sexta-feira, 17 de abril de 2015

Nossa Senhora e Judith

Continuação dos comentários ao Pequeno ofício da Imaculada
Caridade
“«E saía de noite ao vale de Betúlia, e lavava-se numa fonte de água.
E, ao voltar orava ao Senhor Deus de Israel que a guiasse no seu caminho, a fim de conseguir a libertação de seu povo. E, entrando, permanecia pura na sua tenda, até que tomava a sua refeição pela tarde» (Jud.XII, 7,8,9).
“Judith orava por seu povo, cuja libertação ela se tinha proposto empreender. Assim fazia Maria enquanto vivia sobre a Terra. Seus votos ardentes atraíram até nós o Salvador que Deus nos tinha destinado. E agora que Ela está no Céu, não cessa de interceder por nós, junto de seu adorável Filho. t...]
Fortaleza
“Então todos, adorando o Senhor disseram-lhe: O Senhor te abençoou com a sua fortaleza, porque ele por ti aniquilou os nossos inimigos. E Ozias, príncipe do povo de Israel disse-lhe: O filha, tu és bendita do Senhor Deus Altíssimo, sobre todas as mulheres que há na Terra. Bendito seja o Senhor que criou o Céu e a Terra, e que te dirigiu para cortares a cabeça ao chefe dos nossos inimigos. Porque hoje engrandeceu o teu nome tanto, que nunca o teu louvor se apartará da boca dos que se lembrarem eternamente do poder do Senhor". (Jud. XIII, 22 e ss.).
“As homenagens que Judith recebeu da boca de Ozias e de todo o povo eram merecidas; não eram, porém, senão uma representação dos louvores dirigidos a Maria pelos Patriarcas, Profetas e todos os fiéis, assim como o inimigo que Judith havia vencido não simbolizava senão imperfeitamente o inimigo do gênero humano, o adversário de todas as gerações, aquele ao qual nada desconcerta e que, cem vezes prostrado por terra, não deixa de renovar seus ataques.
“«O Senhor te abençoou com sua fortaleza, porque ele por ti aniquilou os nossos inimigos», diziam os israelitas a Judith, vitoriosa de Holofernes. Não era um Anjo, não era um rei poderoso, ou algum grande Profeta que Deus enviou para libertar seu povo, mas uma humilde mulher. Para uma obra incomparavelmente maior para esmagar a cabeça da serpente infernal, para dar um Salvador ao mundo, é uma menina, quase uma criança, é uma humilde Virgem que Ele escolheu, à qual, entretanto, comunicou Ele sua força. Ela foi a única que venceu completamente o Inferno e a morte do pecado; [...] só Ela veio em auxilio do Todo-Poderoso, para consumar a difícil obra de nossa Redenção. [...]
“«Quando surgir o sol, tome cada um as suas armas, e saí com ímpeto», dizia ainda Judith. O verdadeiro Sol nasceu quando o Verbo de Deus se fez homem, [...j iluminando os cegos, inflamando os gélidos, fecundando os estéreis, e dando-se a todos, difundindo-se por todos os lugares. Doravante, iluminados pelos raios desse Sol divino, podemos marchar ao combate. Não temos nada a temer de nossos inimigos, do mundo, do demônio e do pecado, contanto que estejamos com os olhos fielmente abertos a essa luz.
“Os habitantes de Betúlia, seguiram os conselhos de Judith, e quando o sol nasceu, saíram com ímpeto da cidade, como para oferecer batalha às tropas de Holofernes. Os oficiais do general inimigo correram à sua tenda para receber ordens. Porém só encontraram seu cadáver e disseram: «Uma mulher do povo Hebreu pôs em confusão a casa de Nabucodonosor» (Jud. XIV, 16).

“A casa de Nabucodonosor, Rei da Babilônia, é a casa de Satanás. Nabucodonosor era poderoso e ninguém ousava resistir aos seus exércitos vitoriosos. Maria veio e trouxe a confusão e a desordem para esse império. Ela confundiu o orgulho de Satanás, por sua humildade; a diabólica astúcia, por sua sabedoria; enfim, todos os vícios daquele, por todas as suas virtudes” 1
1) JOURDAIN, Z.-C. Somme des Grandeurs de Marie. Paris: Hippolyte Waizer, 1900. Vol. I. p. 547-549; 550-551; 553-554.
Continua