de agonia.
Não raras vezes suplicamos algo que não está nos desígnios de Nossa Senhora conceder. Contudo, se Maria Santíssima não nos atende, Ela nos dá, entretanto, força de alma para suportar a carência do que não recebemos. Passados os dias de provação, veremos que Maria nos galardoou com algo incomparavelmente melhor do que aquilo que anteriormente Lhe havíamos solicitado.
Portanto, ao apresentarmos nossos pedidos e oferendas a Nossa Senhora devemos fazê-lo com total esperança de que Ela condescenda conosco. Se assim não procedermos, nossa devoção para com Ela jamais será perfeitamente verdadeira.
Em nosso relacionamento com a Santíssima Virgem, importa que tenhamos o desembaraço, a intimidade de filhos que, apesar de por vezes constristá-La, apresentam-se com toda a confiança, certos de obter o auxílio e o sorriso da melhor de todas as Mães.
É este o ponto de partida inefavelmente suave de uma ardente devoção a Nossa Senhora.
Queira, pois, a Rainha dos Corações nos outorgar a graça dessa doçura especial no amor a Ela.