Continuação do post anterior
A Mãe que criei e da qual nasci
E Nossa Senhora falando
com Ele... Assim como Ele se transfigurou para três Apóstolos no alto do Monte
Tabor, quantas vezes Ele Se transfigurou para Ela? E em que atitudes? Dormindo,
talvez... E no dormir, que poder, que majestade, que inocência, que delicadeza!
Às vezes, de fugidio, de repente, é Deus que Ela vê! Quem pode calcular isto?
Nós sabemos, pelo
Gênesis, que Deus, no sétimo dia, repousou e considerou todas as coisas que
tinha feito. Mas nenhuma delas era bonita como Nossa Senhora. E Jesus, como
Criador, confabulando com sua natureza humana, por assim dizer, pensando:
“Como é linda esta
Mãe que Eu fiz e da qual nasci! Como a alma d’Ela é incomparável! Ali no quarto
— estando entreaberta a porta — vejo que Ela está rezando. É noite, e uma
candeia dá uma luz indecisa. Vejo o perfil d’Ela e noto que Ela reza para Mim.
Mas não entro no quarto. E percebo que Ela está orando para o Padre Eterno,
para o Divino Espírito Santo. Eu — como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade,
diria Ele — conheço a oração d’Ela. Entretanto, é hora de chamá-La para tal
coisa.” E grita: “Mamãe!”
Poder-se-iam
multiplicar as situações, desenvolver isto ao infinito. Ele A vê, em certo
momento, chorar. E Ele sabe, porque a Santíssima Trindade — Ele, portanto —
está dando esclarecimentos a Ela sobre a Paixão, e depois sobre a morte d’Ele.
E Ele nota a docilidade d’Ela, como Ela aceita, como Ela quer. Mas Ele vê desde
já aquela espada que transpassa a alma d’Ela. E Ele Se deleita em considerar
que, pelo amor que Ela tem aos homens, Ela quer que Ele morra. E no dia
seguinte, quando Ela se levanta, Ele percebe um sulco de dor que dá uma
majestade, uma gravidade, uma interioridade à fisionomia d’Ela, que é
verdadeiramente indescritível.
Imaginemos Nossa
Senhora tendo conhecimento profético dos milagres, dos ensinamentos, das
parábolas d’Ele, vendo a figura d’Ele, num alto de um monte, que passa... A
Paixão, a Cruz, a morte e a glória da Ressurreição. Quem poderia imaginar tudo
isso adequadamente? Ninguém!
Continua