quinta-feira, 31 de março de 2016

Hino de Santo Efrém à Virgem Maria

Deu-nos um fruto cheio de doçura
Convida-me a Virgem a cantar o mistério que contemplo com admiração. Dai-me, ó Filho de Deus, vosso admirável dom, pelo qual eu afine minha lira e consiga pintar a imagem toda bela da vossa bem-amada Mãe.
Permanecendo virgem, a Virgem Maria dá ao mundo seu Filho, amamenta Aquele que alimenta as nações, carrega em seu casto seio o sustentador do universo. Ela é Virgem e Mãe, que Lhe falta ser?
Santa de corpo e toda formosa de alma, pura de espírito, reta de inteligência, perfeita de sentimentos, casta, fiel, pura de coração, comprovada, Ela é cheia de todas as virtudes.
Rejubile-se em Maria toda a estirpe das virgens, pois uma dentre elas deu à luz Aquele que sustenta toda a criação, Aquele que libertou da servidão o gênero humano.
Em Maria encha-se de júbilo o velho Adão, ferido pela serpente. Dá-lhe Maria uma descendência que lhe permite esmagar a serpente maldita e o cura de sua mortal ferida.
Regozijem-se os sacerdotes na Virgem bendita. Ela deu ao mundo o Sacerdote eterno, que é ao mesmo tempo Vítima. Ele pôs fim ao antigo sacrifício, oferecendo-Se como a Vítima que aplaca o Pai.
Alegrem-se em Maria todos os profetas. N’Ela se cumpriram suas visões, realizaram-se suas profecias, confirmaram-se seus oráculos.
Exultem em Maria todos os patriarcas. Assim como recebeu a bênção que lhes fora prometida, da mesma maneira Ela os tornou perfeitos em seu Filho. Por Ele, com efeito, os profetas, os justos e os sacerdotes foram purificados.
Em lugar do amargo fruto colhido por Eva da árvore fatal, deu Maria aos homens um fruto cheio de doçura. E eis que o mundo inteiro se deleita com o fruto de Maria.
A Árvore da Vida, oculta no meio do Paraíso, cresceu em Maria e estendeu sua sombra sobre o universo, difundiu seus frutos tanto sobre os povos mais longínquos quanto sobre os mais próximos.
Maria teceu uma vestimenta de glória e a deu a nosso primeiro pai. Entre as árvores escondera ele sua nudez, e ei-lo agora ornado de pudor, de virtude e de beleza. Aquele cuja esposa havia derrubado, sua Filha o eleva; por Ela sustentado, ele se ergue como um herói.
Eva e a serpente armaram uma cilada e Adão nela caíra; Maria e seu régio Filho Se inclinaram e o tiraram do abismo.
A virginal videira produziu um cacho cujo saboroso vinho restitui aos aflitos a alegria. Em sua angústia, Eva e Adão provaram o vinho da vida e nele encontraram completo reconforto.

AMMAN, Emilie. Le dogme Catholique dans les Péres de l’Eglise; 2.ed. Paris: Gabriel Beauchesne, 1922, p.221-223.